Fanfic: Toda Sua - Vondy - (adaptada) | Tema: Vondy
Nova York era a cidade que nunca dormia; não sentia nem sono. Meu apartamento no Upper West Side tinha o nível de isolamento acústico esperado para um empreendimento de
altíssimo padrão, mas mesmo assim o barulho do lado de fora
entrava pelas janelas — o passar ritmado dos pneus sobre o asfalto
gasto, os freios com anos de uso, as buzinas incessantes dos táxis.
Quando saí do café de esquina para a sempre movimentada
Broadway, o burburinho da cidade tomou conta de mim. Como
conseguiria viver sem a cacofonia de Manhattan?
Como conseguiria viver sem ele?
Christopher Uckermann .
Segurei seu rosto e senti a receptividade ao meu toque. Essa
demonstração de carinho e vulnerabilidade me deixou tocada.
Algumas horas antes, cheguei a pensar que Christopher nunca mudaria,
que eu precisaria ceder demais para compartilhar minha vida com
ele. Pouco tempo mais tarde, admirava sua coragem, e duvidava da
minha.
Estava exigindo mais dele do que de mim mesma?
Fiquei envergonhada com a
possibilidade de tê-lo pressionado tanto para mudar enquanto
eu continuava obstinadamente a mesma.
Ele estava diante de mim, alto e forte como sempre. De calça
jeans, camiseta e um boné de beisebol enfiado na cabeça, muito
diferente do multibilionário que o mundo imaginava conhecer, mas
ainda tão poderoso que afetava todos por quem passava. Com o
canto dos olhos, notei como as pessoas ao redor reparavam nele,
sempre parando para uma segunda olhada.
Fosse com os ternos de três peças de sua preferência ou com
roupas casuais, o corpo longilíneo e musculoso de Christopher era
inconfundível. A maneira como se movia e a autoridade que
emanava de seu autocontrole impecável tornavam impossível para
ele se misturar à multidão.
Nova York engolia tudo o que surgia em suas ruas, mas
Christopher controlava a cidade com rédea curta.
E ele era meu. Mesmo com a aliança em seu dedo, às vezes eu
ainda não conseguia acreditar nisso.
Christopher jamais seria um homem como outro qualquer. Era a
ferocidade disfarçada de elegância, a perfeição escondida entre
falhas.
Era o que dava sentido ao meu mundo, e ao mundo em si.
Mesmo assim, tinha me mostrado que cederia até o limite do
suportável por mim.
Isso me deu determinação para provar que merecia o
sofrimento que o obriguei a encarar.
Ao nosso redor, o comércio da Broadway começava a abrir. O
trânsito na rua começou a ficar mais pesado, com os carros pretos
e os táxis amarelos sacolejando sobre a superfície irregular. Os
moradores saíam, levando o cachorro para passear ou se dirigindo
ao Central Park para uma corrida matinal, aproveitando o pouco
tempo que tinham antes de mais um dia de trabalho começar a
todo vapor.
A Mercedes estacionou bem quando nos aproximamos, e pude
ver a silhueta vultosa de Raúl ao volante. Angus parou o Bentley
logo atrás. Os carros levariam cada um de nós para a própria casa.
Como era possível considerar aquilo um casamento?
Mas nosso casamento era assim, apesar de não ser essa a
vontade de nenhum dos dois. Tive que impor um limite quando
Christopher contratou meu chefe para tirá-lo da agência em que eu
trabalhava.
Entendia o desejo do meu marido de que eu me juntasse a ele
nas Indústrias Uckermann , mas tentar me forçar a isso agindo pelas
minhas costas… Isso eu não podia permitir, não com um homem
como Christopher. Ou estávamos juntos de verdade — tomando todas
as decisões juntos —, ou nosso relacionamento não ia funcionar.
Ergui a cabeça e olhei para seu rosto deslumbrante. Seu
remorso era bem claro, assim como seu alívio. E seu amor. Muito
amor.
Ele era tão lindo que me deixava sem fôlego.
Seus olhos eram azuis como o mar caribenho, seus cabelos
eram grossos e pretos, chegando até o pescoço. Os ângulos de seu
rosto foram esculpidos à perfeição, algo que me deixava
maravilhada e quase incapaz de pensar racionalmente. Fiquei
impressionadíssima com sua beleza desde a primeira vez que o vi,
e de tempos em tempos ainda me surpreendia em momentos de
admiração febril. Christopher me deixava boquiaberta.
Mas o que mais me encantava era quem ele era por dentro,
sua força interior, sua energia incessante, sua inteligência afiada,
sua determinação implacável e seu coração…
-Obrigada. - Meus dedos percorreram suas sobrancelhas
grossas e escuras, que sempre se moviam quando eu tocava sua
pele. - Por ter me ligado. Por ter me contado sobre seu sonho.
Por vir me encontrar aqui.
- Eu iria a qualquer lugar para ver você.-
Ditas com fervor e determinação, essas palavras soaram como
uma promessa.
Todo mundo tem seus demônios. Os de Christopher estavam
escondidos sob seu autocontrole implacável, mas quando dormia
eles o atormentavam em pesadelos violentos e assustadores que
não queria compartilhar comigo. Tínhamos muito em comum, mas
o abuso que havíamos sofrido na infância era um trauma que nos
aproximava e nos afastava ao mesmo tempo. Isso me fez querer
lutar ainda mais por Christopher e o que tínhamos juntos.
Nossos abusadores já haviam tirado coisas demais de nós.
-Dulce… A sua vontade é a única coisa neste mundo capaz de me
manter distante.-
-Obrigada por isso também-, murmurei com um aperto no
coração. Nossa separação recente tinha sido dura para nós dois.
-Sei que não é fácil para você me dar tanto espaço, mas precisamos
disso. Também sei que exigi muito de você…-
-Demais.-
Minha boca se curvou ao ouvir um sinal de irritação na voz
dele. Christopher não estava acostumado a não conseguir o que queria.
-Eu sei. E você respeitou isso, porque me ama.-
Mas, apesar de Christopher ter odiado ser privado de mim,
estávamos juntos agora porque aquilo o tinha mudado
positivamente.
-Sinto muito mais que amor por você.- Ele segurou meus
pulsos, apertando-me de um jeito autoritário que me fez ceder.
Balancei a cabeça, sem medo de admitir que precisávamos um
do outro de um jeito que a maioria das pessoas não consideraria
saudável.
Mas nosso relacionamento era assim. E era muito importante
para mim.
-Vamos no mesmo carro para o consultório do dr. Petersen.-
Seu tom ao dizer essas palavras foi de ordem, mas seus olhos
inquisitivos em mim faziam com que parecesse uma pergunta.
-Como você é mandão-, brinquei, querendo que nossa
despedida se desse em um clima leve, de esperança. Nossa sessão
de terapia semanal com o dr. Petersen era dali a algumas
horas, e não poderia vir em um momento melhor. Tínhamos feito
bastante progresso. Seria bom receber orientação quanto aos
próximos passos.
Ele enlaçou minha cintura com os braços.
-Te amo.-
Segurei a bainha de sua camiseta, agarrando-me ao tecido
macio. -Também te amo.-
-Dulce.- Senti seu hálito quente no meu pescoço. Manhattan
pulsava ao nosso redor, mas sem provocar nenhuma distração.
Quando estávamos juntos, nada mais importava.
Deixei um ruído grave de desejo escapar, e meu corpo, que
tanto queria Christopher pressionado contra mim, estremeceu. Inspirei
profundamente para sentir seu cheiro, acariciando os músculos
firmes de suas costas.
A sensação que me invadiu foi de perder a cabeça. Eu estava
viciada nele — de corpo, alma e coração — e havia passado vários
dias sem uma dose, o que me deixou abalada, desequilibrada,
incapaz de funcionar plenamente.
Christopher me envolveu com seu corpo muito maior e mais forte
que o meu. Eu me senti segura em seu abraço, querida e protegida.
Nada seria capaz de me magoar ou me atingir enquanto
estivesse nos braços dele. Queria que Christopher sentisse essa mesma
sensação de segurança comigo. Precisava que soubesse que podia
baixar a guarda e respirar um pouco, que eu nos protegeria.
Eu precisava ser mais forte. Mais esperta.
Mais intimidadora. Tínhamos inimigos, e Christopher estava
lidando com eles sozinho. Era de sua natureza ser protetor, e esse
era um dos traços de sua personalidade que eu mais admirava. Mas
eu precisava mostrar a todos que eu era uma adversária tão
temível quanto meu marido.
Acima de tudo, precisava mostrar isso a Christopher.
Senti seu calor, ainda agarrada nele. Seu amor. -Vejo você às
cinco, garotão.-
-Nem um minuto a mais-, ele ordenou com um tom bem
sério.
Dei uma risadinha, encantada com seu lado durão. -Senão…?-
Ele se inclinou para trás e me lançou um olhar sério antes de
dizer: -Vou buscar você-.
Eu devia ter entrado na ponta dos pés na cobertura do meu
padrasto, prendendo a respiração, já que pela hora — pouco depois
das seis da manhã — a possibilidade de ser pega era grande. Mas
entrei dando passos determinados, com os pensamentos voltados
para as mudanças que precisaria promover.
Havia tempo para tomar um banho — e nada além disso —,
mas eu não queria. Fazia tempo demais que Christopher não me tocava.
Tempo demais que não sentia suas mãos em mim, seu corpo
dentro do meu. Não queria tirar os resquícios de seu toque. Aquilo
me daria forças para o que estava por vir.
Um abajur se acendeu sobre uma mesinha.
-Dulce.-
-Minha nossa!-, eu disse, assustada.
Quando me virei, dei de cara com minha mãe sentada em um
dos sofás da sala de estar.
-Você me deu um baita susto!-, acusei, levando a mão ao
coração disparado.
Ela ficou em pé, com um robe de cetim que chegava até o
chão envolvendo suas pernas tonificadas e ligeiramente bronzeadas.
Eu era sua única filha, e nós parecíamos irmãs.
Blanca Saviñon Barker Mitchell Stanton era obcecada pela
aparência. A beleza jovial era seu grande trunfo para manter seu
histórico de casamentos com homens ricos.
-Antes que você comece-, aviso, -sim, precisamos falar sobre
o casamento. Mas preciso me arrumar e pegar minhas coisas para
poder voltar para casa hoje…-
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Autor(a): xX Paty Xx
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1149
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lovejelena Postado em 15/10/2017 - 01:46:11
finalmente a dulce contou pra sua mãe sobre o casamento secreto dela e do chris. Continua.
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lovejelena Postado em 23/09/2017 - 17:06:27
que bom q vc voltou. Posta mais.
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sahprado_ Postado em 21/09/2017 - 16:58:50
Obaaa posta mais!
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lovejelena Postado em 07/08/2017 - 00:43:00
Continua :(
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lovejelena Postado em 24/06/2017 - 16:47:47
que bom que vc voltou
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sahprado_ Postado em 19/06/2017 - 11:10:42
Jesus coroado eu não tô bem. Posta maiss!!!
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lovejelena Postado em 26/05/2017 - 22:51:35
continua por favor
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lovejelena Postado em 14/03/2017 - 17:55:31
cadê você?
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lovejelena Postado em 11/02/2017 - 17:30:21
Eita porra. Continua.
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lovejelena Postado em 29/01/2017 - 18:51:31
Continua