Fanfic: O engano aya

-
Você ficará comigo - Poncho  informou-a
- Mas o que farei se alguém falar comigo? Não sei nem sequer como seu pai se
chamava.
- Spiros. Ele tinha setenta e um anos e eu era seu único filho. Ele era um bom
homem e morreu dormindo inesperadamente.
- Você não teve chance de se despedir dele. Isso é muito duro. - Any murmurou.
Sabia como seu patrão estava se sentindo. Também era órfã.

Mas Poncho encarou-a quase com raiva.
- Poupe-me de sua compaixão. Meu pai e
eu estávamos afastados um do outro há tempos
- Eu estava sendo sincera. Quem foi o culpado pela separação?

Any percebeu que havia cerrado os punhos durante a
conversa. Era óbvio que ele estava sofrendo.
-Fui eu.
- Você não poderia ter adivinhado que ele iria morrer de repente.

Poncho desceu da limusine sem responder.
Todos os criados se encontravam à espera no opulento hall de entrada. Poncho
cumprimentou-os rapidamente. Com a respiração suspensa ao ver as estátuas e
quadros que decoravam o local, Any não se atreveu a segui-lo, permanecendo
junto à porta.
No instante que Poncho se virou e a chamou com impaciência, ela viu uma mulher
morena belíssima se aproximar.
Quase morreu de vergonha quando Any a segurou pela mão diante de todas aquelas
pessoas. A mulher não deveria ter mais de trinta anos. Seus cabelos pretos e
curtos e seus olhos escuros exóticos contrastavam com a pele alva e acetinada.
Sua roupa e suas jóias eram lindas e exclusivas.
- Helena - Poncho murmurou e apertou a
mão de Any com tanta força que ela quase gemeu de dor.

Helena beijou-o no rosto e saudou-o em grego. Poncho
não as apresentou, mas Any não se ofendeu com isso. Não tinha nenhuma pretensão
de conhecer os parentes e amigos de Poncho Herrera. Não estava ali porque
queria se pudesse, voltaria para casa naquele minuto.
Os três se dirigiram a um amplo salão onde já se encontravam muitas pessoas. Ao
vê-las procurarem Poncho e Helena, Any tentou escapar para um canto, mas Poncho
a impediu. E antes que ela pudesse perguntar o que pretendia fazer, ele
apresentou-a aos visitantes, sem se importar com os olhares de indisfarçável
curiosidade.
Alguns minutos depois, quando um homem alto e corpulento de cabelos grisalhos
abraçou Poncho, Any aproveitou para ir ao terraço e respirar ar puro.
A vista da baía era esplêndida. O céu estava sem nuvens.
Do alto do rochedo dava para ver a floresta de pinheiros e flores silvestres e,
mais além, o mar azul-turquesa.
Ali permaneceu por um longo tempo. Estava exausta. Os cochilos não haviam
conseguido compensá-la pela noite mal-dormida.
Quando se voltou para verificar o cenário dentro da casa, a primeira pessoa que
viu foi Poncho. Com sua altura, ele se destacava entre os demais. Suas feições
másculas e atraentes estavam crispadas. Ele parecia inquieto. Olhava em todas
as direções o tempo todo. Então a viu, iluminada pelo sol e sua expressão
demonstrou alivio.
Embora estivessem distantes um do outro, Any sentiu a garganta secar quando
seus olhares se encontraram. E não conseguiu enxergar mais nada exceto ele. As
pessoas pareciam ter desaparecido ao redor de Poncho.                                                  
E ele caminhava entre elas como se também não as estivesse vendo.
- Onde esteve? - Poncho perguntou quando
chegou ao terraço.

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