Fanfic: O engano aya

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Por que não me contou que tinha outro emprego? Eu teria entendido. Sou um homem
de bom senso. Mas você preferiu escapar furtivamente a se abrir comigo.

Cada vez que Poncho Herrera se referia a ela como
uma pessoa desonesta, Any sentia vontade de lhe saltar ao pescoço. O que ele
queria? Que ela se ajoelhasse e implorasse para ligar para o Sr. Barry? E o
fato era que a ligação tinha de ser feita, mesmo que em presença daquele homem
intransigente.                                           Por
mais que detestasse mentiras, Any sabia que não teria alternativa. Tinha de
ligar para o Sr. Barry e inventar uma desculpa, o quanto antes.
A franqueza era uma de suas virtudes e um de seus defeitos. Gostava de ser
independente, de tomar suas próprias decisões. Seus dois empregos se encaixavam
com perfeição a seu modo de ser.
Quase uma hora depois, quando o silêncio entre eles estava se tornando
insuportável, o homem que Poncho chamava de Demétrius chegou com seu passaporte
e com suas chaves.
Any observou, irritada que nenhum dos dois olhava para ela enquanto
conversavam. Em grego, obviamente. Resolveu interrompê-los após alguns minutos
de espera.
- Espero que não tenha revirado toda
minha casa.

O homem chamado Demétrius fitou-a com tanta
perplexidade que Any cogitou se alguém havia lhe aplicado uma camada de tinta
invisível sem que soubesse.
- E espero que não tenha se esquecido de
trancar a porta quando saiu.
-Meus seguranças são excelentes - Poncho interrompeu - Quando voltar encontrara
sua casa do jeito que a deixou.

Any ergueu o queixo.
- Deve ser reconfortante para você saber
que seus funcionários podem pular sistemas de alarmes com a mesma eficiência
que assaltantes profissionais.

O modo como Poncho Herrera a encarou era um conselho
para que não tornasse a manifestar suas opiniões. Resolveu acatá-lo. Ou ao
menos tentar. Afinal, aos olhos dele ela era uma simples serviçal. A menos
importante em sua escala de valores. Estava acostumado a ser servido e a ouvir
as pessoas somente quando elas eram autorizadas a falar.
O problema era que Anahí nunca conseguia ficar de boca fechada. Tinha o hábito
de ser franca e direta.
Agora que estavam parados e que ela não precisava correr para acompanhar os
passes de seu patrão, o frio começou a incomodá-la. Lembrou-se do casaco em uma
das sacolas e vestiu-o. Era tão comprido que esbarrava no chão.
Estava terminando de abotoá-lo quando teve a grata surpresa de receber um
celular.
- Sua história foi confirmada por Demétrius.
Pode ligar para o dono da livraria.

O Sr. Barry ficou preocupado ao reconhecer a voz de
Any. Ela se apressou a garantir que não havia nada de errado com a loja e
avisou que teria de faltar ao trabalho por dois dias para cuidar de uma amiga
que estava doente. Antes de desligar, pediu desculpas.
Poncho não afastou os olhos dos de Any mesmo depois que ela lhe devolveu o
celular.
- Você é uma mentirosa convincente.

Horas mais tarde, Any não cabia em si de espanto.
Aquilo não era um avião, mas um requintado salão de festas. As poltronas eram
forradas de couro, o carpete era alto e macio. O luxo imperava por toda parte.
Mas nem sequer a possibilidade de descansar naquele ambiente agradável melhorou
o humor de Poncho Herrera.
Seu semblante estava carregado. Any queria desviar os olhos daqueles cabelos
que chegavam a ser azulados de tão pretos, dos olhos da cor da meia-noite que
podiam brilhar como estrelas, da boca sensual e do queixo arrogante, mas não
conseguia.
A verdade atingiu-a com a força de um golpe. Poncho  Herrera a atraía como
nenhum outro homem. Era dono de uma beleza rara. Era o homem com que todas as
mulheres sonhavam. Fisicamente Mas sua insensibilidade era notável. Ele nem
sequer era capaz de perguntar se sua prisioneira sentia fome ou sede. Para
conseguir o que queria, Poncho  Herrera era capaz do destruir tudo e todos
que estivessem em seu caminho.
Any parou de respirar ao ser flagrada encarando-o.
- São três horas da manhã na Grécia -
ele disse. - Vá se deitar e tente dormir um pouco.
- Deitar? - Any balbuciou.

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