Fanfic: O engano aya

Any parou de respirar ao ser flagrada encarando-o.
- São três horas da manhã na Grécia -
ele disse. - Vá se deitar e tente dormir um pouco.
- Deitar? - Any balbuciou.

Ele não respondeu. Em vez disso, pressionou um botão
e alguns instantes depois surgiu uma comissária de bordo que recebeu o encargo
de acompanhá-la à cabine-dormitório.
Any  pestanejou ao ver uma cama de casal no compartimento. E antes que
pudesse voltar a si do assombro, a jovem fechou a porta e deixou-a sozinha
Não hesitou. Estava tensa e exausta e nada lhe parecia melhor naquele momento,
do que esticar o corpo. Um corpo que não estava apenas tenso e cansado, Any deu
conta.
O desejo insano que Poncho lhe despertara havia deixado marcas. Seus seios
pareciam ter aumentado e os mamilos estavam rígidos.
Fechou os olhos com força. E se o que estava acontecendo com ela não passasse
despercebido a Poncho Herrera? E se ele já tivesse notado? E se ele a tivesse
banido de sua presença justamente por esse motivo?
Duas horas depois, Any acordou com o chamado insistente da comissária de bordo.
- Srta. Portillo? Srta. Portillo?

Any voltou a si aos poucos e se apoiou sobre um
cotovelo.
Ao ver uma bandeja nas mãos da moça, sorriu e agradeceu. Não entendia a razão
pela qual a comissária continuava fitando-a como se fosse um ser de outro
planeta.
- Nós... Eu... Não gostaria de
importuná-los, mas talvez senhorita deva acordar o Sr. Herrera. O piloto pediu
para avisá-los que aterrissaremos em cinqüenta minutos.

Dessa vez foi Any quem olhou para a comissária sem
nenhuma noção do que estava acontecendo. Por que a garota estava com medo de
acordar seu patrão? Seu humor seria ainda pior quando ele estava com sono?
A comissária balançou a cabeça.
- Alguém precisa acordar o Sr. Herrera
para que ele se prepare para o funeral.
- Funeral?
- Infelizmente o vôo está muito atrasado e os senhores terão de ir direto para
o cemitério. - A comissária hesitou. - Por favor, não interprete mau o que irei
dizer, mas todos nós achamos ótimo que o Sr. Herrera a tenha trazido para
apoiá-lo em um momento difícil como este.

As palavras da comissária afastaram a sonolência por
completo. Agora entendia o porquê de Poncho  Herrera lhe ter comprado
aquelas roupas pretas. E a razão de seu desabafo quando dissera que não queria
companhia naquela viagem.
Tomou seu desjejum o mais rápido que pode e foi ao banheiro. Gostaria de fazer
uso do chuveiro, mas como não havia tempo, limitou-se a vestir o conjunto de
saia.
O que viu no espelho a deixou assombrada. Parecia outra mulher. Estava
sensacional. Nunca se sentira tão bonita antes.
Encontrou Poncho na cabine, na mesma poltrona que ocupava na noite anterior. As
pernas longas estavam esticadas para frente e a cabeça estava apoiada contra o
encosto.
Pela primeira vez, Any sentiu a consciência lhe pesar. Sem a gravata e o paletó
e com a camisa aberta na altura do pescoço, Poncho  Herrera não parecia
arrogante nem autoritário. Adormecido, aliás, ele estava parecendo pouco mais
do que um garoto. Deveria estar exausto. No entanto, preferira o desconforto
para lhe ceder sua própria cama.
Ao pensar que sua tripulação lamentava por ele enquanto ela só lhe dera
trabalho e preocupação, Anahí franziu o cenho.
Armou-se de coragem e sacudiu-o gentilmente pelo ombro. Uma vez foi suficiente.
Ele abriu os olhos e consultou seu relógio de pulso. Levantou-se e, sem dar demonstração
de ter notado sua presença, dirigiu-se ao dormitório.
- Sr. Herrera?

Ele parou, mas não olhou para trás.
- Eu não sabia sobre o funeral.

 Poncho
virou-se e não disfarçou uma expressão de incredulidade
- Não lê jornais?
- Não tenho tempo.
- Acabo de perder meu pai.

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