Fanfic: O engano aya

-Só
mais uma pergunta - Dulce implorou - Você o rejeitou?

Como não esperava um ataque tão direto, Any não
soube o que responder. Dulce balançou a cabeça e estalou os dedos.
- Então nós acertamos! Ele ouviu um não
pela primeira vez em sua vida e seu ego não agüentou!

Any teve uma surpresa ao voltar para casa aquela
noite. O sobrinho do Sr. Barry estava sentado à mesa do escritório, examinando
as contas.
Preocupada, Any perguntou sobre o estado de saúde de seu patrão. Christopher
Barry se levantou e com toda sua arrogância se limitou a informá-la que o tio
havia se aposentado e que ele estava assumindo a direção da loja a partir
daquele momento.
O mundo terminou de ruim para péssimo.
-Mas... E seu emprego? 
- Eu pedi demissão. Tenho algum dinheiro e pretendo investi-lo na modernização
da loja. Sinto muito, mas como estarei aqui o tempo todo, não precisarei mais
de seus serviços.

Any sentiu o chão desaparecer sob seus pés.
- Como disse?
- Não precisarei de ajudantes.

Desesperada, Any tentou se agarrar a sua última
esperança.
- Está ciente de que seu tio prometeu
que me venderia à loja quando se aposentasse?

Christopher Barry sorriu com malícia.
- Meu advogado me garantiu que não há
nada que você possa fazer. Não existe nenhum acordo por escrito nem
testemunhas.
- Mas...                                                                                        
    - Meu tio deveria lhe ter
comunicado há semanas que mudou de idéia. Se ele não teve coragem de fazer
isso, a culpa não é minha. Entre vender a livraria a uma estranha e a alguém da
família, é lógico que ele optou pela família.

Any manteve-se firme apesar do tremor em suas
pernas.
O prospecto de comprar a livraria estava sendo sua tábua de salvação desde que
perdera seu emprego na Herrera International. Agora, sua sensação era de estar
afundando.
- Receberá todos seus direitos, é claro
- Christopher Barry garantiu - Inclusive um mês de aviso prévio. Ao final do
prazo, receberá seu dinheiro e também deverá deixar o quarto que ocupa.
- Eu irei embora daqui antes disso - Any afirmou.
- Se fizer isso, para mim será ótimo.

Christopher Barry não precisou mais fingir que
estava examinando as contas. Feita a comunicação, ele foi embora.
Any não teve forças para subir a escada. Sentou-se em um dos degraus e escondeu
o rosto com as mãos. Cinco anos de sacrifícios para quê? Cinco anos sem férias,
guardando cada centavo que podia economizar, para quê? Quanta ingenuidade!
Sonhara alto e a queda fora terrível. Agora, teria de arranjar outro emprego e
outro lugar para morar.
Por fim, quando resolveu subir para o quarto, a campainha soou e ela espiou
pela vitrine. Quase caiu para trás quando viu quem era.
- Ei, Any! Não vai abrir para mim? -
Kuno Becker perguntou quando percebeu que havia sido visto.

Surpresa, Any abriu a porta.
- Como soube que eu morava aqui?

Kuno era todo sorriso. Sua pele estava bronzeada
como se tivesse passado férias na praia.
- Dei uma espiada em sua pasta no
arquivo do departamento de pessoal antes de deixar o emprego. Faz tempo que
estou querendo lhe fazer uma visita, mas você sabe como é...
- Muitas mulheres e pouco tempo? - Any caçoou.

Kuno passou as mãos pelos cabelos loiros com orgulho
e prazer.
- Não daria para eu entrar? Está frio
aqui fora.
- Sinto muito, Kuno, mas não estou com disposição para gentilezas. Você me
perturbou demais quando ainda trabalhávamos na Herrera International. A
propósito, você saiu de lá sob nuvens negras, não?                                                
- Ao contrário - ele retrucou - A sorte sorriu para mim e eu sai para
ganhar mais.
- E seu novo emprego continua firme? - Any não resistiu ao ímpeto de
provocá-lo. De acordo com Poncho, Kuno não ocuparia a nova posição por muito
tempo.
- Não. Mudei para outro ainda melhor. Vamos dar uma volta no carro que a empresa
colocou a minha disposição?
- Estou grávida, Kuno.

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