Fanfic: O Beijo da meia-noite | Tema: Adaptada
Tinham passado dois dias inteiros.
Dulce tentou tirar-se da cabeça todo o horror do que tinha visto no beco de La Notte. Que importância tinha, de todas as maneiras? Ninguém a tinha acreditado. Não a tinha acreditado a polícia, que ainda não tinha mandado a ninguém para vê-la tal e como tinham prometido, e tampouco a tinham acreditado seus amigos.
Jamie e Megan, que tinham visto os valentões de jaqueta de couro repreendendo ao punki dentro da sala, disseram que o grupo se havia marchado sem ter provocado nenhum outro incidente em nenhum momento da noite. Kendra tinha estado muito absorta com o Ken —o menino a quem tinha conhecido na pista de baile da sala— e não se deu conta de que tinha havido uma briga na sala. Segundo os policiais que se encontravam na delegacia de polícia na sábado de noite, todo mundo a quem o carro patrulha tinha interrogado em La Notte tinha dado a mesma história: uma breve escaramuça no bar, mas não havia nenhuma testemunha que tivesse presenciado sinais de violência nem dentro nem fora da sala.
Ninguém tinha visto o ataque do que ela tinha informado. Não havia nenhuma admissão em nenhum hospital nem em nenhum depósito de cadáveres. Nem sequer havia uma denúncia de danos do taxista que se encontrou na esquina.
Nada.
Como era possível? Estaria realmente delirando?
Era como se os olhos de Dulce fossem os únicos que se houvessem encontrado abertos essa noite. Ou ela era a única havia presenciado algo inexplicável ou estava perdendo a cabeça.
Possivelmente um pouco de ambas as coisas.
Dulce não podia enfrentar-se ao que essa idéia implicava, assim procurou consolo no único que lhe oferecia um pouco de alegria. Depois da porta fechada de seu quarto escuro construído a medida, no porão da casa, Dulce inundou uma folha de papel fotográfico em uma bandeja com líquido de revelação. Da pálida nada, uma imagem começou a cobrar forma debaixo da superfície do líquido. Observou-a cobrar vida: a ironica beleza de uns tentáculos de marfim que se expandiam por cima de um antigo e abandonado hospital psiquiátrico de tijolos velhos e cimento, de estilo gótico, que fazia pouco que tinha descoberto nos subúrbios da cidade. Saiu melhor do que esperava, e tentou a sua imaginação de artista com a possibilidade de realizar uma série inteira dedicada a esse lugar desolado e inquietante. Deixou a um lado e revelou outra foto, esta de um primeiro plano de um pinheiro jovem que crescia de uma greta aberta no pavimento de um pátio traseiro durante muito tempo abandonado.
Essas imagens a fizeram sorrir enquanto as tirava do líquido e as pendurava na corda de secagem. Tinha quase doze mais como essas acima, sobre sua mesa de trabalho, crú testemunhos da obstinação da natureza e da loucura da cobiça e a arrogância do homem.
Dulce sempre se havia sentido um pouco como uma estrangeira, como uma silenciosa observadora, desde que era uma menina. Ela o atribuía ao feito de que não tinha pais; não tinha família absolutamente, exceto o casal que a tinha adotado quando ela era uma problemática menina de doze anos que passou a vida de orfanato em orfanato. Os Saviñón, um casal de classe média alta que não tinha filhos próprios, compadeceram-se bondosamente dela, mas inclusive sua aceitação tinha sido distante. Dulce foi mandada imediatamente ao internato , a acampamentos de verão e, finalmente, a uma universidade fora do estado. Seus pais, os que tinham exercido como tais, morreram juntos em um acidente de carro enquanto ela estava longe na universidade.
Dulce não assistiu ao funeral, mas a primeira fotografia de verdade que fez era de duas lápides que se encontravam sob a sombra de um arce no cemitério da cidade, no Mount Auburn. Após, não tinha deixado de fazer fotos.
A Dulce não gostava de lamentar-se por seu passado, assim apagou a luz da habitação escura e se dirigiu para cima para pensar no que fazer para o jantar. Não levava nem dois minutos na cozinha quando soou o timbre da porta.
Jamie se tinha ficado, generosamente, com ela as duas últimas noites para assegurar-se de que Dulce estava bem. Ele estava preocupado por ela e se mostrava protetor como o irmão que não tinha tido. Essa manhã, ao partir, ofereceu-se para voltar outra vez, mas Dulce lhe tinha insistido em que podia ficar sozinha. A verdade era que necessitava um pouco de solidão e, agora que o timbre da porta voltava a soar, notou certa irritação ante a possibilidade de que não pudesse ficar só tampouco essa noite.
—Vou em seguida —disse em voz alta do vestíbulo do apartamento.
Olhou, por puro costume, pela mira da porta mas em vez de encontrar-se com a ondulado arbusto de cabelo loiro do Jamie, Dulce viu uma escura cabeça com rasgos impactantes que pertenciam a um homem desconhecido que esperava na entrada. No patamar em frente, justo diante de sua escada de entrada, havia uma luz que reproduzia um antigo abajur de gás e seu suave brilho alaranjado envolvia ao homem como com uma capa dourada, como se envolvesse a mesma noite. Esse homem tinha algo que resultava de mau agouro e ao mesmo tempo cativador em seus pálidos olhos cinzas, que agora olhavam diretamente ao círculo de cristal, como se pudesse ver a ela ao outro lado da mira.
Dulce abriu a porta, mas pensou que era melhor não tirar a correia de segurança. O homem se aproximou da abertura e observou a tirante correia que se esticava entre ambos. Quando a olhou aos olhos de novo, sorriu-lhe um pouco, como se lhe parecesse divertido que ela acreditasse poder impedir o passo com tanta facilidade no caso de que ele quizesse entrar de verdade.
—A senhorita Saviñón?
Sua voz resultou uma carícia para todos seus sentidos, como se fora de um rico veludo negro.
-Sim?
—Meu nome é Christopher Uckermann. —Essas palavras saíram por entre seus labios com um timbre suave e moderado que, por um momento, acalmou parte da ansiedade que ela sentia. Ao dar-se conta de que ela não dizia nada, ele continuou:
— Soube que você teve algumas dificuldades faz um par de noites na delegacia de polícia. Somente queria passar por aqui para me assegurar de que estava bem.
Ela assentiu com a cabeça.
Era evidente que a polícia não a tinha descartado por completo, depois de tudo. Como já fazia dois dias que não tinha notícias deles, Dulce não esperava ver ninguém do departamento, apesar da promessa de lhe mandar a alguém para que vigiasse. Tampouco podia estar segura de que esse tipo, de um escuro cabelo liso e brilhante e de facções marcadas, fosse um policial.
Mas tinha um aspecto bastante sério para ser um policial, pensou, e a parte desse aspecto escuro e perigoso, não parecia ter intenção de lhe fazer nenhum dano. Mas, depois de tudo pelo que tinha passado, Dulce pensou que seria inteligente exceder-se em cautela.
—Você tem alguma identificação?
—É obvio.
Com um gesto deliberado e quase sensual, ele desdobrou uma fina carteira de pele e a levantou ante a abertura da porta. Fora estava quase completamente escuro e provavelmente foi por isso que Dulce necessitou uns segundos para enfocar a vista na brilhante placa de polícia e na foto identificativa que se encontrava a seu lado e que mostrava seu nome.
—De acordo. Entre, detetive.
Soltou a correia da porta e logo abriu a porta e lhe deixou entrar. Os ombros dele quase abrangiam a totalidade da entrada. De fato, sua presença pareceu encher todo o saguão. Era um homem grande, alto e de corpo forte, envolto em um comprido abrigo negro; a roupa escura e o cabelo negro e sedoso absorviam a suave luz do abajur que pendurava do teto. Tinha um porte seguro, quase real, e uma expressão grave, como se estivesse mais dotado para dirigir a uma legião de cavalheiros armados que para arrastar-se até o Beacon Hill para dar consolo a uma mulher que sofria alucinações.
—Não acreditei que viesse ninguém. Depois do recebimento que me ofereceram na delegacia de polícia este fim de semana, acreditei que a inteligência de Boston me teria catalogado como a um caso perdido.
Ele nem o reconheceu nem o negou, simplesmente entrou com passo seguro e tranqüilo na sala de estar e, em silêncio, passeou o olhar por todo o espaço. Deteve-se ante a mesa de trabalho, onde se encontravam as últimas imagens que ela tinha colocado em fileiras. Dulce atravessou a habitação detrás dele e observou a reação dele ante seu trabalho. Ele tinha levantado uma sobrancelha escura enquanto estudava as fotografias.
— São suas ? —lhe perguntou, dirigindo seus pálidos e agudos olhos para ela.
—Sim —respondeu Dulce—. Formam parte de uma série que vou a intitular a Renovação urbana.
—Interessante.
Ele voltou a olhar as fotos e Dulce se sentiu súbitamente incômoda ante essa resposta indiferente e medida.
—Somente estou trabalhando com isto agora mesmo... não é nada que possa ser mostrado ainda.
Ele soltou um grunhido de assentimento sem deixar de observar as fotografias em silêncio.
Dulce se aproximou, em um intento de captar melhor a reação dele ou sua ausência de reação.
—Faço muito trabalho por encarrgo na cidade. De fato, é provável que faça umas fotos da casa do governador no Vineyard no fim de mês.
«te cale», disse a si mesmo. Por que estava tentando impressionar a esse tipo?
O detetive Uckermann não parecia muito impressionado. Sem dizer nada, alargou uma mão e, com dedos muito elegantes para sua profissão, com gesto elegante recolocou duas das imagens em cima da mesa. Inexplicavelmente, Dulce imaginou esses compridos e hábeis dedos sobre sua pele nua, enredados entre seu cabelo, seguindo a forma de sua nuca... Obrigando-a a jogar a cabeça para trás até que esta descansa-se sobre o forte braço dele e esses frios olhos cinzas a tragassem.
—Bom —disse ela, voltando para a realidade.
— Suponho que preferirá você ver as fotos que fiz fora do clube na sábado de noite.
Sem esperar nenhuma resposta, foi até a cozinha e tomou o celular que se encontrava em cima do mármore. Ativou-o, abriu uma das fotos em tela e ofereceu o aparelho ao detetive Thorne.
—Esta é a primeira foto instantânea que fiz. Tremiam-me as mãos, por isso está um pouco tremida. E a luz do flash esfumou muito os detalhes. Mas se a observa com atenção, verá que há seis figuras escuras agachadas no chão. São eles, os assassinos.
Sua vítima é esse vulto que estão maltratando, diante deles.
Estavam-lhe... mordendo. Como animais.
Os olhos de Christopher se mantiveram fixos na imagem; sua expressão continuou mostrando-se séria, imperturbável. Dulce abriu a seguinte fotografia.
—O flash lhes sobressaltou. Não sei, acredito que deveu lhes cegar ou algo. Quando fiz as seguintes fotos instantâneas, alguns deles se detiveram e me olharam. Não posso distinguir os rasgos de tudo, mas este é o rosto de um deles. Essas estranhas raias de luz são o reflexo de seus olhos. — estremeceu-se ao recordar o brilho amarelado desses olhos malignos e desumanos.
— Me estavam olhando diretamente.
Mais silencio por parte do detetive. Tomou o celular dos dedos de Dulce e abriu as seguintes imagens.
—O que pensa você? —perguntou ela, esperando obter uma comfirmação.
— Você também pode vê-lo, verdade?
—Vejo... algo, sim.
—Graças a Deus. Seus colegas de delegacia de polícia tentaram me fazer acreditar que estava louca, ou que eu era uma espécie de perdedora drogada que não sabia do que estava falando. Nem sequer meus amigos me acreditaram quando lhes contei o que tinha visto essa noite.
—Seus amigos —disse ele, com uma expressão deliberadamente meditativa.
— Quer dizer alguém além do homem com quem você estava na delegacia de polícia... Seu amante?
—Meu amante? —riu ao ouvi-lo.
— Jamie não é meu amante.
Christopher levantou a cabeça e apartou o olhar da tela do telefone celular para olhá-la aos olhos.
—Passou as duas últimas noites com você a sós, aqui, neste apartamento.
Como sabia? Dulce sentiu uma pontada de irritação ante a idéia de que estava sendo espiada por alguém, embora fosse a polícia, e que provavelmente o tivessem feito mais por suspeitar dela que com intenção de protegê-la. Mas ali, em pé ao lado do detetive Christopher Uckermann , na sala de estar, parte dessa irritação desapareceu e se viu substituído por um sentimento de tranqüila aceitação, de uma sutil e lânguida cooperação. Estranho, pensou, mas se sentia bastante indiferente ante essa ídeia.
—Jamie ficou comigo um par de noites porque estava preocupado por mim depois do que aconteceu este fim de semana. É meu amigo, isso é tudo.
«Bem.»
Os lábios de Uckermann não se moveram, mas Dulce estava segura de ter ouvido sua resposta. Sua voz inaudível, sua complacência ao saber que não se tratava de seu amante, parecia ressonar em algum lugar dentro dela. Possivelmente era seu desejo, pensou. Fazia muito tempo que não tinha nada parecido a um namorado, e somente estar ao lado de Christopher Uckermann lhe provocava coisas estranhas na mente. Ou, melhor dizendo, em seu corpo.
Ele a olhava, e Dulce sentiu um agradável foco de calor no ventre. Seu olhar a penetrou como penetra o calor, de forma tangível e íntima. De repente, uma imagem se formou em sua mente: ela e ele, nus e embolados a rede um com o outro sob a luz da lua, em seu dormitório. Uma foto instantânea quebra de onda de calor a encheu. Sentia os músculos duros dele na ponta dos dedos, o firme corpo dele movendo-se em cima do dela... seu grosso pênis enchendo-a, abrindo-a, explorando dentro dela.
OH, sim, pensou, quase retorcendo-se sem mover-se de lugar. Jamie tinha razão. Verdadeiramente levava muito tempo de celibato.
Uckermann piscou lentamente; as densas e negras pestanas ocultaram uns tormentosos olhos chapeados. Como a brisa fria acaricia a pele dele, Dulce sentiu que parte da tensão de suas pernas se dissipava. O coração lhe pulsava com força; a habitação parecia extranhamente cálida.
Ele apartou o olhar e girou a cabeça e os olhos de Dulce se encontraram com sua nuca, no ponto em que esta se encontrava com o pescoço de sua camisa de alfaiate. Tinha uma tatuagem no pescoço, ou, pelo menos, parecia-lhe que era uma tatuagem. Uns redemoinhos intrincados e uns símbolos que pareciam geométricos, feitos com tinta em um tom só ligeiramente mais escuro que o de sua pele, desapareciam por debaixo do denso arbusto de cabelo. Ela se perguntou como seria o resto da tatuagem e se esse bonito desenho tinha algum significado especial.
Sentiu quase uma urgência irrefreável por continuar essas interessantes linhas com os dedos. Possivelmente com a língua.
—Me conte o que disse aos seus amigos sobre o ataque que viu você nessa sala.
Ela tragou saliva e sentiu que a garganta lhe secava. Maneou a cabeça para voltar a concentrar-se na conversação.
—Sim, de acordo.
Deus, o que lhe estava passando? Dulce ignorou o estranho ritmo que tinha cobrado seu pulso e se concentrou nos sucessos da outra noite. Voltou a contar a história para o detetive, igual ao tinha feito para os dois agentes e, logo, para seus amigos. Contou-lhe todos os detalhes horríveis e ele escutou atentamente, permitindo que ela o contasse tudo sem ser interrompida. Ante a fria aceitação que encontrou em seus olhos, a lembrança que Dulce tinha do assassinato, parecia fazer-se mais preciso, como se a lente de sua memória se ajustou e tivesse aumentado os detalhes.
Ao terminar, viu que Uckermann estava voltando a abrir as fotos de seu telefone celular. A expressão de sua boca tinha passado de ser séria a grave.
—O que você crê que mostram estas imagens exatamente, senhorita Saviñón?
Autor(a): Luh
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Ela levantou a vista e se encontrou com o olhar dele, com esses inteligente e penetrantes olhos que se cravavam nos seus. Em um instante uma palavra se formou na mente de Dulce: uma palavra incrível, ridícula e terroríficamente clara. «Vampiros.» —Não sei —disse com p ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 33
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
dulcedeleche Postado em 22/11/2013 - 22:58:21
Tava lendo a web, mas tinha perdido, daí achei q tivesse abandonado e depois quando achei não tive tempo de ler )): E agora que arrumei um tempinho não tem caps novo. POSTA MAIS ((((:
-
paulinhavondy Postado em 28/08/2013 - 00:25:17
Quem não ia querer um vampiro lindo como o Chris???kkkk Eu querooooo!!!
-
paulinhavondy Postado em 28/08/2013 - 00:23:33
ADORANDOOOO!!!posta maisssss
-
paulinhavondy Postado em 25/08/2013 - 11:13:58
Oieee, desculpa não ter comentado antes, estou muito feliz que você voltou a postar.. Adoreei !! Continue postando rsrs
-
claudiarafa.s2 Postado em 22/08/2013 - 23:37:33
obrigada. posta +++++++++ please s2
-
claudiarafa.s2 Postado em 20/08/2013 - 15:57:30
Posta mais +++++ flor s2
-
paulinhavondy Postado em 02/07/2013 - 19:22:58
posta maissssssssssss
-
paulinhavondy Postado em 02/07/2013 - 19:22:06
CADA dia melhor essa web...ansiosíssima por maisss postssssssssss
-
larivondy Postado em 26/06/2013 - 22:28:09
ooi, posta mais, to amando! leitora nova u.u
-
claudiarafa.s2 Postado em 23/06/2013 - 18:06:39
oie estou amando sua web!!!!! que dó do fercho e da mai ....