Fanfic: Bad Revenge | Tema: Vingança

Nosso almoço foi muito agradável. Quando chegamos  à mesa, me fingi de cavalheiro e puxei a cadeira pra que  Matt pudesse sentar, ao que fui repreendida, com muito humor.

- Acho que isso não está certo, Matt murmurou fazendo biquinho. Ele tomou a minha posição, puxou a cadeira e abaixou-se numa reverência.

- Milady, ele disse, por favor, queira se sentar.

Dei-lhe um sorriso e fiz o que ele dissera.

Comemos panquecas, batata frita, e penne aos quatro queijos. Não foi uma refeição digna de um filme de época francês, com entrada, prato principal e vinho, mas era o que tínhamos e estava muito bom. Os adultos não deviam esquecer o quanto panquecas e batata frita são saborosos.

Nós conversamos bastante. Falamos sobre livros, filmes, viagens, sonhos. Nunca imaginei que Matt e eu tivéssemos tantas coisas em comum. Apesar do mal gosto dele por filmes, nossas aspirações eram parecidas. Ambos queríamos ser arquitetos, embora eu quisesse projetar casas graciosas e ele monumentos, almejávamos a mesma profissão.

Descobri que seu pai e sua mãe tinham morrido num acidente de carro quando ele ainda era um bebê e que desde então ele vivia com seus tios. Confesso que fiquei triste, mas quando ele falou deles eu pude perceber o amor que tinham uns pelos outros. Seus olhos brilhavam de orgulho ao falar do tio, que era irmão de sua mãe, e era médico cardiologista, assim como sua tia. Ele o amava como a um pai.

Não conseguia me imaginar sem meus pais. Embora fossem divorciados sempre estiveram ali lutando por mim. Consegui enxergar que o amor parental vai muito além dos laços sanguíneos.

Contei um pouco sobre a história dos meus avós maternos. Matt achou tudo fascinante. A história do avião ter caído em território russo o deixou empolgadíssimo. Era uma pena eu não saber mais detalhes além do pouco que a vovó me dissera.

Depois da sobremesa, fomos à sala de TV escolher um filme para assistir. Discutimos como crianças. Ele querendo ver um dos filmes de ação que foram do papai e eu querendo assistir a um bom romance melodramático. Conseguimos chegar a um acordo, depois de vermos que não poderíamos ver nossos gêneros preferidos, optamos por uma comédia romântica: Como se fosse a primeira vez. Não fiquei empolgada com o nosso acordo, mas Adam Sandler se encarregou de me fazer rir a ponto de doer a barriga. Acabei adorando a nossa escolha.

Quando o filme terminou, demos um longo suspiro, porque sabíamos que aquele ali seria o nosso adeus.

O silêncio reinava entre nós, estávamos degustando apenas a companhia do outro, como se aprecia uma obra de arte num museu. Aquela tarde foi, com certeza, a melhor das últimas três semanas.

Nossos olhares se encontraram. Encaramo-nos por alguns minutos até que eu quebrei o silêncio entre nós.

- Eu adorei a minha tarde. Muito Obrigada, Matt.

 Ele sorriu um sorriso meigo, como se fosse uma criança recebendo um doce.

- Eu também. Vou sentir a sua falta.

- Isso realmente foi inesperado pra mim. Eu quis lhe dar um abraço apertado e ficar nesse abraço pra sempre. Ele realmente me fazia sentir segura, como há tempos eu não me sentia.

 Ouvimos a porta atrás de nós abrir. Mamãe chegara do trabalho.

 Ela caminhou até nós e beijou o alto de nossas cabeças.

- Boa tarde crianças. Ela nos deu um lindo sorriso.

- Boa tarde Sra. Livera.

- Oi, mamãe. Como foi o trabalho?

- Ótimo, querida e a sua tarde? Vejo que esteve em excelente companhia. Por favor Matt, me chame de Clarissa.

 Sorrimos uns para os outros. Com muita astúcia, mamãe se despediu de nós.

- Vou subir agora querida, preciso descansar um pouco. Tem sorvete na geladeira.

Ganhamos outro beijo e ela saiu.

- Eu preciso ir, Cloe. Tenho prova de Matemática amanhã.

Eu não queria que ele fosse, diferente do começo da nossa tarde, mas também não queria prejudicar seu desempenho  na escola. Então me levantei e estendi a minha mão pra ele.

- Eu te levo até a porta.

Na hora do adeus, ele estendeu seus braços sobre meu ombro e me envolveu num abraço muito terno. Podia sentir sua respiração no meu cabelo e as batidas de seu coração, que pulsava no compasso do meu. Não tenho certeza de quanto tempo nos demoramos ali. Nossas mentes e corações estavam em perfeita sintonia. Matt precisava partir, embora eu sentisse que ele não queria.

- Pode me soltar agora Cloe, ele brincou, sem me soltar e me apertando com mais força.

- Eu faria isso, se você não estivesse segurando meus braços com tanta força.

Nós gargalhamos por causa da cena que estávamos fazendo. Até que ele afrouxou o abraço e levou suas mãos até o meu rosto.

Eu me mantive quieta e meus olhos não desviaram do dele.

Matt se aproximou lentamente até eu conseguir sentir sua respiração perto da minha boca. Nossos lábios se tocaram. Meu coração estava acelerado, não sabia o que fazer. Eu nunca tinha beijado alguém antes. Deixei meu coração me guiar e posso dizer que ele foi um excelente conselheiro. Nosso beijo foi suave, terno e romântico. Por fim,Matt segurou a minha cabeça entre suas mãos e encostou seu nariz no meu. Ficamos de olhos fechados enquanto nossa respiração se acalmava.

- Nunca me esqueça, ele disse por fim.

Abri os olhos e encontrei os dele me fitando.

- Nunca, eu assenti.

Foi a despedida mais linda que eu poderia ter tido. Nem em um milhão de anos eu esperei por aquilo. Um sonho, com certeza.

Não nos falamos depois da nossa tarde juntos.

O dia finalmente chegou...