Fanfic: O engano aya

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Então por que está fazendo isso com ele?
- Poncho deveria ter contado tudo a você, Vick. Vocês são amigos. Se ele
prefere fazer segredo do motivo de nossa separação, não serei eu a revelá-lo.

Depois que Vick se despediu, Any ainda quis ficar
sentada no banco do parque, tentando ordenar os pensamentos. Quando viu Poncho
se aproximando, seu coração quase parou.
- Eu não teria marcado um encontro com
Vick se soubesse que ela iria lhe contar - Any murmurou.
- Até os criminosos têm o direito de se defenderem - Poncho respondeu.

Any baixou os olhos. Se Poncho continuasse olhando
para eles, descobriria como estava se sentindo.
Em meio ao tráfego, Any pensou que Poncho havia perdido peso naquelas duas
semanas e meia. Não parecia que eles eram casados e que haviam sido felizes
alguns dias. Um imenso abismo os separava naquele momento.
- Onde está hospedada? - Poncho quis
saber por fim.
- Em uma pensão no subúrbio.
- Não lhe ocorreu que eu ficaria preocupado?
- Não precisaria ter ficado. Você sabe que eu sempre me virei sozinha. Não sou
do tipo dependente.

Fez-se silêncio por mais um longo tempo.
- Mas eu sou! - Poncho tornou a falar.
-Você se preocupou à toa. Eu não pretendia desaparecer para sempre. Nunca tive
a intenção de cometer uma tolice. Deixei isso bem claro no bilhete.
- Como eu poderia esquecer? "Poncho, eu sinto muito, mas precisei esvaziar sua
carteira. Nosso casamento foi um erro. Entrarei em contato. Não me procure. Não
que espere que faça isso."

De repente, Any sentiu-se ridícula. Parecia uma nota
deixada por uma criança.
- Eu estava nervosa - tentou se defender
- Você não deveria reclamar. Ao menos não fui embora sem avisar.
- Sim - Poncho suspirou - Você tem razão sobre isso.
- Não imaginava que você fosse se preocupar... Tão cedo.
- Não foi cedo, Any. Você só telefonou após onze dias.
- Eu precisava de tempo para pensar - E descobrir uma forma de viver sem você,
de esquecer os momentos que passaram juntos.
- O que tem feito?
- Planos - Any respondeu.  

E era verdade. Ela não havia conseguido fazer nada
além de andar ou mesmo, de se sentar em algum lugar quando sentia cansaço, de
se alimentar por causa do bebê e de esvaziar caixas e caixas de lenços de
papel, principalmente à noite.
Desceram da limusine. O gesto foi tão automático que Any não notou que não se
encontravam diante do prédio onde Poncho morava. Encontravam-se diante da casa
em estilo georgiano que visitaram no dia em que ela resolveu deixá-lo.
- O que estamos fazendo aqui?
- Eu comprei a casa. Para nós.

Poderia acreditar
nisso? Naquelas duas semanas e meia de afastamento, Any havia tentado recordar
tudo que Poncho fizera e dissera em um esforço para encontrar motivos
suficientes para arrancá-lo definitivamente de seus pensamentos. Uma total
perda de tempo. Bastara vê-lo para que seu coração transbordasse de amor e de
saudade daquela primeira noite em Chindos.
- O que fez com o resto de minhas
coisas? - Poncho perguntou após um longo silêncio.
- Elas estão aqui.
- Onde?
- Na suíte principal.
- Você não disse aos empregados que eu não iria voltar, disse?- Any começou a
subir a escada em direção à porta.
- Aonde você vai? - Poncho indagou.

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