Fanfic: O engano aya

Poncho olhou para ela e não respondeu. Durante o
trajeto, Any cogitou se não estaria exagerando em sua demonstração de ciúme.
Helena, afinal, não fizera nada de tão grave para que estivesse se sentindo tão
ultrajada.
- Estou preocupada. - Any resolveu mudar
de atitude - Há muitos convidados e eu não conheço ninguém. Todos aqui
presentes esperavam que você casasse com Helena, não comigo. E eles não seriam
humanos se não estivessem tentando entender à razão. Se desconfiarem que eu esteja
grávida acertaram em cheio. Eu estou grávida. Tenho vontade de desaparecer de
vergonha.

A frieza desapareceu do olhar de Poncho. Ele segurou
a mão de Any e apertou-a.
-Não diga isso. Estou orgulhoso de você.
Você está carregando meu filho.
- Talvez eu tenha exagerado sobre Helena.
- Não. Eu fui apressado demais em minhas conclusões. Peço que me desculpe. Eu
deveria ter me colocado em seu lugar.

Era incrível como uma conversa franca podia fazer
diferença. Em vez de censurá-la, agora Poncho estava lhe beijando a mão. Any
estava se sentindo novamente feliz.
- Além de tudo, você não tem ninguém de
sua família a seu lado em um dia que desejamos ter todos os amigos e parentes
comemorando conosco.
- Minha mãe estaria radiante.

Any calou ao se lembrar do pai de Poncho. Spiros
Herrera certamente detestaria ver seu único filho casado com uma mulher simples
e comum. Helena, em contrapartida, corresponderia a todas suas expectativas.
Poncho deveria ter notado que uma sombra havia caído sob o rosto de Any. Sem
dizer nada, ele a abraçou e a fez repousar a cabeça em seu peito.
O calor e o perfume de seu marido a fez reagir. Mais ainda, sua sugestão.
- Já fez amor em uma limusine?

Ela riu de excitação.
- Outra vez, quem sabe? Agora, pretendo
entrar no Savoy e cumprimentar os convidados com minha maquiagem e meus cabelos
em ordem.
- Tenho certeza de que conseguiria convencê-la, se me esforçasse...
- Mas você não irá se esforçar, não é? - Any piscou - Não agora.

No hotel, ao receber os cumprimentos, Any não
consegui fingir indiferença quando Helena a beijou e parabenizou.
Poncho notou sua mudança de expressão e sussurrou:
- Tente enxergar a situação com os olhos
dela.

Any fez um movimento afirmativo com a cabeça, muito
corada. Nunca tivera facilidade em esconder suas emoções. Seu encontro com
Helena fora constrangedor. Mas, de repente Helena poderia ter se arrependido do
que dissera. Não valeria a pena tentar esquecer o que acontecera entre elas?
Nathan Parker lhe apresentou sua esposa, Vick uma loira simpática e risonha.
- Gostaria de tê-la conhecido antes.
Pensei em pedir o numero seu telefone a Poncho e lhe ligar para oferecer meus
préstimos. Mas achei que você estaria ocupada demais para conversas.
- Eu teria gostado muito de conversar com você - Any respondeu, cada vez mais
convencida de que havia uma e verdadeira amizade entre seu ginecologista e seu
marido.
- Você parece ser como eu - continuou Vick Parker - Não sou cerimoniosa como...
Bem...

Any entendeu que a esposa do médico estava se
referindo a Helena. Mas antes que pudesse responder Nathan a salvou do
constrangimento.
- Vick e eu esperamos que em breve vocês
viessem passar fim de semana conosco em nossa casa de campo. Se é que vocês não
se importam de dividir suas atenções com três crianças, que não param quietas
nem sequer por um minuto, e com um cachorro que nos segue por toda parte.
- E de comerem o trivial. Confesso que não sei preparar pratos sofisticados.
- Meus gostos são simples - Any declarou - E terei prazer em ajudá-la.

Poncho não tentou disfarçar a surpresa.
- Você sabe cozinhar?

Nathan deu um tapinha no ombro de Poncho.
- Any, seu marido não sabia nem sequer
acender o fogo a primeira vez que ficou conosco.
- Eles formam um par adorável - Any disse a Poncho durante o jantar - Você
conhece Nathan há muito?                                  

- Quando
tinha dezenove anos e bati o carro, Nathan era residente no hospital para onde
fui levado - Poncho balançou a cabeça e sorriu divertido.
- O que foi? - Any quis saber
- Não aconteceu nada de grave comigo, mas meu pai comportou como se eu
estivesse à morte e Nathan me salvasse. Eu nunca vi ninguém ficar tão corado.
Acho que Nathan concordou em passar um fim de semana em nosso iate só para se
livrar depressa de meu pai, quando ele quis demonstrar sua gratidão.
- Entendo como seu pai se sentiu. Você era seu único filho.

Uma forte emoção passou pelos olhos de Poncho.
- Eu gostaria que meu pai tivesse
conhecido você...
- Não creio que ele aprovaria sua escolha - Any respondeu sincera.
- Por que se diminui Any? - Poncho indagou.
- Por quê? - Any sorriu - Porque você só aprendeu a acender o fogo depois de
adulto. Eu tive de começar a preparar meu próprio chá desde a idade de sete
anos.
- Não é de admirar que não tenha facilidade em se apoiar em mim.
- Eu não costumo me apoiar em ninguém. Tenho medo de derrubar as pessoas e
também de cair.

Poncho não achou graça da brincadeira.
- Precisa aprender a confiar em mim,
pethi mou.

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