Fanfic: O engano aya

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Você é loira e desapareceu como em um passe de mágica aquela noite - disse uma
delas. - Não tem nada para nos contar?
- Eu? - Any fingiu espanto.
- Que imaginação! - caçoou a outra. - Any estaria ocupada demais fazendo um
sermão ao Sr. Herrera sobre assédio sexual para sair com ele!
- Bem, o papo está bom, mas eu não quero me atrasar - Any se desculpou e se
apressou a sair do refeitório.

Ao final do expediente, voltou para casa de ônibus.
Estava cansada e tensa. E a tensão chegou ao limite quando, ao se aproximar da
livraria, viu uma limusine prata parada à porta.
Seu coração batia tão forte que o ar chegou a lhe faltar. Poncho desceu assim
que a viu. Estava lindo como sempre. Trajava um terno grafite com camisa clara
e gravata em tons degrade. Bastava olhar para ele para saber que era um homem
rico e sofisticado. Como pudera sonhar com um futuro em comum?
Any não parou diante da limusine, mas seguiu direto para a livraria.
- Não é justo - ela reclamou ao procurar
a chave na bolsa e sentir a aproximação às suas costas. - Eu disse que não
queria tornar a vê-lo.
- Eu vim pedir que me desculpasse. Sinto muito.

Any não estava em condições de olhar para Poncho
quanto mais de ouvi-lo. Sua mão tremia ao tentar introduzir a chave na
fechadura.
Sem dizer nada, Poncho tirou a chave de sua mão, abriu a porta e deu um passo
para trás. Any entrou na livraria e desligou o alarme.
- Não quero falar com você e nem acho
que você tem nada pra falar comigo?                                                                     
- Sim, eu tenho. Sou
seu amante. - Any quis contradizê-lo, mas não houve chance. - Eu avisei que não
sou do tipo que procura romances de uma só noite. Entendo que ainda esteja
zangada comigo, mas isso passará.
- Nosso romance foi um sonho, uma fantasia - Any murmurou, amarga.

Um sorriso radiante surgiu nos lábios de Poncho, mas
antes que ele pudesse falar, Any continuou:
- Mas agora estamos de volta ao mundo
real.
- Chindos consta nos mapas. É uma ilha na Grécia.
- O lugar pode ser real, mas aqueles dias não foram reais para mim. A ilha era
paradisíaca. Eu caminhei pela praia sob o sol e também sob a lua, tive a
companhia de um homem lindo e sensual e nós dois vivemos uma experiência
maravilhosa. Mas depois alguém estalou os dedos e eu acordei do transe.
- O que está querendo dizer? - Poncho perguntou.
- Que nós dois nos deixamos levar pelas circunstâncias e esquecemos quem
éramos.
- E o que somos além de um homem e uma mulher que se desejam?
- Eu sou uma garota pobre e você é um magnata grego. Não adianta tentar fugir
da verdade. Se não tivesse acontecido aquele problema, eu teria limpado seu
escritório o resto de minha vida sem que você soubesse de minha existência.
- Eu teria notado você.
- Não, não teria - Any negou. - Pessoas como você nunca olham para pessoas como
eu.
- Mas eu olhei e não irei desistir -  Poncho afirmou. - Quanto a você ser
uma simples funcionária minha, isso é um problema fácil de resolver.
- Um problema? - Any repetiu intrigada. - Do que você está falando?
- Eu quero que a fantasia continue - Poncho disse por fim ao mesmo tempo em que
a enlaçava pela cintura. - Acho você adorável, yineka mou. Não terá mais de
trabalhar. Vou lhe comprar um apartamento...
- Um apartamento? - Any pestanejou.

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