Fanfics Brasil - Capitulo Um - parte 1 O Beijo da meia-noite

Fanfic: O Beijo da meia-noite | Tema: Adaptada


Capítulo: Capitulo Um - parte 1

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Na atualidade


 —«Impressionante. Note no uso da luz e das sombras...


    —Vê como esta imagem sugere a tristeza do lugar e como, apesar disso, consegue oferecer uma promessa de esperança?


    —... uma das fotógrafas mais jovens que vão  incluir na nova coleção de arte moderna do museu.


    Dulce Saviñón estava separada do grupo de assistentes da expo­sição e sorvia uma taça de champanha quente enquanto outro grupo de personagens importantes de rostos anônimos se mostrava entusiasmado pelas duas dúzias de fotografias em preto e branco que penduravam  das paredes da galeria. Jogou uma olhada às fotografias do outro extremo da habitação, divertida em certa maneira. Eram boas foto­grafias, um pouco inquietantes dado que o tema eram moinhos abandonados e desolados estaleiros dos subúrbios  de Boston, mas não conseguia ver o que todo mundo via nelas.


   Mas nunca o via. Dulce, simplesmente, fazia as fotografias, e deixava sua interpretação e, ao fim, sua valoração aos outros. Introvertida por natureza, o fato de receber tantos elogios e tanta atenção a in­comodava... mas lhe permitia pagar as faturas. E muito bem, de fato. Essa noite também pagava as faturas de seu amigo Jamie, o proprietário da moderna e pequena galeria de arte do Newbury Street que, agora  que faltavam dez minutos para a hora de fechamento, ainda estava repleta de possíveis compradores.


   Atordoada depois de todo o processo de dar a bem-vinda e de saudar e de sorrir educadamente a toda essa gente que, desde as enriquecidas esposas do Back Bay até os góticos tatuados e carregados de piercings, tratava de impressionar mutuamente —a ela— com as análise de seu trabalho, Dulce não podia esperar a que a inauguração terminasse. Tinha estado escondida entre as sombras durante a última hora, pensando em escorrer-se até a comodidade da ducha quente e da amaciado travesseiro de seu apartamento ao leste da cidade.


 


   Mas lhes tinha prometido a uns quantos amigos —Jamie, Kendra e Megan— que iria com eles para jantar e a tomar uma taça depois da inauguração. Quando o último casal de visitantes teve feito sua compra e  partiu, Dulce se encontrou com que a arrastavam fora e a metiam em um táxi antes de ter tido a oportunidade de pensar em  uma desculpa.


   —Que noite tão incrível! —O cabelo loiro do andrógino do Jamie lhe caiu sobre o rosto quando se inclinou por diante das duas mulheres para tomar a mão de Dulce.


— Nunca houve tanto tráfico na galeria em um fim de semana... e as vendas desta noite foram impressionantes ! Agradeço-te muito que me tenha permitido te exibir.


   Dulce sorriu ante a excitação de seu amigo.


   —É obvio. Não faz falta que me dê  obrigado.


   —Não foi tão mal, verdade?


   —Como poderia havê-lo passado mau, se a metade de Boston está aos seus pés? —disse Kendra antes de que Dulce pudesse responder.


— Era o governador com quem te vi falar enquanto tomava uns canapés?


Dulce assentiu com a cabeça.


    —Ofereceu-se a encarregar alguns originais para sua casa de campo do Vineyard.


—Que amável!


    —Sim —repôs Dulce sem muito entusiasmo.  Tinha um montão de cartões de visita no bolso, o qual representava pelo menos um ano de trabalho constante, se o queria. Então, por que sentia a tentação de abrir a janela do táxi e  lançar ao vento?


 


    Deixou vagar o olhar para a noite, fora do carro, e observou com  estranha indiferença as luzes e quão vistas este deixava atrás. As ruas estavam repletas de gente: casais que caminhavam de mão, grupos de amigos que riam e conversavam, todos eles passavam um bom momento. Acenavam nas mesas de fora dos restaurantes de moda e se detinham a contemplar as vitrines das lojas. Lá onde olhasse, a cidade pulsava com toda sua cor e sua vida. Dulce  absorvia tudo com olhos de artista e, apesar disso, não sentia nada. Essa explosão de vida, também da sua, parecia continuar rapidamente para frente sem ela. Ultimamente, e cada vez mais, tinha a sensação de estar apanhada em uma roda que não deixava de fazê-la girar em um ciclo interminável de tempo que passava sem um propósito claro.


    —Passa algo, Dul? —perguntou-lhe Megan, ao seu lado,  no assento traseiro do táxi.


     — Está muito calada.


Dulce encolheu os ombros.


    —Sinto muito. Só... não sei. Estou cansada, suponho.


    —Que alguém convide a esta mulher a uma taça... imediatamente!— brincou Kendra, a enfermeira de cabelo escuro.


    —Não —replicou Jamie, matreiro e felino.— O que nossa Dul necessita de verdade é um homem. É muito séria, carinho. Não é bom que deixe que o trabalho te consuma desta maneira. Te divirta um pouco! Quando te deitou com alguém pela última vez?


    Fazia muito tempo, mas Dulce não levava a conta. Nunca lhe tinham faltado os encontros quando as tinha desejado, e o sexo —nessas estranhas ocasiões em que o tinha— não era uma coisa que a obcecasse como a alguns de seus amigos. Por falta de prática que tivesse nesses momentos nessa área, não acreditava que um orgasmo fosse a curar para aquilo que, fosse o que fosse, provocava-lhe esse estado de inquietação.


   —Jamie tem razão, já sabe —estava dizendo Kendra.


    — Tem que te soltar, fazer alguma loucura.


 —Não há momento melhor que o presente —acrescentou Jamie.


—OH, não acredito —disse Dulce, negando com a cabeça.


— A verdade  é que não tenho vontades de alargar muito a noite, meninos. As inau­gurações sempre me tiram muita energia e...


   —Chefe. —Sem lhe fazer caso, Jamie se colocou no bordo do assento e deu uns golpezinhos no vidro que separava ao taxista dos passa­geiros.


— Mudança de planos. Decidimos que temos vontades de ir de celebração, assim cancelamos o restaurante. Queremos ir aonde vai a gente interessante e moderna.


   —Se gostarem das salas de baile, têm aberto uma nova no extremo norte da cidade —disse o taxista, sem deixar de mascar o chiclete enquanto falava.


    — Estive levando passageiros ali toda a semana. A verdade é que levei a duas esta mesma noite... um moderno após o expediente chamado A Notte.


  —OH, OH, «a notte» —brincou Jamie, olhando divertido por cima do ombro e arqueando as elegantes retrocede.


 — Sonha maravilhosamente vi­cioso, garotas. Vamos!


   A discoteca, A Notte, encontrava-se em um edifício vitoriano que se conhecia fazia muito tempo como a igreja do Saint John`s Trinity Parish e que devido aos recentes escândalos sexuais que salpicavam a alguns sacerdotes, a arquidiocese de Boston conseguiu  que fosse fechado,  como que outros muitos lugares similares em toda a cidade. A ­hora, enquanto Dulce e seus amigos se abriam passo pela sala abarro­tada, essas vigas albergavam a música transe e tecno que soava, estri­dente, pelos alto-falantes enormes que rodeavam a cabine do dj, no balcão que se encontrava sobre o altar. Umas luzes estroboscópicas, brilhos contra as três vidraças com forma de arco. Os raios de luz atravessavam a densa nuvem de fumaça que pendia no ar, e piscavam ao ritmo de um tema que parecia interminável. Na pista de baile, e quase em cada um dos  metros quadrados do piso principal de A Notte e da galeria que o rodeava, as pessoas se apertavam e se retorciam com uma sensualidade inconsciente.


 


   —A Santa festa! —gritou  Kendra para fazer-se  ouvir por cima da música enquanto levantava os braços e avançava dançando por entre a densa multidão.


    Não tinham acabado de cruzar por onde se encontrava o primeiro grupo de gente quando um menino magro abordou à valente morena e se in­clinou para lhe dizer algo ao ouvido. Kendra soltou uma profunda gargalhada e asentiu com a cabeça com gesto  entusiasmado.


    —O menino quer dançar—-riu, dando a bolsa a Dulce.


   — Quem sou eu para me negar!


    —Por aqui —disse Jamie, assinalando uma pequena mesa próxima a ba­rra, enquanto sua amiga se afastava com seu acompanhante.


    Os três se sentaram e Jamie pediu uma rodada. Dulce escrutinou a pista de baile em busca da Kendra, mas a nuvem de gente a tinha engolido. Apesar de que a sala estava abarrotada de gente, Dulce não podia acalmar-se de cima uma repentina sensação de que estavam sentados no centro de atenção. Como se estivessem de algum jeito de baixo de uma estreita vigilância pelo simples feito de encontrar-se na sala. Era absurdo pensar isso. Possivelmente tinha estado trabalhando muito, ou tinha passado de­masiado tempo só em casa, já que encontrar-se em um lugar público a fazia sentir tão consciente de si mesmo. Tão paranóica.


    —Pela Dul! —exclamou Jamie, fazendo-se ouvir pesar do estrondo da música enquanto levantava o copo de Martini em um gesto de brinde.


Megan também levantou o seu e brindou  com  Dulce.


—Felicidades pela grande inauguração desta noite.


—Obrigado, meninos.


    Enquanto sorvia a mescla de uma cor amarela néon, a sensação de ser observada voltou. Ou, melhor dizendo, aumentou. Sentiu que a olhavam do outro extremo da escuridão. Levantou a vista por cima do bordo do copo do Martini e percebeu o brilho das luzes estroboscópicas em uns escuros óculos de sol.


 


   Uns óculos que escondiam um olhar que, sem dúvida, encontrava-se fixo nela do outro extremo da multidão.


   Os rápidos pulsos das luzes mostraram uns rasgos afiados entre as escuras sombras, mas o olho de Dulce o captou ao segundo. O Ca­belo lhe caía, solto, em mechas bicudas por cima de uma frente ampla e inteligente e sobre uns maçãs do rosto angulosas. Uma mandíbula forte e de risco severo. E sua boca... sua boca era generosa e sensual, in­cluso apesar de que desenhava um sorriso cínico, quase cruel.


   Dulce apartou a vista, nervosa, e sentiu uma onda de calor nas per­nas. Seu rosto ficou como gravado a fogo na mente durante um instante, como uma imagem se grava em um filme. Deixou a taça em cima da mesa e se atreveu a olhar outra vez para onde se encontrava ele. Mas já não estava.


   Ao outro extremo da barra se ouviu um forte estrondo e Dulce girou a cabeça para olhar por cima do ombro. Em uma das povoadas  me­sas, o álcool se precipitava ao chão de um montão de cristais quebrados que cobriam a superfície laqueada de negro. Cinco tipos vestidos com couro negro tinham uma discussão com outro tipo que levava uma camiseta sem mangas dos Dead Kennedys e um  jeans gasto e rasgados. Um dos caras que vestia de couro negro tinha um braço sobre os ombros de uma loira platinada que estava bêbada e que parecia conhecer punki. Seu namorado, ao parecer. Ele quis tomar à garota pelo braço, mas lhe apartou com um golpe e inclinou a cabeça a um lado para permitir que um dos caras detrás a beijasse no pescoço. Ela olhava desafiante  a seu namorado, furioso, sem deixar de brincar com o cabelo castanho  do tipo que parecia pego a sua garganta.


    —Isto se atou —disse Megan, voltando-se no momento em que a situação parecia complicar-se mais.


    —Parece que sim —acrescentou Jamie enquanto  terminava o Martini e fazia um gesto a um garçom para que lhes trouxesse outra rodada.


— É óbvio que a mamãe dessa idiota esqueceu de lhe dizer que não convém partir sem o menino com quem  veio.


 


    Dulce observou a situação um momento mais, o tempo suficiente para ver que outro cara de couro se aproximava da garota e a beijava nos lábios, que lhe oferecia. Ela aceitou a ambos ao mesmo tempo, enquanto acariciava o cabelo escuro do tipo que a beijava no pescoço e o cabelo claro do tipo que lhe chupava os lábios como se fosse a comer-lhe viva. O namorado punki lhe gritou uns insultos à garota, deu-se meia volta e se abriu passo a  empurrões por entre a multidão.


—Este lugar me está enervando—confessou  Dulce que, justo nesse momento, acabava de ver alguns clientes da sala preparando-se sem dissimulação umas raias de coca em  um extremo da larga  barra de mármore.


    Seus amigos pareceram não ouvi-la por causa do constante estrondo da música. Tampouco pareciam compartilhar o desconforto de Dulce. Havia alguma coisa que não ia bem ali dentro, e Dulce não podia tirar-se de cima a sensação de que, ao final, a noite ia ficar feia. Jamie e Megan começaram a conversar de grupos de música locais e deixaram a Dulce sozinha, sorvendo o copo de Martini e esperando, ao outro extremo da mesa, encontrar a oportunidade de dar uma desculpa e partir.


    Sentindo-se basicamente sozinha, Dulce deixou vagar o olhar pela massa de cabeças oscilantes e corpos ondulantes, procurando dissimula­damente esses olhos depois dos óculos de sol que a tinham observado antes. Estaria ele com esses tipos... seria um dos motoqueiros que estavam provo­cando todo essa baderna? Ele ia vestido como eles, e tinha o mesmo aspec­to perigoso que tinham eles.


Fora quem fosse, Dulce não via nem rastro dele nesse momen­to .Recostou-se no respaldo da cadeira e, de repente, deu um coice  ao sentir que umas mãos se posavam sobre seus ombros de detrás.


    —Aqui estão! Meninos, estive-lhes procurando por toda parte! — exclamou Kendra, quase sem fôlego mas animada ao mesmo tempo, enquanto se inclinava sobre a mesa.


 — Vamos. consegui uma mesa para todos ao outro extremo da sala. Brent e alguns  de seus amigos querem vir de festa conosco.


 —Bom !


Jamie já se pôs em pé, preparado para ir. Megan agarrou o novo  copo do Martini com uma mão e com a outra, a mão da Kendra. Ao ver que Dulce não se movia para lhes seguir, Megan se deteve


   —Vem?


   —Não. —Dulce ficou em pé e se pendurou a bolsa do ombro.


— Vão vocês e divirtam-se. Eu estou esgotada. Acredito que vou procurar um táxi e vou direto para casa.


   Kendra a olhou fazendo uma cara infantil.


—Dul, não  pode ir!


   —Quer  que te acompanhe a casa? —ofereceu-se Megan, Apesar de que Dulce se dava conta de que desejava ficar com outros.


   —Estou bem. Desfrutem, mas vão com cuidado, de acordo?


   —Seguro que não te quer ficar?  Outra taça, somente?


   —Não. De verdade que preciso sair e tomar um pouco de ar.


   —Você mesma, então —lhe disse Kendra, fingindo brigá-la. aproximou-se e lhe deu um rápido beijo na bochecha. Quando se apartou, Dulce notou um ligeiro aroma de vodca e, por debaixo deste, um aroma de alguma coisa menos evidente. Alguma coisa almiscarada, e estranhamente metálica.


  — É uma desmancha-prazeres, Dul, mas te quero.


   Kendra lhe piscou um olho e passou os braços pelos ombros do Jamie e Megan. Com ar brincalhão atirou de ambos em direção à massa de gente que bulia na sala.


   —Me chame amanhã —lhe disse Jamie por cima do ombro enquanto o trio era engolido pela massa.


 


  



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Autor(a): Luh

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

 Dulce iniciou imediatamente o caminho para a porta de saída, an­siosa por sair dali. Quanto mais tempo passava ali dentro, mais parecia subir o volume da música. Sentia-a retumbar na cabeça e o fazia difícil pensar com claridade. Custava-lhe fixar-se no que havia ao seu re­dor. As pessoas a empurravam desde todos os lados enquanto el ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 33



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  • dulcedeleche Postado em 22/11/2013 - 22:58:21

    Tava lendo a web, mas tinha perdido, daí achei q tivesse abandonado e depois quando achei não tive tempo de ler )): E agora que arrumei um tempinho não tem caps novo. POSTA MAIS ((((:

  • paulinhavondy Postado em 28/08/2013 - 00:25:17

    Quem não ia querer um vampiro lindo como o Chris???kkkk Eu querooooo!!!

  • paulinhavondy Postado em 28/08/2013 - 00:23:33

    ADORANDOOOO!!!posta maisssss

  • paulinhavondy Postado em 25/08/2013 - 11:13:58

    Oieee, desculpa não ter comentado antes, estou muito feliz que você voltou a postar.. Adoreei !! Continue postando rsrs

  • claudiarafa.s2 Postado em 22/08/2013 - 23:37:33

    obrigada. posta +++++++++ please s2

  • claudiarafa.s2 Postado em 20/08/2013 - 15:57:30

    Posta mais +++++ flor s2

  • paulinhavondy Postado em 02/07/2013 - 19:22:58

    posta maissssssssssss

  • paulinhavondy Postado em 02/07/2013 - 19:22:06

    CADA dia melhor essa web...ansiosíssima por maisss postssssssssss

  • larivondy Postado em 26/06/2013 - 22:28:09

    ooi, posta mais, to amando! leitora nova u.u

  • claudiarafa.s2 Postado em 23/06/2013 - 18:06:39

    oie estou amando sua web!!!!! que dó do fercho e da mai ....


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