Fanfic: O engano aya

-
Aonde? - Any perguntou com um fio de voz.
- Ao topo do edifício. Há um helicóptero a nossa espera para nos levar ao
aeroporto.

Se Alfonso Herrera  tivesse lhe contado que
havia um dinossauro no telhado, ela não teria se portado de maneira diferente.
Estava tão atônita que seus pés se recusavam a obedecê-la.
Any ouviu seu nome como se a voz estivesse muito distante. Seu olhar não
conseguia focalizar nada. De repente, sentiu-se puxada pela mão e levada para
uma sala com paredes de vidro.
- Isso não pode estar acontecendo comigo
- murmurou consigo mesma.
Mas ele a ouviu, pois manifestou a mesma opinião.
- Nem comigo. Eu não tinha planos de
levar uma acompanhante nesta viagem.

Ao chegarem ao topo do prédio, Alfonso Herrera 
empurrou uma pesada porta de aço. No mesmo instante, Any teve a impressão de
que seria carregada pelo vento. Embora já estivessem na primavera, o frio
estava intenso. Para se proteger, Any cruzou os braços sobre o peito.
- Você não me deixou pegar nem sequer
meu casaco! -Anahí protestou com uma veemência que surpreendeu não apenas
Alfonso Herrera, mas a ela mesma.

Sem dizer nada, ele parou e começou a desabotoar o
casaco que estava usando. Mas ela o impediu de continuar.
- Não perca seu tempo! Eu prefiro pegar
uma pneumonia!
- Então congele calada! - ele esbravejou.

Any não se deixou intimidar pelo olhar nem pela
resposta rude. Tinha certeza de que estava ainda mais zangada do que Alfonso
Herrera. Aliás, se não fosse pela presença do piloto, ela não teria conseguido
ficar calada.
- Eu lhe comprarei algumas roupas no
aeroporto in formou o magnata. - Teremos tempo de sobra até que Demétrius traga
seu passaporte.
- O que espera que eu faça? Que agradeça? - Any continuou incapaz de se
dominar.

As hélices começaram a girar naquele instante e os
dois foram obrigados a desistir da briga. Não adiantaria continuar discutindo,
afinal. Não com aquele barulho.
 "Isto não está acontecendo comigo", Any
tornou a dizer a si mesma. Alfonso Herrera não havia se dado por satisfeito com
ameaças e chantagem. Agora ele a estava raptando! Afinal, que escolha lhe dera?
Nenhuma! Como poderia permitir que Dulce fosse demitida da empresa por ter tido
a generosidade de ajudá-la? Em sua idade, ela teria sérias dificuldades para
encontrar outro emprego e dependia de seu salário para viver.
Any, contudo, não precisava se preocupar com sua sobrevivência. Tinha outro
emprego durante o dia e uma ótima conta bancária. Mas perder sua colocação na
Herrera International poderia significar o adiamento de seu sonho justamente
quando estava prestes a realizá-lo.

Vinha se sacrificando
havia anos, economizando cada centavo que podia de forma a juntar o suficiente
para comprar a livraria onde trabalhava desde seus dezesseis anos. Para a
entrada e algumas prestações já havia conseguido reunir a quantia necessária.
Mas seria preciso fazer um empréstimo bancário para cobrir o restante da dívida
e a perda de seu emprego noturno poderia significar uma recusa por parte do
gerente.
Não, não podia perder aquele emprego. A questão tempo era fundamental. Seu
velho patrão estava querendo vender a loja e se aposentar. Ela não podia correr
o risco de ver a livraria ir parar em outras mãos.
Mas como convenceria Alfonso Herrera de que ela não era uma espiã? Espiã Céus,
o homem deveria ser paranóico Ou estava lendo histórias policiais em excesso.
Só alguém com imaginação muito fértil poderia chegar à conclusão de que sua
faxineira era uma espiã. O que havia de tão grave, afinal, em ela ter entrado
por engano em sua sala?

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