Fanfic: Bad Revenge | Tema: Vingança

Todo carinho que recebi depois da revelação que fiz aos meus amigos parecia estar me reconfortando e curando as minhas feridas.

Michael e eu estávamos cada vez mais próximos, passamos a andar sempre juntos, independentemente de estarmos com o restante do grupo ou não. Papai, nas poucas vezes em que estava em casa, percebendo a ausência dele, aproveitava o momento para fazer piadas.

– Onde está o meu genro? Por que ele não ficou para o almoço? Papai perguntava, bem humorado.

– Papai, eu já disse que somos apenas amigos.

– Sua mãe e eu também dizíamos isso quando ainda não tínhamos oficializado nosso namoro.Depois de dizer isso, ele caía na risada.

Eu fazia beicinho e cruzava os braços, enquanto esperava cessar acesso de riso.

– Oh, meu bem. Eu sei, estava apenas brincando.

Ele, então, me puxava para um abraço e beijava o topo da minha cabeça.

Quando a minha chateação estava perto de passar, ele estragava tudo.

– Mas eu aprovo!

Eu fazia careta e o empurrava para longe, fugindo de seu abraço.

Terminado o tempo das piadas internas, chegou o tempo de todos começarem a falar sobre o assunto.

Sunju não era de fazer piadas, mas em um de nossos passeios ao café próximo da casa dela, fui questionada, por ela, sobre o assunto.

– Cloe, você já me disse que não existe nada entre vocês, mas... Eu realmente acho que ele gosta de você.

– Hum.. Eu disse, enquanto experimentava mentalmente essa possibilidade.

A verdade é que, mesmo que eu não pensasse nisso o todo o tempo, eu não conseguia esquecer o Matt, menos ainda a promessa que eu fiz de nunca esquecê-lo. A imagem do Michael e de mim juntos soava, para mim, como uma traição. Sempre fui adepta da máxima; "Antes não voltar para casa que voltar com uma promessa quebrada". Sempre levei promessas muito a sério. Eu queria crer que ainda existiam pessoas em quem se podia confiar... Talvez isso não faça sentido e, hoje, quando eu reavalio a situação, eu sei que não faz realmente, mas, na época, me parecia ser a coisa certa a ser feita.

– Cloe, Cloeee, Clooee! Sunju me balançou, arrancando-me de meus pensamentos.

– Desculpe Sunju.. É só que.. Eu não consigo me imaginar com o Michael... Eu quero dizer... Você entende?

– Não, eu não entendo. Sua voz soou repreensiva. Ele é inteligente, carinhoso, se preocupa com você. Não consigo enxergar uma justificativa, por menor que seja para isso. Ele é, simplesmente, PERFEITO! Ela mudou seu tom repreensivo para algo mais doce e divertido, enquanto defendia seu ponto de vista, seus olhos piscavam como asas de borboletas.

Sunju parecia um anjinho quando tinha esses acessos de fofura. Não conseguia sentir raiva dela, mesmo esse assunto sendo tão irritante pra mim.

Nós duas sorrimos e antes que dessemos continuidade ao assunto, meu telefone tocou.

– Cloe, estou tentando ligar pra você há horas! Dava sempre fora da área! Fiquei preocupada! Como você está querida? Estou morrendo de saudades. Fui bombardeada com um interrogatório materno.

Eram tantas as perguntas que não consegui decidir qual deveria responder primeiro.

– Oi, mamãe. Também senti sua falta.

– Querida, tenho um grande novidade! Estou indo visitar você, chegarei em três dias!!!

Por essa eu não esperava. Mamãe tinha se organizado para visitas trimestrais, mas essas visitas não tinham acontecido até então, algum compromisso sempre fazia com que ela adiasse suas vindas para Londres e, uma visita assim inesperada depois de quase um ano sem nos vermos pessoalmente... me pareceu maravilhoso.

– Que ótimo mamãe!! Papai e eu te buscaremos no aeroporto, então. De que horas é o seu voo? Eu estava realmente empolgada com a visita dela, queria lhe apresentar meus novos amigos e mostrar o quanto minha decisão tinha sido acertada. Era ótimo sentir que eu estava, realmente, crescendo e sendo capaz de tomar as melhores decisões para a minha vida.

– Não é preciso, meu anjo. Meu voo é de madrugada, não incomodemos seu pai com isso, ok? Já fiz as reservas no Richmond Hill Hotel, ficarei por duas semanas. Bem, de qualquer maneira, avisarei ao seu pai. Sua avó também virá, mas passará apenas dois dias. Teremos o quarto para nós duas no tempo restante. Preciso ir, agora, tenho uma consulta em 2 minutos. Um beijo! Amo você! Mamãe falou tanto e tão rapidamente que eu duvido que ela tenha aspirado ar uma única vez.

– Também amo você.

Sunju me encarou sem entender o assunto da conversa. Adivinhando seus pensamentos, lhe disse;

– Minha mãe. Ela está vindo me visitar daqui a três dias.

Terminado nosso café, Sunju e eu nos despedimos e segui para casa.Eu mal podia esperar para chegar em casa e arrumar minhas malas. Eu sempre amei os passeios que eu e mamãe fazíamos juntas.

Chegando em casa, encontrei Michael na varanda, sentado na escada. Ele estava inquieto, esfregava as mãos nervosamente e estava bastante concentrado, como se estivesse se preparando para uma entrevista de emprego, ou para uma visita à sala do diretor da escola, por ter cometido algum delito.

– Oi, Mike. Eu lhe dei um sorriso sincero.

– Cloe...

Nossos olhares se cruzaram e ele me fitou por alguns instantes.

Caminhei até a escada e me sentei ao lado dele.

– Você parece nervoso. O que houve? Perguntei.

Seu comportamento estava começando a me deixar preocupada.

– Cloe - ele fez uma breve pausa, escolhendo as palavras - há alguns dias, uma coisa vem me sufocando e...

Dei-lhe um olhar interrogativo, mas não ousei falar nada, não queria interromper.

– Sabe... Todas as piadas, os comentários sobre nós dois... Bem... não estão me fazendo bem.

Meus olhos abriram mais e uma linha de preocupação surgiu na minha testa. Definitivamente, a Sunju estava enganada sobre o fato do Michael gostar de mim. Esse pensamento ecoou na minha cabeça, e quanto mais eu pensava sobre isso, mais a minha preocupação aumentava.

– Eu não estou entendendo, falei-lhe, sugestivamente, para que desse continuidade e me explicasse o que ele realmente queria me dizer.

– Quando eu digo que os comentários sobre nós não estão me fazendo bem eu não me refiro, necessariamente, a eles, mas às suas atitudes quando eles são feitos.

Franzo o cenho e antes que eu falasse, ele continuou:

– Eu gosto de você. Eu quero dizer - ele se deteve por um segundo e deu seguimento - me fere saber que você descarta todas as possibilidades de um dia nós podermos ter alguma coisa, de sermos namorados.

Eu estava perplexa, minha boca se abriu, pensei em um milhão de coisas para dizer, mas todas as ideias fugiram da minha cabeça.

– Você não tem ideia do quanto eu gosto de você.

De ansioso, o humor de Michael passou para triste. Ele se pôs cabisbaixo, encarando seus pés.

Eu não queria magoá-lo, eu tinha consideração por ele, queria que ele fosse feliz e faria qualquer coisa para ver isso acontecer, mas me envolver num relacionamento... Eu não achava que estava pronta.

– Mike, eu... não sei o que dizer.

Os olhos dele se mantiveram em seus pés e o desespero começou a tomar conta de mim. Eu respirei fundo e disse:

– Eu não descarto a possibilidade de um dia ficarmos juntos, eu só... Não estou pronta para um relacionamento, com quem quer que seja. Você seria, sem dúvida, o melhor namorado do mundo, Michael, eu tenho certeza, disso.

– Você é umas das pessoas mais importantes pra mim. Não tenha dúvida. Eu vou pensar, ok? Eu disse com a cabeça encostada na sua e com a boca próxima ao seu ouvido.

Eu me aproximei dele e lhe dei um abraço. Ele virou a cabeça na minha direção e encostamos nossas testas e narizes.

Por fim ele se rendeu e estendeu seus braços para me devolver o abraço, que até então, mantivera-se unilateral.

– Eu preciso ir, em três dias, minha mãe estará aqui, preciso começar a arrumar minhas coisas. Quebrando o silêncio entre nós, me levantei e estendi a mão para que ele se levantasse.

Não falei sobre a conversa que Michael e eu tivemos para ninguém, nem mesmo para Sunju. Durante os três dias de espera pela minha mãe, tudo parecia ter voltado ao normal.

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O período em que mamãe esteve em Londres foi maravilhoso, especialmente a primeira semana, pois estivemos juntas eu, ela e a vovó.

Mamãe conheceu todos os meus amigos e como não podia deixar de ser, ela passou a convidá-los para passear conosco com bastante frequência.

Imagino que meu pai tenha falado algo a respeito do Michael para ela, uma vez que, após três encontros com ele, ela se tornou seu advogado de defesa e não parava de lhe tecer elogios, aos que eu nunca mostrava qualquer posicionamento, nem favoráveis nem contrários.

Mamãe se mostrava contente e despreocupada todo o tempo. Eu posso dizer que ela rejuvenescera 10 anos com toda aquela alegria.

Na véspera de sua partida, marcamos um jantar em família, como costumava acontecer antes do divórcio dos meus pais.

Enquanto papai preparava o jantar, fui para o meu quarto, no intuito de deixá-los a sós, para que conversassem. A verdade é que sempre tive esperanças de que um dia eles se reconciliassem.

Ao contrário do que eu pensei, não ouvi risadas ou conversas descontraídas vindas da cozinha. Meu plano não saiu como o planejado.

Alguns minutos depois, minha mãe apareceu no meu quarto e em vez de me chamar para jantar, entrou, encostou a porta, atravessou o quarto e sentou na cama, ao meu lado, e começou dizendo, calmamente:

– Cloe, eu não sabia se devia tocar nesse assunto com você, mas eu vou me arrepender se não fizer isso.

Eu levantei meus olhos até encontrar os dela e me mantive quieta, assentindo com a cabeça, para qe continuasse.

– Antes de falar o que eu tenho pra falar, eu quero lhe perguntar uma coisa.

– O quê?

– Você contou para o Matt quem fez rum - ela pigarreou - aquilo com você? Sua voz era trêmula, como se algo estivesse sufocando a sua gargante.

– Não. Eu lhe respondi, calmamente. Aquele assunto parecia não me irritar tanto, como costumava fazer.

– Bem, eu não queria fazer um julgamento precipitado, nem estragar a amizade de vocês dois. Você tem tido notícias dele? Vocês ainda mantém contato?

– Não. Minha resposta foi fria, eu não compreendia o que ela estava tentando dizer.

– Hum... Eu não sei como essa notícia lhe afeta, mas... Ele está namorando, agora.

De fato, aquela notícia me chocou um pouco, engoli, dei um pequeno suspiro e retruquei:

– Então? Era isso que você tinha pra me dizer?

– Mais ou menos. O olhar dela era sério, ela estudou meu rosto por um instante como se tentasse prever qual seria a minha reação, eu posso dizer que não apresentei sinais de que daria um "chilique" ou que infartaria, o que a deixou mais confortável para continuar. O Matt está namorando a Sarah, Cloe.

Aquela revelação sim fez o chão desabar sob os meus pés. Fiquei um pouco tonta com a notícia que acabara de ouvir, mas me esforcei para manter os pensamentos alinhados.

Encarei o rosto dela e disse:

– Que sejam felizes, então. O jantar está pronto?

Aquilo, definitivamente, me fez repensar as coisas...

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