Fanfic: Bad Revenge | Tema: Vingança

 Depois que mamãe partiu, levei um tempo pra digerir a notícia que tinha recebido. Sinceramente, achei inacreditável o fato do Matt estar namorando alguém como a Sarah. Eu o julgava inteligente, sensível. Não pude entender como era possível ele não perceber o quanto ela era odiosa, egoísta e perversa. Mas ok. Eu pensei: “Eu posso deixar essa passar, um dia ele vai perceber a vaca que ela é.”

Desde então, foi como se eu tivesse, realmente posto uma pedra em toda essa estória. Não de maneira a enterrar este assunto para sempre, mas de forma que eu pude, finalmente, relaxar e me permitir entregar à nova vida que eu estava construindo.

Quanto ao Michael, livre da culpa de uma “suposta traição”, eu resolvi me dar uma chance de ser feliz com alguém que valia à pena. Mas não antes de deixar tudo cristalino como água.

Convidei o Michael para conversar e contei-lhe tudo, em todos os pormenores, não ocultei nada da minha “curta história” com o Matt, se é que se podia chamar o que tivemos de história, mas enfim.

Eu me despi de toda a dor que eu vinha sufocando dentro do meu peito. Se eu queria estar com ele, queria estar nessa relação, inteira.

Falei-lhe sobre o meu choque ao receber a notícia, falei-lhe que descobrir sobre o namoro do Matt com a Sara foi como ter adagas perfurando meu peito,fazendo meu coração sangrar.

Michael, ouviu tudo atentamente sem proferir uma som sequer. Ele me encarava fixamente, minhas palavras o feriam, mas seu olhar não tinha tristeza, rancor ou raiva, nem mesmo era inquisidor. Foi como se ele estivesse tentando provar que estaria ali pra mim, não importava o que acontecesse.

Depois de todas as revelações, de lhe falar sobre meus sentimentos pelo Matt, da dor que eu senti quando soube que ele estava apaixonado pela pessoa que mais me machucou na vida, física e emocionalmente, não sei, eu realmente pensei que ele fosse sair correndo pela porta e me deixaria falando sozinha. Entretanto, ele ficou ali, quieto, ouvindo cada palavra, me fitando com seus lindos olhos azuis.

Por fim, cheguei ao nós:

- Mike, eu te adoro e por isso não posso mentir pra você. Não superei tudo o que aconteceu mas eu quero fazer isso. Você disse que me amava e que queria ficar comigo e estou disposta a tentar.

Ele não disse nada, estava pensativo, embora seus olhos fossem ao encontro dos meus, sua cabeça estava em outro lugar.

- Você me daria uma chance Mike?

Após alguns segundos de silêncio, ele finalmente respondeu:

- Não sei se eu posso fazer você esquecer de tudo isso, Cloe. Também não sei se sou capaz de lidar bem com toda essa situação, as coisas pra nós, se vier a existir de fato um nós, serão muito difíceis e, provavelmente, não teremos um final feliz para sempre, mas eu seria um idiota se não tentasse. Eu não aguentaria olhar pra trás e ver que deixei passar a chance de ser feliz com a mulher que eu amo.

Eu não esperava que ele fosse dizer isso. De fato, achei que receberia um sim, mas isso não me impediu de ficar ansiosa, uma vez que nosso futuro juntos era incerto e com muitas chances, para não dizer todas, de dar errado.

O meu amor pelo Michael era verdadeiro, não chegva a ser um amor apaixonado como Romeu e Julieta ou Tristão e Isolda, era um amor simples, embora não “desimportante”, era sereno, terno. Eu o respeitava e admirava e não tinha dúvidas que ele faria qualquer pessoa feliz, desde que ela não fosse eu e não carregasse toda a mágoa que eu tinha guardada no peito e que com o passar do tempo, embora adormecida, tinha em seu interior uma labareda mantendo-a aquecida. Eu não queria fazê-lo sofrer, eu pensei muito sobre o assunto e estava certa de que queria tentar.

Eu me aproximei do Mike, estendi meus braços ao redor do seu pescoço e o envolvi num abraço. Ficamos mergulhados, submersos nas nossas dúvidas, nossos medos, mas também no nosso amor um pelo outro, no nosso respeito e admiração.

Foi como se a terra tivesse parado de girar e existisse apenas nós dois. Ele me abraçava apertado como se temesse que aquilo fosse fantasia e que em instantes eu desapareceria dali.

O medo ainda estava em meu coração. O medo de magoar meu melhor amigo, de me ferir mais uma vez, de ter tomado a decisão errada... E todos esses pensamentos somados a tantos outros, repletos de lamentações, questionamentos, assolavam a minha cabeça. Na tentativa de fugir deles, apertava o Mike mais e mais forte como se dissesse: “Não me deixe ir embora”.

Ele me conhecia tão bem que não acho impossível que ele pudesse ler meus pensamentos, e se não podia as coincidências eram nossas madrinhas.

Como se soubesse o que estava se passando dentro da minha cabeça Mike disse ao meu ouvido:

- Não vou embora. Nem vou deixar você ir. Eu quero você aqui, comigo. Nós podemos fazer isso dar certo! 

E eu me senti segura de novo...