Fanfics Brasil - 71 Toda Sua - Vondy - (adaptada)

Fanfic: Toda Sua - Vondy - (adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: 71

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Peguei sua mão e beijei seus dedos, depois a segurei junto ao meu colo.


—Mesmo sendo novinha, ela conseguiu fisgar um milionário. Era um viúvo com um filho só dois anos mais velho que eu, então acho que todos pensaram que o casamento seria muito conveniente para ambas as partes. Ele viajava muito e quase não parava em casa. Minha mãe poderia gastar o dinheiro dele à vontade e em troca assumiria a criação do garoto.


 —Eu entendo essa necessidade de ter dinheiro, Dulce—, ele murmurou. —É uma coisa que eu também tenho. O poder que ele traz. A segurança.


 Nossos olhares se encontraram. Alguma coisa se fortaleceu entre nós naquele momento de sinceridade. Isso tornou mais fácil para mim continuar a história.


 —Eu tinha dez anos quando o filho do meu padrasto me estuprou pela primeira vez...


 A haste da taça dele se partiu em sua mão. Ele ainda teve o reflexo de apanhar o bojo caído sobre sua perna antes que o conteúdo se derramasse.


 Eu me levantei às pressas quando vi que ele fez o mesmo.


—Você se cortou? Está tudo bem?


 —Estou bem—, ele disse entre os dentes. Depois foi até a cozinha e jogou a taça quebrada no lixo, acabando de estilhaçá-la. Coloquei minha taça sobre a mesa com cuidado, com as mãos trêmulas. Ouvi os armários da cozinha abrindo e fechando. Minutos depois, Christopher voltou, trazendo um copo com uma bebida mais escura nas mãos.


 —Sente-se, Dulce.


 Olhei para ele. Estava tenso, com os olhos gelados. Ele acariciou meu rosto e falou num tom mais suave:


—Sente-se... por favor.


 Minhas pernas bambas cederam, e eu me sentei na beirada do sofá, apertando bem o robe contra o corpo.


 Christopher permaneceu de pé, dando um grande gole em sua bebida.


—Você disse que essa foi a primeira vez. Houve mais quantas?


 Respirei bem fundo, lutando para me acalmar.


 —Não sei. Perdi a conta.


 —Você contou para alguém? Contou para sua mãe?


 —Não. Pelo amor de Deus, se ela soubesse, teria me tirado de lá. Mas Pablo fez de tudo para me deixar apavorada, de modo que não tocasse no assunto.— Tentei engolir, mas minha garganta estava rígida, fechada, e a queimação que sentia fez com que eu me encolhesse toda. Quando voltei a falar, minha voz não passava de um sussurro. —Teve uma época em que a coisa ficou tão feia que eu quase contei mesmo assim, mas ele percebeu. Notou que eu estava prestes a abrir a boca. Foi quando quebrou o pescoço da minha gata e deixou o cadáver na minha cama.


 —Minha nossa.— Christopher estava ofegante. —Ele não era só um tarado, era totalmente maluco. E estava molestando você... Dulce.


 —Os empregados da casa deviam saber—, continuei, de cabeça baixa, olhando para minhas mãos contorcidas. Eu só queria acabar logo com aquilo e fazer as lembranças voltarem para um compartimento da minha mente no qual elas não atrapalhassem minha vida no dia a dia. —Como não disseram nada, acho que também tinham motivos pra ter medo. Eles eram adultos e não abriram a boca. Eu era uma criança. O que eu poderia fazer se os adultos não faziam nada?


 —Como você saiu dessa?—, ele perguntou com a voz rouca. —Quando isso terminou?


 —Quando eu tinha catorze anos. Pensei que estava menstruando, mas era sangue demais. Minha mãe entrou em pânico e me levou ao pronto-socorro. Tinha sido um aborto espontâneo. Durante o exame encontraram sinais de... outros traumas. Cicatrizes vaginais e anais...


 Christopher pôs seu copo na mesa, batendo-o com força contra a madeira.


 —Sinto muito—, sussurrei, sentindo um nó no estômago. —Eu não queria entrar em detalhes, mas você precisa saber o que as pessoas podem descobrir se pesquisarem. O hospital fez uma denúncia ao conselho tutelar. Os arquivos do processo são confidenciais, mas muita gente conhece a história. Quando minha mãe se casou com o Stanton, ele fez questão de reforçar essa confidencialidade, ofereceu dinheiro em troca de acordos de sigilo... coisas do tipo. Mas você tem o direito de saber que essa coisa toda pode vir à tona e fazer você passar vergonha.


 —Vergonha?—, ele explodiu, remoendo-se de raiva. —O que estou sentindo agora não tem nada a ver com vergonha.


 —Christopher...


 —Eu destruiria a carreira do repórter que escrevesse sobre isso, depois fecharia o veículo que publicasse.— Ele estava furioso, mas demonstrava uma frieza glacial. —Vou encontrar o monstro que fez isso com você, Dulce, quem quer que seja ele, e fazer com que se arrependa de ter nascido.


 Estremeci inteira, porque acreditava nele. Estava estampado em seu rosto. Marcado no seu tom de voz. Na energia que ele exalava e na sua determinação absoluta. Ele não era um loiro perigoso só por causa do visual. Christopher era um homem que conseguia o que queria. A qualquer preço.


 Eu me levantei.


—Não vale a pena gastar tempo e esforço com ele.


 —Por você, vale. E muito. O que for preciso.


 Cheguei mais perto da lareira e senti o calor do fogo. —E tem também o rastro deixado pelo dinheiro. Os policiais e os jornalistas sempre vão atrás do dinheiro. Alguém pode se perguntar por que minha mãe saiu do primeiro casamento com dois milhões de dólares e sua filha de outro relacionamento saiu com cinco.


 Não precisei nem olhar para ele para saber que estava paralisado.


—Obviamente—, continuei, —essa quantia deve ser muito maior hoje em dia. Não sei nem quero saber o total, mas quem administra esse dinheiro é Stanton, e todo mundo sabe que ele tem o toque de Midas. Portando, se alguma vez você desconfiou que eu poderia estar atrás do seu dinheiro...


 —Pode parar por aí.


 Eu me virei para encará-lo. Vi seu rosto, seus olhos. Vi que estava horrorizado, e que sentia pena de mim. Mas foi o que não vi que mais me magoou.


 Meu maior pesadelo tinha se materializado. O que eu mais temia é que meu passado tivesse um impacto negativo na atração que ele sentia por mim. Eu havia dito para Christian que Christopher poderia querer ficar comigo pelos motivos errados. Que ele poderia ficar ao meu lado, mas mesmo assim — para todos os efeitos — seria como se eu o tivesse perdido.  Era exatamente o que parecia ter acontecido. 



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Autor(a): xX Paty Xx

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Apertei ainda mais o laço do meu robe. —Vou me trocar e já estou indo.  —Quê?— Christopher pareceu despertar. —Indo aonde?  —Pra casa—, eu disse, sentindo-me exausta. —Acho que você precisa de tempo pra digerir tudo isso.  Ele cruzou os braços. —Podemos fazer isso juntos. &n ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1149



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  • lovejelena Postado em 15/10/2017 - 01:46:11

    finalmente a dulce contou pra sua mãe sobre o casamento secreto dela e do chris. Continua.

  • lovejelena Postado em 23/09/2017 - 17:06:27

    que bom q vc voltou. Posta mais.

  • sahprado_ Postado em 21/09/2017 - 16:58:50

    Obaaa posta mais!

  • lovejelena Postado em 07/08/2017 - 00:43:00

    Continua :(

  • lovejelena Postado em 24/06/2017 - 16:47:47

    que bom que vc voltou

  • sahprado_ Postado em 19/06/2017 - 11:10:42

    Jesus coroado eu não tô bem. Posta maiss!!!

  • lovejelena Postado em 26/05/2017 - 22:51:35

    continua por favor

  • lovejelena Postado em 14/03/2017 - 17:55:31

    cadê você?

  • lovejelena Postado em 11/02/2017 - 17:30:21

    Eita porra. Continua.

  • lovejelena Postado em 29/01/2017 - 18:51:31

    Continua


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