Fanfic: O Pecado Mora ao Lado aya | Tema: aya

Eu nunca pensei que um dia fosse dizer algo tão medonho assim, mas eu estava gostando daquilo.

Poncho olhava com uma cara engraçada para o pobre sapo que teríamos de dissecar dentro de alguns minutos, enquanto eu tentava de todas as formas fugir daquela responsabilidade. Há um mês eu preferiria doar todo o meu dinheiro para o fundo das líderes de torcida fúteis-and-patricinhas renovarem seus uniformes porpurinados que dividir uma atividade sequer que fosse com Alfonso Herrera Rodríguez em aula. Hoje, eu mal fazia caso quando, como agora, algum professor nos juntava para algum trabalho em dupla. Na verdade, era daquilo que eu estava gostando.

Desfazendo qualquer visão deturpada que eu tinha dele, Poncho se mostrou uma cara bem, hmm, legal durante aquele primeiro mês de convivência forçada. Tinha vezes em que eu até me sentia culpada por ter sido sempre tão dura com ele durante tanto tempo. E por tê-lo julgado pelo grupinho idiota com o qual andava.

Claro, era óbvio que o início fora bem tenso. Eu me recusava a ceder qualquer espaço a ele além do necessário para as aulas de monitoria que aconteciam uma vez por semana. Se ele tentava estendê-las além do horário limite, eu logo o cortava, sem paciência. Mas aí, três semanas depois daquele primeiro dia em que conseguira me convencer a ajudá-lo em Literatura, minhas barreiras começaram a cair, movidas por algumas atitudes dele que muito me surpreenderam no início. Nos intervalos, ele buscava sempre sentar em minha mesa, no refeitório. De princípio, ria e fazia pouco caso do meu choque. Com o tempo, aquilo foi se tornando algo tão comum que quem acabou fazendo pouco caso fora eu. Buscava sempre falar comigo, me puxar para perto com alguma pergunta corriqueira quando me via passar e estava com os amigos (é, desses eu ainda não gostava muito). Era atencioso e brincalhão ao ponto de, quase sempre, me vencer pelo cansaço e conseguir o que, impreterivelmente, queria. Resumindo, ele parecia se importar comigo. Algo com o que eu definitivamente não estava acostumada a lidar naquele colégio.

Apesar disso, não sei bem em que ponto eu passei a não tratá-lo mais mal e aceitá-lo como um – primeiro, eu diria – colega de colégio. O fato era que hoje em dia onde eu estava, ele estava atrás. E vice-versa. O que era praticamente inconcebível semanas atrás, miraculosamente parecia ter virado possível e natural.

Não, espera. Eu não estava dizendo que era natural alguém como eu andar com alguém como ele. Não era. E, por isso, por onde passávamos, deixávamos um rastro borbulhante de comentários entre surpresos, curiosos e chocados. Sempre.

Alfonso: como é? Você vai mesmo deixar todo o trabalho sujo pra mim?

Deixando a dispersão de lado, encarei-o.

Anahi: eu não quero fazer isso – quase choraminguei, implorando por piedade. – É sério, isso é... cruel.

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