Fanfic: O engano aya

-
O que é isso em sua cabeça? - perguntou Maite, uma das inúmeras
funcionárias da Herrera International, à colega.

Anahí tocou a faixa de tecido que enrolara na cabeça
como um turbante.
- É para proteger meus cabelos da
poeira.
- Você nunca se preocupou antes com o pó! Por que isso agora?

Anahí decidiu ser honesta com a velha senhora.
- Para ser sincera, resolvi esconder
meus cabelos porque eles atraem demais uma certa pessoa. Estou tendo problemas.
Em vez de ir para casa, após o término do expediente, ele tem ficado todos os
dias e...
- E a está assediando, não? -adivinhou a Sra. Perroni.

Não precisaria ter pedido confirmação, pensou Maite.
A jovem Anahí era linda mesmo usando o uniforme de faxineira e com os cabelos
empoeirados. Todos viravam para trás quando ela passava. Com seus cabelos
naturalmente loiros platinados, olhos azuis e corpo pequeno, mas perfeito, Anahí
despertava desejo nos homens e inveja nas mulheres.
Anahí enrubesceu.
- Jovem ou maduro? - insistiu Maite.
- Jovem - Anahí respondeu ao seguir a outra para dentro do elevador. - Estou
quase me decidindo a dar queixa dele ao meu supervisor.
- Não faça isso, Anahí - aconselhou a colega. - Evite-o sem tomar o caso
público e oficial. Se esse sujeito costuma ficar até tarde no escritório, deve
ser alguém importante. Encare a realidade. Se tiverem de demitir um funcionário,
você será mais facilmente substituída.
- Eu sei disso. - Anahí suspirou. - O mundo continua a ser dos homens.
- Ele deve ser muito persistente para tê-la deixado tão perturbada - disse Maite - Por que não trocamos anexo de andar esta noite? Eu cuido do seu e
você cuida do meu?
- Acontece que só você tem autorização para limpar o último andar. Eu não tenho
credenciais para entrar no andar da diretoria.
- Ora, não ligue para isso. - Maite encolheu os ombros. - Quem precisa de
autorização especial para varrer o chão e esvaziar os cestos de lixo? Em todo caso,
se esconda quando perceber que o segurança está efetuando a ronda. E não entre,
em hipótese alguma, na sala do Sr. Herrera. Ninguém tem permissão para entrar
lá. Nem mesmo eu.

 Apesar de preocupada, Any 
aceitou o oferecimento.
- Obrigada, Mai. Não tenho palavras para
agradecer o que está fazendo por mim.

Maite desceu no sexto andar. Enquanto o
elevador continuava subindo, Any pensou que seria a primeira vez que pisaria na
cobertura do prédio todo. A primeira coisa que notou foi que o layout daquele
andar era completamente diferente dos outros. À direita, havia uma ampla e
luxuosa área de recepção. Todas as luzes estavam apagadas com exceção daquele
local. Ao fundo, apesar da penumbra, dava para ver as portas duplas da sala do Sr.
Herrera. Dulce havia mencionado várias vezes esse detalhe de forma que Anahí
não se enganasse e pisasse em território proibido.
Ao olhar para seu lado esquerdo, contudo, Anahí notou em que havia outra sala
com portas duplas idênticas.
Por um instante, pensou em ir até o sexto andar e esclarecer sua dúvida com Maite,
mas o receio de encontrar seu perseguidor a fez desistir.
Decidiu confiar em seu instinto e começar pela primeira de sala a partir da
esquerda e não se aproximar da última, localizada atrás da recepção.
Respirou fundo e abriu a porta. Enquanto se encaminhava para a mesa a fim de
apanhar o cesto, sorriu consigo mesma. Era ótimo poder trabalhar em paz para
variar. Aquela noite, não teria de se preocupar com as observações maliciosas
de Kuno Becker.
Deteve-se no meio da sala ao ouvir vozes no escritório anexo que deveria
funcionar como sala de reuniões.
Em circunstâncias normais Any teria anunciado sua presença, mas como estava
ocupando o lugar de Dulce e não queria comprometê-la, tratou de bater
rapidamente em retirada.
Antes, porém, de alcançar a porta, Any ouviu passos no corredor. O medo de ser
vista foi tão grande que a deixou paralisada no lugar.
Os passos estavam perigosamente próximos agora. Sem não condições de refletir
sobre o que estava fazendo, Any se escondeu atrás da porta e prendeu a
respiração.
As palavras que estavam sendo ditas na outra sala chegavam claras aos seus
ouvidos:
- Dessa forma, continuarei fingindo que
estou interessado em comprar a Danson Components quando minha verdadeira
intenção é adquirir a Palco Technic. Na quarta-feira, portanto, quando o
mercado de ações abrir, pretendo pegar todos de surpresa e ganhar muito
dinheiro.

De seu posto, Any
ouviu a respiração da pessoa que estava junto à porta. Seu coração batia tão
forte que ela teve medo de desmaiar. Como pudera ser tão tola? O carrinho de
limpeza estava parado diante daquela porta. Qualquer um podia adivinhar que sua
responsável estava por perto.
Fechou os olhos e se preparou para ser apanhada em flagrante. Mas, para sua
perplexidade, a pessoa se afastou em vez de entrar.
O alívio foi tão grande que Any quase se ajoelhou e rezou. Mas como não havia
tempo a perder, tratou de sair imediatamente de seu esconderijo.
Mal deu um passo e a porta de comunicação foi aberta de par em par. Petrificada,
Any viu um homem a encará-la com agressividade, quase com ódio.
- O que está fazendo aqui?

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