Fanfic: Toda Sua - Vondy - (adaptada) | Tema: Vondy
Retirada subitamente de meu sofrimento solitário, franzi a testa e perguntei:
—O que foi que eu fiz agora?
O fato de eu ter um celular novo, independentemente de como ela pudesse ter descoberto, não seria um gatilho para tamanho drama. E ainda era cedo demais para ela saber que eu tinha brigado com Christopher.
—Você contou para Uckermann sobre... sobre o que aconteceu.— Seu lábio inferior começou a tremer.
Aquilo foi um tremendo choque para mim. Como é que ela sabia? Meu Deus... Será que ela tinha grampeado minha casa? Minha bolsa...?
—Quê?
—Não se faça de boba!
—Como é que você sabe?— Minha voz saiu em um sussurro. —Conversamos sobre isso ontem à noite.
—Ele foi falar a respeito com Richard.
Tentei imaginar a cara de Stanton durante uma conversa como essa. Era impossível acreditar que meu padrasto tenha digerido bem a informação.
—Por que ele faria isso?
—Ele queria saber o que foi feito para evitar que a história vazasse. E queria saber por onde anda Pablo...— Ela soluçou. —Queria saber de tudo.
Bufei por entre os dentes. Não estava certa de quais eram as motivações de Christopher, mas a possibilidade de ele ter terminado comigo por causa de Pablo e agora estar fazendo de tudo para se poupar de um escândalo me magoava mais do que qualquer outra coisa.
Contorci-me de dor, dobrando a coluna para longe do encosto do assento. Pensei que o passado dele tinha criado um atrito entre nós, mas fazia mais sentido imaginar que tudo aquilo havia sido causado pelo meu.
Pela primeira vez na vida agradeci o fato de minha mãe ser tão egocêntrica. Foi isso que a impediu de ver que eu estava arrasada.
—Ele tinha o direito de saber—, consegui dizer com uma voz tão rouca que nem parecia a minha. —E ele tem o direito de tentar se proteger de eventuais respingos em sua imagem.
—Você nunca contou nada para nenhum outro namorado.
—Eu nunca tinha namorado ninguém que por qualquer motivo banal já aparece em todas as manchetes de jornal.— Olhei pela janela do carro, para o engarrafamento em que estávamos presas. —Christopher e as Indústrias Uckermann são conhecidos mundialmente, mãe. Ele está a anos-luz dos caras que namorei na faculdade.
Ela ainda disse mais algumas coisas, mas não escutei. Fechei-me em mim mesma para me proteger, para me desligar de uma realidade que de uma hora para outra se tornara difícil demais de suportar.
O consultório do dr. Petersen era exatamente como eu me lembrava. Decorado com cores neutras, era ao mesmo tempo profissional e aconchegante. Ele era assim também — um homem bonito com cabelos grisalhos e olhos azuis inteligentes e compreensivos.
O dr. Petersen nos deu as boas-vindas com um sorriso no rosto, comentando sobre a beleza de minha mãe e sobre como éramos parecidas. Disse que estava feliz em me ver de novo e que eu parecia estar muito bem, mas deu para perceber que só falou isso para agradar a minha mãe. Ele era um observador experiente demais para deixar de notar os sentimentos que eu estava reprimindo.
—Então—, o dr. Petersen começou, acomodando-se na poltrona diante do sofá em que eu e minha mãe tínhamos nos sentado. —O que traz vocês aqui hoje?
Eu contei a ele que minha mãe vinha rastreando meus movimentos através do sinal do celular, e que isso fez com que eu me sentisse violada. Minha mãe falou do meu interesse por krav maga, e expressou que isso era um sinal de que eu não estava me sentindo segura. Contei que ela e Stanton haviam praticamente comprado a academia de Alfonso, o que fazia com que eu me sentisse sufocada e claustrofóbica. Ela falou que eu tinha traído sua confiança ao confiar assuntos personalíssimos a estranhos, o que a fez se sentir sem defesas e dolorosamente exposta.
Durante esse tempo todo, Petersen ouviu com atenção, tomou notas e falou bem pouco até que tivéssemos desabafado.
Quando ficamos em silêncio, ele perguntou:
—Blanca, por que não me falou nada sobre ter rastreado o telefone de Dulce?
O ângulo de seu queixo se alterou, uma postura de defesa que eu conhecia muito bem.
—Não vejo nada de errado nisso. Muitos outros pais rastreiam os filhos através do celular.
—Filhos menores de idade—, rebati. —Sou adulta. A minha vida pessoal só diz respeito a mim.
—Caso você se pusesse no lugar dela, Blanca—, questionou o dr. Petersen, —é possível que se sentisse da mesma forma? E se você descobrisse que alguém anda monitorando seus passos sem seu conhecimento e sua permissão?
—Se esse alguém fosse minha mãe e isso garantisse sua paz de espírito, eu não me importaria—, ela argumentou.
—E você já parou para pensar nos efeitos de suas atitudes sobre a paz de espírito da Dulce?—, ele perguntou educadamente. —Sua vontade de proteger sua filha é compreensível, mas você deveria discutir abertamente com ela as medidas que vai tomar para isso. É importante ouvir o ponto de vista de Dulce — e esperar cooperação apenas quando for vontade dela. É preciso respeitar sua prerrogativa de estabelecer limites que não são tão amplos como você gostaria.
Minha mãe bufou, indignada.
—Dulce precisa ter o espaço dela, Blanca—, ele continuou, —e sentir que é ela quem controla sua própria vida. Tudo isso foi tirado dela por um bom tempo, e precisamos respeitar seu direito de se restabelecer da maneira como achar melhor.
—Ah.— Minha mãe torceu o lenço entre os dedos. —Não tinha pensado nisso sob esse ponto de vista.
Segurei a mão dela quando seu lábio inferior começou a tremer violentamente.
—Nada seria capaz de me convencer a não falar com Christopher sobre meu passado. Mas eu poderia ter avisado você antes. Desculpe por não ter pensado nisso.
—Você é muito mais forte do que eu—, ela disse, —mas não consigo deixar de me preocupar.
—Minha sugestão—, aconselhou o dr. Petersen, —é que você reflita sobre quais tipos de eventos e situações mais lhe causam ansiedade, Blanca. Depois disso, registre tudo por escrito.
Minha mãe concordou com a cabeça.
—Quando tiver uma lista mais ou menos definida, não precisa ser nada muito detalhado, vocês podem sentar para conversar e encontrar soluções para essas preocupações — atitudes com as quais ambas concordem. Por exemplo, se ficar sem notícias da Dulce por mais de um dia incomoda você, talvez uma mensagem de texto no celular ou um e-mail seja uma forma menos invasiva de lidar com isso.
—Certo.
—Se vocês quiserem, podemos discutir a lista juntos.
Essa interação entre os dois quase me fez surtar. Era praticamente um insulto. Eu não esperava que o dr. Petersen pusesse juízo à força na cabeça da minha mãe, mas esperava que ele fosse um pouquinho mais duro — alguém precisava fazer isso, alguém cuja autoridade ela respeitasse.
Autor(a): xX Paty Xx
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Quando a sessão terminou e estávamos de saída, pedi para minha mãe esperar um pouco para que eu pudesse fazer uma última pergunta ao dr. Petersen em particular. —Sim, Dulce?— Ele estava de pé na minha frente, aparentando sabedoria e paciência infinitas. —Eu andei pensando sobre uma coisa...&mdash ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1149
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lovejelena Postado em 15/10/2017 - 01:46:11
finalmente a dulce contou pra sua mãe sobre o casamento secreto dela e do chris. Continua.
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lovejelena Postado em 23/09/2017 - 17:06:27
que bom q vc voltou. Posta mais.
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sahprado_ Postado em 21/09/2017 - 16:58:50
Obaaa posta mais!
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lovejelena Postado em 07/08/2017 - 00:43:00
Continua :(
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lovejelena Postado em 24/06/2017 - 16:47:47
que bom que vc voltou
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sahprado_ Postado em 19/06/2017 - 11:10:42
Jesus coroado eu não tô bem. Posta maiss!!!
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lovejelena Postado em 26/05/2017 - 22:51:35
continua por favor
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lovejelena Postado em 14/03/2017 - 17:55:31
cadê você?
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lovejelena Postado em 11/02/2017 - 17:30:21
Eita porra. Continua.
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lovejelena Postado em 29/01/2017 - 18:51:31
Continua