Fanfic: Bad Revenge | Tema: Vingança

- Acorde, querida. Shhh, foi só um sonho ruim. Minha mãe repetia isso, me puxando para o seu abraço

Estou tonta e suada, minha cabeça dói. Não consegui dizer nada. Só queria viver pra sempre naquele abraço, mesmo que estivesse fazendo doer as minhas queimaduras.

Alguém bate na porta.

- Entre! Minha mãe gritou nervosamente, sem me afastar do seu colo.

- Como está a minha paciente? Ele sorriu carinhosamente. Sou o Dr. Fitz, ele disse esticando a mão direita pra que eu a apertasse.

Eu olhei de soslaio com a cara emburrada, mas não estiquei a minha.

Ele é cego por acaso? Gritei em pensamento. Basta olhar pra mim, estou em carne viva!

Ele retirou a mão e me lançou um sorriso desajeitado.

- Bem, senhora Livera, tenho boas notícias. Sua filha poderá ir pra casa hoje mesmo. Quanto aos ferimentos, embora ela tenha sofrido algumas queimaduras de segundo grau, não há nada que justifique deixá-la presa aqui. Eles podem ser tratados em casa, desde que venham me fazer uma visita uma vez por semana, pelo menos. Vou receitar alguns antibióticos e uma pomada para aliviar o ardor. Aqui está a receita.

- Eu já vou ter que ir pra escola? Eu balbuciei sofregamente enquanto o fitei com um olhar de súplica.

- Não, Cloe, você está dispensada por 3 semanas. Eu aconselhei sua mãe a leva-la a um analista para conversar sobre o ocorrido, antes de você voltar à escola. Creio que lhe fará bem.

Menos mal, eu pensei. Repentinamente a raiva e o ódio brotaram no meu coração. Quem precisa de analista são aquelas loucas, eu gritei no meu pensamento. Senti minhas bochechas arderem. Me contive para não sair aos gritos com um fósforo numa mão e a gasolina na outra. Sim, eu queria queimar as três, uma de cada vez, e assistir ao sofrimento delas, como fizeram com o meu.

- Vou deixa-las para que arrumem suas coisas. Senhora Livera, Cloe, com licença.

- Vamos pra casa querida, minha mãe me apertou mais forte, me fazendo gemer.

- Desculpe, Cloe, ela disse, me soltando.

Quando tínhamos tudo pronto e estávamos de saída, encontramos a Sarah à nossa espera no corredor. Foi como se eu tivesse espinhos na garganta e punhais sendo cravados no meu coração e pulmões. O ar e a voz me faltaram, não soube o que dizer ou fazer. Fiquei parada, enquanto buscava o braço da minha mãe pra me apoiar, minhas pernas pareciam gelatina, por pouco me mantive em pé.

- Olá, Cloe. Vim saber como você está. Você faltou quase uma semana, todos na escola ficaram preocupados. Então, liguei pra sua casa e falei com a sua mãe. Eu soube o que aconteceu, fico feliz que esteja melhor. Ela disse, enquanto me puxava para um abraço.

- Cuidado Sarah, ela ainda está machucada, minha mãe advertiu.

- Ohh, eu sinto muito. Ela disse levando a mão à boca. (Como se ela se importasse com isso. Eu queria esbofetear a cara dela até não ser mais possível identificar sua identidade. Como alguém conseguia ser tão hipócrita?)

- Estamos indo para casa, quer nos acompanhar? Temos bolo, chá e bicoitos para dar as boas vindas a Cloe.

- NÃO! Eu gritei, e saí correndo pra fora do hospital, o mais rápido que eu pude. Minha mãe ficou assustada, desculpou-se com a Sarah e foi atrás de mim.

- Desculpe Sarah, ela está transtornada, também, depois do que aconteceu. Espero que você entenda.

- Claro, senhora Livera.

Chegando na entrada do hospital, as forças das pernas me abandonaram. Caí de joelhos no chão, arfando, como se tivesse corrido uma maratona. A dor nas minhas feridas foi imensa.  Levei as mãos ao rosto e desatei em prantos.

- O que aconteceu, meu bem? Não chore!! Minha mãe correu até mim e me ajudou a levantar.

- Por favor, vamos embora. Eu supliquei.

Como ela conseguia ser tão má? Eu pensei nisso durante o todo percurso pra casa.

Corri pro meu quarto, assim que chegamos em casa. Minha mãe não fez qualquer objeção às minhas atitudes, que pra ela pareceram muito justificáveis. Ela tentou me dar espaço para falar quando eu achasse o momento certo. Proavelmente, foi algo que a ela aprendeu em Psiquiatria ou que o analista indicado pelo Dr. Fitz indicou a fazer.

Eram aproximadamente oito horas da noite quando resolvi descer para jantar. Minha mãe estava ao telefone, no escritório. Ela estava falando inglês, provelmente estava tentando falar com papai. Ele não mora conosco, desde os meus 11 anos. Ele se mudou para Londres, logo depois da separação.

Bati na porta: - Mamãe?

- I call you later. Foi a última coisa que ela disse ao telefone.

- Sim, querida?

- Estava falando com o papai?

- Não, com a secretária, ele estava em reunião.

- Bem, eu preciso dizer algo importante, mamãe. Vou morar com o papai, quero me mudar para Londres.