Fanfic: Bad Revenge | Tema: Vingança

Dei alguns passos em direção à minha mãe e dei-lhe um abraço. Não dissemos palavra alguma enquanto estivemos ali. Passado o seu choro, ela levou suas mãos até o meu rosto e me olhou nos olhos, buscando uma explicação.

Apesar de achar que eu devia ir embora e levar toda a minha carga de tristeza pra longe de casa, não consegui resistir ao olhar de quem tão bem me conhecia de que tanto me amava.

- Mãe, eu vou lhe contar o que aconteceu, mas você tem que prometer que não fará nada. Não quero que as coisas fiquem piores do que já estão. Disse a ela, enquanto segurava sua mão e a guiava para o sofá da sala.

Ela se manteve em silêncio, todo o tempo, não prometeu que faria o que eu pedi, mas no fundo eu sabia que era isso que ela faria. Ela sempre soube respeitar as minhas decisões.

- Ok, foi tudo o que ela me disse, depois de alguns segundos de silêncio, que mais pareceram uma eternidade.

Minha mãe ouviu a histórias silenciosamente, contei exatamente o que aconteceu, Ela ficou chocada, não sabia o que falar. Eu nunca tinha falado sobre o assédio moral que vinha sofrendo na escola nova. Quando terminei, ela deu um longo suspiro, como se estivesse juntando forças.

- Você devia ter me falado sobre isso antes, Cloe. Como pôde ficar quieta? Você podia ter morr... O assombro dela com essa possibilidade foi tamanho que sequer terminou a frase.

Respirei fundo:

- Não quero mais ficar aqui, não posso mentir pra senhora e dizer que não estou com medo. Eu estou horrorizada. Não vou conseguir viver em paz, imaginando que posso esbarrar com uma delas em qualquer esquina. E mesmo que nós façamos alguma coisa, nada garante que ela não dará um jeito de se vingar. Posso estar sendo fatalista, mas é assim que estou lidando com essa situação e espero que a senhora possa respeitar. Vou falar com papai, pedir que organize todos os meus documentos, me matricule numa escola e assim que tudo estiver arranjado, eu partirei. E nada me fará mudar de ideia.

Ela não sabia o que dizer. Apenas acenou com a cabeça.

- Se é o que você quer.

Hoje eu penso que não foi a melhor decisão que a minha mãe tomou, ela devia ter sido mais rígida em me deter de tomar essa decisão, mas nem tudo na vida são flores, não é mesmo?

Jantamos as duas em silêncio absoluto. Assim que acabei o meu jantar me despedi e me retirei da mesa, em direção ao meu quarto. Não podia suportar a pessoa que eu mais amava no mundo sofrer tanto assim por minha causa, afinal de contas, sempre fomos nós duas, uma contando com a outra. E agora, eu estava partindo...

Apesar da noite turbulenta que tive, conseguir dormir um sono tranquilo.

Quando acordei, já passava do meio dia. Mamãe não quis me acordar, eu supus. Consegui tomar banho sozinha, embora tenha dado bastante trabalho. Tomei meus remédios, que tinham sido deixados sob a minha cabeceira, e desci para comer alguma coisa.

Fui até a cozinha pedir que Leila, nossa cozinheira, preparasse algo pra eu comer. Feito isso, quis saber onde mamãe estava.

- Mamãe foi trabalhar, Leila?

- Ela saiu logo cedo, Cloe, mas não disse para onde iria. Ela me deu um sorrido e perguntou - Precisa de mais alguma coisa? Seu pai ligou mais cedo, pediu pra que você retornasse a ligação assim que acordasse.

- Farei isso. Obrigada, Leila.

Antes que eu pudesse alcançar o telefone da sala, minha mãe passa pela porta, com os braços abarrotados de sacolas. Eu a olhei espantada. Não se parecia nada com a chorona da noite passada.

 Enquanto eu a ajudava com aquela bagunça...

- Falou com o seu pai? Conversei com ele hoje cedo e já está praticamente tudo ajeitado. Em poucos dias seu visto ficará pronto, já passei na escola, em mais ou menos uma semana eles vão liberar toda a sua documentação. Seu pai já está procurando uma escola para estrangeiros. Assim que ajustarmos esses detalhes, compraremos sua passagem e você poderá ir. Ela tagarelou tanto que acabou me fazendo esquecer de perguntar o que era tudo aquilo.

- Hum... Ok, foi o que consegui responder.

- Comprei algumas coisas para a sua viagem Moletons, meias térmicas, casacos. Ela disparou pra mim, como se tivesse lido meus pensamentos.

- Avisei à mamãe que você está indo morar com seu pai, ela ficou bastante feliz com a notícia. Agora poderá visitar você com mais frequência.

Puxa, alguma coisa boa essa mudança toda vai me trazer. Sempre amei a vovó. Será ótimo tê-la por perto.

Não conversamos mais sobre o que aconteceu. Minha mãe transformou toda a sua tristeza em euforia e esforços para organizar a minha mudança. Acho que ela começou a aceitar bem a ideia depois de ter percebido que eu não estava disposta a voltar atrás.

O tempo passou lentamente até o dia da minha partida.