Fanfic: Bad Revenge | Tema: Vingança

Passados alguns meses, tudo estava indo tão bem que as más lembranças tinham sido deixadas de lado e eu posso dizer que posso dizer que a vida estava se mostrando bastante doce. Mas um sopro do destino atravessou o oceano e me trouxe ventos de tempestade.

Minha vida escolar estava ótima, minha relação meus pais também. Mamãe se organizou para me fazer visitas trimestrais, papai, embora ausente se desdobrava ao máximo para me dar atenção, ainda que eu estivesse sempre dizendo que aquilo não era mais necessário, uma vez que eu já não era mais uma criança. Apesar de tudo isso, Deus resolveu colocar minha força e a minha relação com meus amigos à prova.

Era de conhecimento geral que todos, Michael, Lea, Bob, Sunju e Victor tinham se mudado com seus pais por motivos de trabalho, mas nunca foi esclarecido a eles o porquê de eu ter me mudado, uma vez que meu pai já morava na Inglaterra há tanto tempo e eu vivia muito bem com a minha mãe.

Em uma das nossas noites de pijama, aquilo que eu vinha tentando sufocar e apagar da minha memória, voltou pra me assombrar.

Após assistirmos ao filme inferno de Dante, a cena em que o casal morre dentro de uma fonte termal que era aquecida pelo vulcão, até então, inativo, deve ter apertado o botão de ligar memória.

Fiquei aflita na hora em que a cena estava passando. A cena não era forte o bastante pra ter causado tamanho choque em alguém "comum", mas aquilo me deixou transtornada. Caíam lágrimas dos meus olhos, como se fosse uma cachoeira. Meu corpo ficou rígido, olhos arregalados e as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Tentei abafar os soluços levando a mão à boca, mas as lembranças daquele dia passavam como um slideshow pela minha cabeça. A água quente caindo sobre meu rosto, as risadas, meu sofrimento enquanto a minha pele queimava, as marcas que ficaram em seguida e,por fim, Matt...

Corri em direção ao banheiro, deixando meus amigos na sala de filmes, sem entender o que tinha sido aquilo.

Pouco tempo depois ouço batidas na porta do banheiro.

- Cloe, você está bem? Michael, perguntou, preocupado.

- Eu estou b... Tentei dizer, mas falhei por causa de um soluço que atravessou minha garganta.

- Cloe, eu posso entrar? Eu pude perceber a preocupação na voz dele.

Eu dei um grande suspiro e tentei, inutilmente secar as lágrimas do meu rosto com as costas das minhas mãos.

Sentada de costas para a porta, ergui o braço e destranquei a porta, me distanciando um pouco da porta pra que ele pudesse entrar. Não queria preocupá-lo, não queria preocupar nenhum deles, por isso cedi.

Michael entrou e se sentou ao meu lado. Não conseguia olhar pra ele, então fiquei encarando as minhas mão, que estavam apoiadas nos meus joelhos levantados.

Ele parecia perdido, como se buscasse as palavras certas. Eu respirei fundo, tomei ar e tentei contornar a situação.

- Eu estou bem. Minha voz agora soava mais controlada, eu estava recuperando meu equilíbrio.

Michael sempre foi um amigo muito cuidadoso conosco, especialmente comigo. Sua distância que era ao mesmo tempo proximidade, me fazia gostar mais dele. Ele sabia respeitar meus momentos de solidão, meus silêncios. Era como se ele pudesse ver através dos meus olhos. E naquele momento não foi diferente.

Ele olhou pra mim e me puxou pra um abraço. Fiquei ali, em seu colo, com a cabeça encostada em se peito, enquanto ele passava sua mão pelos meus cabelos. Era como se ele pudesse sentir o que eu sentia.

Meu choro cessou, minha respiração normalizou, mas estar com era tão reconfortante, que por um momento eu quis ficar ali pra sempre.

 Eu ergui a cabeça para olhar o rosto do Michael e nossos olhares se encontraram. Seus olhos eram de um azul turqueza profundo, como o oceano.Nós nos encaramos e ele levou sua mão até a minha bochecha, enxugando uma lágrima que ainda rolava perdida e solitária pelo meu rosto.

- Você sabe que nós te amamos, não é? Que eu te amo! Você pode contar comigo pra tudo, qualquer coisa. Eu sempre estarei aqui por você. Michael disse isso enquanto me mantinha em seu colo e alisava meu cabelo.

Afundei meu rosto ems eu ombro e o apertei em um abraço. Quem diria que um alemão poderia ser tudo isso?

- Eu sei. Obrigada e... Também amo você.

Ele se levantou me levando com ele, então segurou a minha mão, entrelaçando nossos dedos e me nos guiou até a cozinha. Chegando lá, tomamos os assentos do balcão e tomamos sorvete. Não demorou muito tempo para que o restante da tropa aparecesse lá.  E todos agiram como se nada tivesse acontecido.

Mesmo com todas as risada, as conversas e o sorvete, não pude deixar de pensar no que me aconteceu. Isso pra não falar no Matt, com quem eu não tive qualquer contato desde a nossa despedida.

"Como ele estará? Será que ele ainda pensa em mim?" Milhares de perguntas dessa natureza assolaram a minha cabeça... Comecei a prever tempos difíceis.