Fanfic: O engano aya

-
Aonde você foi? - A voz de Poncho interrompeu os devaneios de Any. - Está
exausta, não?
- Devo estar grávida - Any disse sem pensar.

Poncho empalideceu e ela praguejou consigo mesma por
sua atitude. Não pretendia contar a ninguém sobre seu estado enquanto não
tivesse certeza. Mas não estava sendo ela mesma havia dias. Não notou nem
sequer que não se encontrava onde esperava estar até que a porta do elevador
fechou.
- Você disse que iria me levar para
casa!
- Estava me referindo a minha casa - Poncho explicou.

A porta foi aberta por um mordomo grego que os
acompanhou a uma sala onde não faltavam móveis finos nem quadros famosos, muito
menos espaço.
- Gostaria de trocar de roupa -
Any  murmurou.

Poncho a conduziu a um quarto de hóspede
luxuosamente decorado. Any se apressou a tirar o uniforme e as sapatilhas de
brim. Depois lavou o rosto e as mãos e em seguida vestiu a roupa que Demétrius
apanhara em seu armário: uma saia preta curta e justa, uma blusa de linha de
mangas curtas e sandálias pretas.
Não guardou as peças que compunham o uniforme. Nada no mundo a faria pisar
novamente no prédio da Herrera International.
No corredor, Any notou um retrato que não havia visto ao se dirigir à suíte de
hóspedes. Era de um grupo de três pessoas em trajes de noite. Poncho estava com
um homem alto e mais velho. O pai, certamente. A semelhança era incrível. A
outra pessoa era uma mulher que Any reconheceu de imediato. Helena Texiakos.
Respirou fundo. Por que estava ali parada diante do retrato? De que adiantava
adiar o inevitável?
Entrou na sala e não esperou que Poncho a notasse para dizer:
- Não pretendia contar a você. Foi um
gesto impensado. Ainda não fiz o teste.
- Marcou consulta com seu médico?
- Não
- Então eu a levarei a um.
- Não é necessário.
- Eu acho que é. A palavra de um médico é muito mais confiável.

Any cruzou os braços, mas antes que pudesse
insistir, Poncho continuou.
- O assunto diz respeito a mim tanto
quanto a você.

Não diga Any  pensou. E já podia sentir a
distância entre eles. Tornara-se muito maior. Reconhecia que Poncho estava se
comportando com decência e que estava preocupado com ela.
- Está abafado aqui - Any murmurou - Eu
gostaria de ir ao terraço e respirar ar fresco.
- À noite esta fria.
- Feche as portas depois que eu sair- Any resmungou.

Poncho apanhou um controle remoto. Assim que
pressionou um botão, as portas de vidro deslizaram. A vista do rio Tâmisa era
magnífica. Mas Any não conseguiu apreciá-la. Tudo que conseguia ver a sua
frente era o choque nos olhos de Poncho.
Alguns instantes depois sentiu que ele estava se aproximando. Uma vontade louca
de chorar a invadiu quando os braços dele a envolveram e a fizeram deitar a
cabeça em seu peito.
- Você está gelada! - Poncho observou. -
Vamos entrar.
- Eu quero ir para casa - Any disse apenas. Amava-o demais e não estava
suportando saber que seu amor não era correspondido.
- Não esta noite. Não quero que fique sozinha.
- Não seja tolo. Vivo sozinha há anos. Posso cuidar de mim mesma. Não sou como
você que foge de problemas quando acredita que não está preparado para
resolvê-los.

 Poncho
suspirou.
- Está se referindo ao que lhe contei
sobre a exigência de meu pai. Mas nosso caso é diferente. Não é como um
problema que encaro esta situação - Poncho declarou e puxou-a para dentro -
Venha comer alguma coisa.

Any se soltou e
afundou no sofá.
- Não estou com fome.
- O que tiver de ser será, yineka mou - Poncho declarou, solene.
- Você não esperava enfrentar um problema como este, confesse.
- É verdade - Poncho admitiu. - Estou acostumado com mulheres mais experientes.
Não computei o risco que corríamos.
-Por que usa o verbo sempre no plural?- Any indagou mal-humorada. - Não existe
nada entre nós, afinal de contas.
- Você continua zangada comigo - Poncho estendeu as mãos e Any sentiu as
lágrimas arderem em seus olhos. - Venha aqui.

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