Fanfics Brasil - 17 A Lenda De Um Amor LALITER (Adp)

Fanfic: A Lenda De Um Amor LALITER (Adp) | Tema: Laliter


Capítulo: 17

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Capitulo dedicado a:


 


sofiasouza:KKK flor ela não é feia mais ela viveu mt tempo no seculo XXI e agora se vc aparece sem maquiagem as pessoas te acham feia rs, obrigada por comentar florzinha.


 


 


laliters23:OMG postado,obrigada por comentar.


 


 


thaynaoll:Postado flor,obrigada pelos elogios,tu é nove neah?se for SEJA BEM VINDA, se não seja bem vinda de novo kkk,obrigada por comentar.


 


 


 


lary_laliter:KKKKK flor se eu mah?eu nadica de nada a mah é vc que me mata de curiosidade na sua web,quarquer coisa se nem eu e nem vc vai pro ceu agente fica no inferno ai eu te ensino a dança kkkkk,obrigada por comentar.


 


 


 


 


 


 




 


 


Sim, pensou Peter, como a vida passara tão depressa? Sem saber que resposta lhe dar, espalmou as mãos em um gesto de impotência e deu de ombros.


 


 


 


Quase perdeu o equilíbrio e caiu de joelhos. Teve que se segurar na coluna da cama, e gotas de suor surgiram em seu rosto, enquanto tremores sacudiram-lhe o corpo.


 


Maldita Paula e sua adaga!, pensou.


 


— Peter ! — exclamou sua nova esposa, tocando-lhe a testa com a mão. — O que houve?


 


O lorde afastou-se, e recuperou o equilíbrio.


 


—    Nada. Descanse um pouco. Eugenia virá chamá-la para o jantar.


 


Lali tentou segurar-lhe a testa de novo.


 


—     Não!


 


Peter afastou-se ainda mais. Precisava descansar também e sacudir a lassidão e a febre que o possuíam, mas sabia que não estava doente. Forçou um sorriso. Sua noiva poderia descansar também. Pediria à Eugenia que desse uma olhada no resto de seu corpo para ver se haviam mais hematomas.


 


Parando na soleira da porta, praguejou em silêncio. Por que Albany escolhera justamente aquela moça? Uma mulher demente! Já que tivera que se casar de novo, por que não lhe tinham permitido ter uma pessoa saudável e normal?


 



Lali parou em frente à janela do quarto e voltou a beliscar o braço. Passar o dia se escondendo ali, e repetindo o tempo todo que era apenas um pesadelo, de nada estava adiantado. O Sol atingira seu ápice, a o vilarejo de Drasmoor continuava do jeito como o vira naquele início de manhã, apenas um punhado de cabanas. Muitos dos barcos a remo haviam retornado, e no momento pelo menos cinqüenta pessoas se encontravam na margem.


 


Como essa mudança pudera acontecer? perguntou-se pela centésima vez.


 


Durante anos devorara romances históricos, em especial sobre a Escócia.


 


 


Com freqüência sonhava que vivia no passado, com um herói escocês moreno e bonito, mas, por Deus! Jamais pensara que isso se tomaria realidade!Ou será que seu desejo de ver Peter o transformara em umser de carne e osso, ocasionando tudo aquilo?


 


 


Parecia que o ditado "Atenção com o que deseja, pois pode se tornar realidade" estava certo.


 


Ali se encontrava, refletiu, no início do século XV, a era do cavalheirismo e do romance, com um lorde escocês muito lindo que a desposara! Lali suspirou, exasperada. 


 


—    Faça alguma coisa, sua tola, ou jamais voltará para o seu mundo — murmurou para si mesma.


 


Resolveu começar pelo mais simples: comer. Estava faminta e depois poderia procurar o marido. 
Marido!?


 


Olhou para o anel que usava, de ouro e rubis. Não se lembrava de Peter Fantasma tê-lo colocado em seu dedo, mas, afinal, não se recordava de muita coisa, apenas do padre realizando a cerimônia.


 


Que estranho! Ela e Peter só se conheciam havia uma semana e mesmo assim apenas tinham tido uma conversa.


 


 


 


Será que o fantasma se apaixonara tão depressa? Por isso aviagem pelo tempo? E, o mais importante, poderia se apaixonar por Peter também?


 


 


Lali gemeu, ante o caos de seus pensamentos, e voltou asentir o estômago roncar de fome. Por força do hábito, procurou em tomo por um espelho, a fim de verificar amaquiagem A idéia de ir ao encontro das outras pessoas no castelo com o rosto lavado a apavorava.


 


Quando Eugenia a ajudara a vestir-se nessa manhã, estivera muito confusa para raciocinar, mas no momento via as coisas mais claras.


 


Deslizou os dedos pelo lindo vestido de brocado que usava, e o colar de pérolas perfeitas. Lembrou-se da batalha que travara com Eugenia, que desejara enfiar-lhe a mesma touca que usava, e que dava às mulheres um ar de freira.


 


Por fim, através de gestos, Lali consentira em deixá-la pentear seus cabelos em duas tranças enroladas, cobrindo-lhe as orelhas, e seguras por presilhas de prata.


 


Tocou o cinto estreito incrustado de jóias e voltou asuspirar. Poderia morrer de fome ali no quarto ou enfrentar os outros sem maquiagem, mas bem vestida. Nenhuma das alternativas a entusiasmava, mas estava com dor de cabeçade tanta fome e então, resignada, beliscou as faces para que ficassem rosadas, mordeu os lábios e dirigiu-se à porta.


 


 


No grande salão, encontrou meia dúzia de homens sentados diante das longas mesas.


 


 


 


Assim que a viram, levantaram-se e fizeram cumprimentosde cabeça. Quando Eugenia entrou, Lali apressou-se a ir ao seu encontro.


 


—    Onde está Peter?


 


Sem esperar pela resposta, tratou de pegar um pedaço depão sobre uma das mesas.


 


—    Lorde Lanzani está com meu marido, três honorable dame.


 


Lali compreendeu que a outra a chamara de honrada dama em francês.


 


—    Onde?


 


—    No pátio interno.


 


Dul sorriu, pois ela e Maite começavam a se entender apesar da diferença de idiomas.


 


—    Posso ter água, por favor?


 


—    Claro, senhora. Será levada ao seu quarto.


 


—    Obrigada, mas prefiro aqui.


 


 


Eugenia franziu a testa e depois deu de ombros, virando-se para sair do salão.


 


Lali comeu o pão, e analisou os homens e a decoração.


 


Mulheres passavam, carregando canecas com cerveja e, como os cavaleiros, tinham longos cabelos loiros e olhos escuros.


 


A idade dos homens variava, mas, a não ser o padre ali presente, nenhum deles tinha um grama de gordura a mais, apesar da quantidade de comida que ingeriam.


 


 


 


Para horror de Lali, maníaca por ordem e limpeza, viu que vários atiravam os ossos de frango no chão.


 


Um estudante de Paleontologia poderia armar umdinossauro com tantos ossos ali, pensou. Não era deadmirar que o salão cheirasse de modo peculiar.


 


Terminou de comer o pão e olhou em volta, à procura de Eugenia, imaginando o que estaria atrasando sua nova amiga. Viu então uma linda mulher que a observava de um canto escuro do salão.


 


Lali lançou-lhe um sorriso amável, e a outra a cumprimentou e levantou-se, começando a se aproximar. A pele perfeita, os olhos cor de chocolate e os cabelos claros.Oh, meu Deus! Mais uma mulher maravilhosa no meu caminho! pensou, achando que, ao lado da outra, pareceriaum mostrengo.


 


 


—    Bonjour, três honorée dame. Je m `appelle Maria Del Cerro — disse a linda visão em francês.


 


 


—    Muito prazer. Desculpe, mas não falo francês.


 


—    Não? — replicou Maria. — Mas é a língua da alta sociedade. Deveria falar.


 


—    Mas não falo, lamento.


 


—     Muito bem. Sou Maria Del Cerro, e dou-lhe as boas-vindas.


 


Entretanto algo fez Lali pensar que a morena não estava lá muito contente com sua chegada e tratou de dissimular.


 


—    Obrigada — fez um sinal para o assento ao lado. — Sente-se, por gentileza.


 


Enquanto Maria obedecia, analisou-a com cuidado. Os lábios polpudos e rosados, os longos cílios escuros e a pele maravilhosa não eram resultado de um bom batom, rímel ou pó compacto, mas da própria Mãe Natureza.


 


Até a cor fúcsia de seu traje realçava sua beleza, acentuando as curvas do corpo delgado. Dul respirou fundo e esforçou-se para engolir o desconforto.


 


Tem um sotaque estranho — murmurou Maria. — De onde vem?


 


— América — replicou Lali sem pensar, mas ao ver a outra franzir a testa, explicou. — Venho de longe, do outro lado do oceano.


 


— Ah! E seu dote?


 


— Como disse?


 


— Suas terras e bens.


 


Lali sufocou um sorriso.


 


— Tenho um castelo em uma ilha. Anahí fez um gesto, abarcando o salão.


 


— Como este?


 


— Idêntico.


 


A resposta pareceu não satisfazer a dama, que passeou o olhar pelo corpo de Lali.


 


— Se é rica, por que usa o vestido da terceira esposa de lorde Peter?


 


Será que ouvira bem? pensou Lali. Terceira esposa?! De repente o pão que comera pareceu formar um bolo enorme em seu estômago. Afinal, quantas esposas Peter tivera? Só lera nos diários sobre uma. Será que aquela mulher a seu lado, com seu lindo nariz empinado, estava insinuando que era a número quatro? E onde estaria Eugenia com a água? Parecia que iria morrer, tamanha a secura na garganta.


 


— Deve ser muito íntima de seu tio, o duque de Albany — prosseguiu Maria.


 


— Não... Nunca o conheci.


 


Lali não prestou atenção ao que Maria disse a seguir, preocupada com as outras esposas de Peter. Será que existi divórcio nessa época? Era pouco provável, refletiu.


 


Maria tocou-lhe o braço para chamar sua atenção.


 


—    Então será que Albany a julga digna de se casar com Peter?


 


Lali deu de ombros.


 


—    Pergunte a ele, Maria. Não tenho a menor dica arespeito.


 


—    — Dica?


 


Lali não teve tempo de explicar que era uma gíria, pois Eugenia aproximou-se, toda contente, trazendo uma grande bacia com água fumegante, toalhas e um pequeno espelho.


 


—    Eis o que pediu, senhora.


 


A atual lady Lanzani soltou um gemido, e Eugenia aproveitou para fazer uma cortesia e se afastar. Com passos tranqüilos, retomou para o seu canto escuro no salão.


 


 


 


Pegou o bordado que lá deixara e fingiu mergulhar no trabalho, mas o tempo todo, sob os longos cílios negros, observava a senhora de Blackstone.


 


Então essa é a nova esposa que Peter, o Moreno, arrumou para me atormentar, pensava. A nova castelã de Blackstone de fato não é nenhuma beleza.


 


 


 


Como irá se livrar dela? Será, sem dúvida, a mais fácil deeliminar, pois matar não é problema para Peter. E se não o fizer, eu poderei fazer...



Peter passou a mão pelos cabelos em um gesto agitado, enquanto examinava os papéis que Nicolas Silverstein lhe trouxera.


 


—    Temos o suficiente para finalizar a igreja e enfrentar o inverno?


 


Nicolas aquiesceu.


 


—    Oui. Sim, milorde, porém só se desistir da efígie em metal de sua finada esposa Juliana. Grave apenas seu nome na lápide, e esqueça o luxo.


 


O coração de Peter encheu-se de tristeza. Apesar denão ter amado Juliana, prometera a si mesmo, depois que ela morrera, que seria imortalizada no bronze.


 


 


 


Não fizera tal promessa à segunda e à terceira esposas, mas Juliana fora uma boa mulher e merecia a honraria. Além disso, a irmã Maria e o pai, esperavam tal gesto desua parte.


 


Passeou o olhar pelo pátio e olhou para o ferreiro que fazia as dobradiças da porta para as quais ainda nem conseguiraa madeira necessária. Talvez devesse ter aceito a oferta do duque de Albany, refletiu. Ainda não era tarde demais.


 


 


Poderia envergar a armadura e de novo vender sua alma e seu braço, tomando-se um mercenário que lutaria na Normandia pelo rei francês contra Henrique IV da Inglaterra.


 


A idéia de tornar a ferir e matar homens que nem conhecia, e contra os quais não tinha nenhum ressentimento, era terrível, assim como a perspectiva de deixar Blackstone inacabado e sob a guarda de homens inexperientes. Sabia que Gaston e Pablo insistiriam em acompanhá-lo, mas...


 


—    Pare de se apoquentar, Peter— disse Nicolas, interrompendo seus pensamentos sombrios. — Vai acabar doente.


 


—    Perdemos a maioria do gado no inverno passado, Nicolas. Sabe muito bem que talvez tenhamos que sacrificar os novilhos,


 


—    Sim, mas a pesca vai bem, as mulheres estão salgando as postas de peixe, e as colheitas parecem promissoras, portanto não morreremos de fome.


 


—    Possibilidade e realidade são duas coisas diferentes.


 


—    Peter, não confia em mim?


 


Peter olhou para seu conselheiro, o homem que havia dez anos fora condenado pelos habitantes da vila a morrer na fogueira, e suspirou.


 


—    Claro que confio. Conseguiu manter nosso clã vivo todo esse tempo apenas com algumas moedas de prata.


 


—    E continuarei a fazê-lo — entregou a Peter umconvite com o selo real. — O torneio será realizado em honra do aniversário de Sua Majestade, dentro de dois meses.


 


 


 


Nenhum homem é páreo para você na justa ou na arena, portanto seus temores são infundados, mon ami.


 


Assim dizendo, Nicolas deu-lhe um tapinha nas costas e foi embora.


 


Peter cerrou os dentes, lutando para ignorar a dor, que descia-lhe pela espinha dorsal e o braço esquerdo.


 


—    Amada Mãe de Deus, por que não fico curado?


 


 


Alguém falou às suas costas:


 


—    Precisamos conversar.


 


Voltou-se e ficou frente a frente com sua nova esposa, ali parada e com as mãos nos quadris, e que por certo não o ouvira imprecar. Franziu a testa ao vê-la em plena luz do dia. Mesmo sem os hematomas, era a mulher mais sem graça que já conhecera!


 


Passeou o olhar pelo corpo delgado, e imaginou se teria condições de ter um filho e amamentar, ou mesmo satisfazer os desejos de um homem como ele, que adorava as fêmeas de seios grandes.


 


—    Quantos anos tem? — perguntou à queima-roupa.


 


De modo instintivo, Lali colocou as mãos sobre os seios.


 


—    Vinte e três. Por quê?


 


A resposta o espantou. Tinham-lhe dito que era uma moçade dezesseis anos. Que outras mentiras Albany teria contado?


 


—    Peter, precisamos conversar — disse Lali. — Necessito saber como vim parar aqui, pois é necessário que volte. E por que se casou comigo? Por certo não nos conhecemos muito bem — suspirou de modo exasperado, e encarou-o.


 


—    Já sei.


 


 


—    E provável que tenha criado esta alucinação com meus tolos devaneios, mas... — fez um gesto amplo com os braços, indicando tudo ao redor. — Na verdade, nada disso é como imaginei. Não com os homens esvaziando a bexiga do alto do parapeito do castelo para o oceano, restos de comida sendo jogados no chão, vestidos de sua terceira esposa emprestados para mim... que não me servem muito bem, como já deve ter notado... E ninguém entendendo que quero água para beber, e não lavar as mãos!


 


Peter franziu a testa. O que diabos ela estaria dizendo em seu inglês atrofiado? Por que desejaria beber água e não vinho ou cerveja? E o que a fazia pensar que toleraria aquele tom de voz agressivo em uma mulher?


 


—    Esposa, não gostei de seu discurso nem das queixas.


 


Vendo que os homens ao redor paravam de trabalhar para observar a cena, tomou Lali pelo braço, empurrando-a para o castelo, e murmurou entre os dentes semicerrados:


 


—    Não está sendo alimentada? Não tem o que vestir? Por que está tão zangada?


 


—    Pare de agir como um machão! — gritou Lali, tentando desvencilhar-se dos dedos fortes.


 


—    Não, até que se acalme e responda.


 


—    Muito bem — replicou Lali, soando mais desanimada que raivosa, e tropeçando na barra do longo vestido, enquanto subia a escada. —Responderei tudo que desejar, contanto que me ajude aregressar para o meu lugar.


 


 


—    Não! Isso me fará perder meu lar! — Lali apertou a mãos com desespero. — Preciso voltar ao século XXI onde pertenço!


 


Peter piscou diversas vezes. Por certo não ouvira direito, refletiu. Do contrário, a moça era mesmo doida. Mas isso não vinha ao caso; precisava ficar em Blackstone para que ele e seu clã conservassem seu lar.


 


Falaram um com o outro durante muito tempo, mas sem estabelecer real contato ou entendimento. Por fim, Lali desistiu. Só desejava sair da presença de Peter.


 


 


Sabia que estava com os olhos e o nariz vermelhos, sem um pingo de maquiagem, e isso era insuportável. Ficava com o rosto inchado sempre que chorava, e devia estar com uma aparência horrorosa,


 


 


Levantou-se em silêncio, e caminhou até uma janela, enquanto Peter, com expressão infeliz, tentava digerir tudo que ouvira.


 


—    Deve estar louca, mulher, se de fato acredita que é umespírito e foi transportada de outra era.


 


Ótimo!, pensou Lali. Não só Peter não se lembrava dela, como era incapaz de compreender! Para piorar asituação, não parava de chamá-la de louca.


 


—    Não, Peter, não sou um espírito. Sou de carne e osso — murmurou.


 


Com gesto automático, torceu o anel no dedo. Seria aprimeira a usá-lo ou a quarta? Por sorte lera o diário e falara com Peter antes daquele pesadelo começar, senão de fato estaria prestes a perder a razão.


 


—    Vamos parar por aqui, milorde, pois assim não chegaremos a lugar nenhum. Não quer ou não pode me ajudar, e no momento estou muito cansada para discutir — uma terrível dor de cabeça a dominava. — Preciso comer...


 


Muito exasperado, Peter atirou as mãos para o alto em umgesto de impotência e deixou-a sair do salão.


 


 


 


—    Então ela me deu as costas! Para mim, seu amo e senhor! — furioso, Peter bebeu um grande gole decerveja. — Digo-lhe, Gaston, essa mulher não é normal. Se já não tivesse ficado viúvo três vezes, juro que aestrangularia, a fim de acabar com o sofrimento de nós dois.


 


—    Milorde?


 


Voltou-se e deparou-se com Maria, que sorria como um gato que comeu o canário.


 


—O que é?


 


—    Sua esposa, milorde. Não compareceu às preces. O padre estava muito preocupado. Não pode começar sem ela, e ninguém a encontra.


 


Peter sufocou uma imprecação.


 


—    Então comecem sem ela.


 


—    Mas...


 


—    Façam como digo! — fez um gesto, dispensando aintrometida, que saiu, parecendo muito satisfeita.


 


Gaston sorriu.


 


—    E agora?


 


O senhor de Blackstone tomou outro gole de cerveja e levantou-se.


 


—    Iremos encontrá-la e a levaremos à capela amarrada, se for necessário.


 


 


 


 


 


Ano 2013


 



Quando a lancha a motor foi encontrada emborcada no cais, Drasmoor ficou em rebuliço. Homens e mulheres correram pelas praias, à procura de Lali, enquanto outros pegavam os barcos para procurá-la no mar.


 


Geovane Silverstein correu para a sua embarcação e rumou para Blackstone. Foi o percurso mais longo de sua vida, enquanto forçava o motor ao máximo. Gritando o nome de Lali com todas as forças de seus pulmões, entrou no castelo.


 


 


 


O coração aos saltos, as mãos suadas, subiu as escadarias e penetrou nos aposentos da herdeira. Estava deserto.Sentiu cheiro de queimado no ar, mas não soube o que era. Voltou a gritar o nome da nova herdeira, porém foi em vão.


 


 


Trêmulo, temendo que Lali tivesse de fato se afogado, correu para a cama, afastou os lençóis à procura de alguma pista e encontrou pedaços partidos de couro.


 


 


Aproximando-se mais, notou um brilho dourado sobre as cobertas.


 


Não podia acreditar nos próprios olhos. Percebendo que estava diante do famoso broche de Lorne, única prova tangível de que o clã dos Lanzani`s havia derrotado o de Memo Uchoa em batalha, seu coração quase parou.


 


Havia seiscentos anos ninguém mais vira a jóia, e Geovane começara a acreditar que tudo não passava de lenda, assim como a vinda da escolhida.


 


Estendeu a mão de modo hesitante para segurar o antigo broche, e notou que a cama estava molhada. Cheirou os lençóis, e não havia dúvida. Água do mar.


 


Seu coração então disparou, ante a compreensão do que sucedera.


 


—    Ela não se afogou — murmurou para si mesmo.


 


 


Da algum modo, seu lorde a salvara.


 


Geovane deslizou os dedos trêmulos pelo broche, e apurou os ouvidos. Mas só havia silêncio e quietude no quarto. Respirou fundo e voltou a resmungar:


 


—    Começou...


 


Agora só lhe restava rezar por Lali. O futuro de seu filho que ia nascer dependia disso.


 


 


 


 


 


 


Ano 1408


 


 


Desapontada com o furor e a resistência de Peter em ajudá-la, Lali vagou de cômodo em cômodo no castelo, batendo nos painéis de madeira, olhando atrás das tapeçarias, debaixo de camas e tapetes, na esperança deencontrar uma passagem secreta que a pudesse levar devolta ao seu mundo, ou acordar daquele pesadelo.


 


Quando nada encontrou, procurou nos espelhos, imaginado que poderia atravessar um deles, como Alice no País das Maravilhas. Após horas de buscas, nada mudara a não ser o estado de seu vestido.


 


Seu único consolo era que já não tinha uma dor de cabeça tão forte. Fosse lá o que Eugenia pusera em sua bebida afizera melhorar. Ciente de que tais curas medicinais eram comuns nesses tempos, ficou ainda mais acabrunhada.


 


Exausta, buscou refúgio dos olhares curiosos em uma saleta discreta do castelo. Ali, deslizou os dedos pelas lombadas devários livros sobre uma mesa e leu uma delas: La Belle Dame Sans Merci, de Chartier.


 


—    Francês — resmungou.


 


Os livros eram parte importante da vida de Lali, seu conforto em um mundo frio e indiferente. Nesse instante sentia falta dos romances que lera e relera nos períodos negros da vida, quando precisara de uma desculpa para chorar e do consolode que melhores dias viriam. Os romances históricos escoceses eram alguns de seus preferidos.


 


Suspirou ante a ironia. Obtivera seu lindo cavaleiro da Escócia, em carne e osso, ainda mais belo do que imaginara, mas estava se escondendo, porque não queria participar desua vida em outra época.


 


Além disso, durante a conversa que tivera com Peter, ficara evidente que ele não suportava a visão da nova esposa. Lali suspirou e abriu um livro que ensinava como ser piedosa e muito religiosa.



Franziu o nariz. Não era isso que procurava, pensou. Havia ali muitas obras de teor religioso como o Livro das Horas, e o Calendário dos Santos, inúmeras preces, cânticos, poemas, e uma sobre como curar bizarros males do corpo;um volume sobre veterinária e mais histórias de santos.


 


 


A quantidade de textos religiosos a surpreendeu. Embora católico, Peter não lhe parecia um homem muito piedoso.


 


 


 


Por fim, após uma longa procura, encontrou o que desejava: romances. Com tantas esposas indo e vindo de Blackstone, tivera certeza de que os encontraria. Leu as lombadas:Lancelot, Merlin, Tristâo, Sir Degrevant, fosse lá quem fosse esse personagem, e A Busca do Santo Graal.


 


Nada muito interessante, concluiu. De qualquer modo, já que não tinha outras opções mais modernas, carregou os livros até a janela mais próxima, sentou-se e tratou de ficar confortável.


 


Folheou Lancelot e, para sua frustração, estava escrito em francês, assim como Tristão e Sir Degrevant. Abriu A Busca do Santo Graal e sentiu-se aliviada. Era em inglês arcaico, mas conseguia entender o texto.


 


Entretanto dentro de alguns minutos, seu olhar vagou denovo para a janela e para os planos de escapar de seu pesadelo.


 


 


Observou as águas no momento serenas, que batiam nas rochas lá em baixo. A última lembrança que tinha do mundo real era de um mar encapelado e escuro, e de que vomitara muita água salgada quando despertara, dentro da carroça tombada.De repente arregalou os olhos, sentindo o coração acelerado. Era isso! Precisava entrar de novo na água para escapar e retornar ao século XXI!


 


—    Desculpe madame, não tive intenção de perturbá-la.


 


 


Assustada, Lali ergueu o rosto e deparou-se com o esposode Eugenia, Nicolas Silverstein, parado no umbral da porta da saleta, os braços ocupados com muitos rolos depergaminho.


 


—    Por favor, entre, Nicolas Não sabia que este cômodo estava sendo usado.


 


Com o coração ainda aos saltos, Lali tratou de se levantar da poltrona.


 


—    Não, por gentileza, senhora! Sente-se. Não irá me incommoder.


 


Lali sorriu ante a mistura de idiomas, que também parecia ser uma característica de Eugenia. Decidiu que precisava vencer as suspeitas e o medo que sentia daquelas pessoas que, até pouco tempo atrás, só conhecera através da leitura dos diários de Peter e dos relatos de Geovane.


 


Nicolas, alto e magro como seu descendente tão distante, aproximou-se.


 


—    Por que não compareceu às vésperas?


 


—    O que é isso?


 


—    Preces.


 


—    Oh! Não sou católica.


 


Eugenia franziu a testa, mas nada disse, limitando-se a ler acapa do livro que Lali segurava.


 


—    Boa leitura, senhora.


 


—    Espero que sim.


 


—    Não quis ler algo mais profundo? 


 


Lali franziu o nariz.


 


—    Prefiro romances. Fugir da realidade... sabe como é... 


 


Ante o olhar aturdido do homem, esclareceu.


 


—    Gosto de lendas e contos, e adoro finais felizes.


 


—    — Ah! E seu primeiro esposo, senhora? Qual era a sua paixão?


 


Lali sentiu-se enrubescer.


 


—    Nunca fui casada — vendo Nicolas arregalar os olhos, acrescentou. — A não ser com Peter.


 


—    Mas, honorable dame, teve um primeiro marido na França... oui?


 


—    Não! Nunca estive nesse país, e por certo jamais me casei antes — rodou o anel de rubis no dedo, imaginando como uma jóia tão bela poderia lhe incutir tanta apreensão. — Esta é a primeira vez — insistiu.


 


Com expressão incrédula, Nicolas então perguntou:


 


—    Madame, posso saber seu nome completo? 


 


—   Mariana Esposito Lanzani... e Lanzani— sorriu. — Agora tenho duplamente esse sobrenome.


 


O homem mordeu o lábio, de modo pensativo.


 


—    Desculpe senhora. Preciso tomar uma providência.


 


—    Foi um prazer falar consigo. Eugenia, sua esposa, tem sido...


 


 


Mas Nicolas já correra para a porta, como se mil demônios o perseguissem, deixando Lali sozinha. 



— Querida, entre aí.


 


Assim dizendo, Nicolas agarrou Eugenia pelo braço e fechoua porta do quarto.


 


—    Nico, por mais que deseje fazer amor com você, este não é o momento.


 


—     Quieta! — Nicolas examinou o aposento para ver se não havia mais ninguém ali. —Acontece que tive aconversa mais estapafúrdia com a atual esposa de Peter.


 


—       E...?


 


—        Não tenho tempo para explicar agora, mas preciso que descubra tudo que puder sobre o passado dessa mulher.


 


—        Por que você mesmo não lhe pergunta? Tenho que tingir lã, remendar roupas...


 


—        Euge — interrompeu Nicolas com severidade — temo que nosso Peter tenha se casado com uma impostora. 


 


A esposa ficou pálida como um lençol.


 


—    Impossível! Se assim for, todos perderão tudo.


 


Com a testa porejada de suor, o marido aquiesceu.


 


 


Peter debruçou-se no parapeito e viu Lali, as saias arregaçadas em volta das pernas, de quatro como umcaranguejo, percorrendo a amurada mais baixa do castelo.


 


—    Em nome dos Céus o que ela está tentando fazer agora? 


 


Gaston olhou para baixo.


 


—    Não faço a menor idéia, meu amigo, porém é melhor detê-la, antes que se precipite no mar. 


 


Peter começou a descer as escadas, praguejando.


 


—    Digo a você que ela é doida! E é uma pena, porque tem belas pernas. Mas de boa vontade deixaria que se afogasse, para me vingar de Albany e ter a quarta esposa morando sob minha proteção.


 


—    Sim — concordou Gaston, enquanto passavam correndo pelo pátio interno até as arcadas da entrada do castelo.


 


 


 


—    Mas será que a intenção dela é mesmo se suicidar?


 


 


 


—    Não sei nem me interessa, contanto que não consiga seu intento. Não podemos nos dar ao luxo de perdê-la.


 


 


Percorreram os flancos rochosos de Blackstone, escorregando no limo, mas encontraram deserta a área onde haviam visto lady Lali.


 


—    Acha que caiu no mar? — perguntou Gaston, observando a água em busca do corpo.


 


—    Não. Olhe!


 


 


 


Peter pulou uma poça e apontou para pegadas frescas logo acima da linha da água, na direção do outro lado do castelo. Com o coração acelerado de alívio, comandou:


 


 


—    Venha!


 


 


Circundaram todo o castelo sem encontrar a esposa perdida. Adentrando os portões, Peter perguntou à sentinela:


 


 


—    Viu lady Lali?


 


 


—     Sim, milorde. Acabou de entrar no castelo, toda molhada. Peter penetrou na morada, esfregando as mãos que sangravam, esfoladas, por ter-se apoiado nos escorregadios muros de pedras, e voltou-se para Gaston.


 


—       Pode ter certeza que essa mulher me levará à morte. 


 


Entrou como um raio no salão, pronto a cuspir fogo.


 


—    Onde está ela? — gritou para todos que ali se encontravam. Mria inclinou a linda cabeça para umlado.


 


—      Por "ela" refere-se à sua bela esposa, milorde?


 


Apenas a pressa fez Peter sufocar uma reposta arrevesada, e murmurou:


 


—Sim.


 


Os lábios de Maria se curvaram em um sorrio irônico, e apontou para a escadaria.


 


—    Acabou de subir, carregando algas.


 


—     Algas?!


 


Peter não esperou por mais nada.


 


 


 


Nos seus calcanhares, Gaston quis saber:


 


 


—    O que pretende fazer quando a encontrar?


 


 


—     Por enquanto vou apenas vigiá-la, mas logo que puder irei trancá-la a sete chaves na ala oeste.


 


De fato, após a conversa estapafúrdia que tivera com Lali, quando concluíra que era desequilibrada, mandara o pedreiro derrubar algumas paredes da ala oeste para fazer-lhe um apartamento espaçoso.


 


 


 


Afinal, não era um bruto insensível, refletiu. A esposa viveria com relativo conforto até que obtivesse sua recompensa, ou ela a sua. O que sobrevivesse seria o vitorioso.


 


 


 


 


Lalisoltou um suspiro, olhando para os lençóis que trançara formando uma corda, e que atirara pelo quarto de despejo da ala leste, a fim de descer até a beirada do mar.


 


 


 


Tivera esperanças de escapar daquele mundo arcaico, mas fora em vão. Nada mudara, a não ser pelo frio atroz que sentia e pelo estado lamentável de seu vestido.


 


E, no entanto, precisava escapar, pensou. Seu amor próprio já estava em frangalhos também.


 


 


 


Ao contrário do fantasma bom e compassivo, o Peter carne e osso permanecia distante e arrogante, como se ela não fosse digna de atenção. Além disso, Lali não tolerava mais a Rainha da Beleza da Idade Média, Maria Del Cerro, sempre rondando e observando-a a distância, de modo disfarçado. E sentia o coração apertado e dolorido, quando Peter atirava olhares para a linda mulher.


 


Tentando afastar os pensamentos de autocomiseração, olhou para as algas que trouxera consigo. Secas e moídas, com a mistura de aveia e algumas claras de ovos, seriam umtolerável creme de limpeza facial, refletiu. E poderia continuar usando o ungüento de manteiga e pétalas derosas que Eugenia lhe dera.


 


Do contrário, em breve sua cútis estaria sem viço e suja. E com a falta de maquiagem...


 


Estremeceu ante o pensamento terrível e rumou de volta ao grande salão, em busca de Eugenia, que se oferecera, atravésde gestos e algumas palavras compreensíveis, a adaptar as roupas da terceira esposa de Peter para a atual.


 


A perspectiva não era nada animadora, pois ninguém gostava de usar vestidos de uma mulher já falecida, porém Lali precisava se vestir, e o guarda-roupa da n° 3 de lorde Lanzani era o único que lhe caía relativamente bem.


 


Lali encontrou o salão lotado com os homens do clã, ansiosos e irrequietos. Por fim divisou Eugenia no meio da multidão.


 


— O que está acontecendo?


 


 


-  Nosso lorde Peter! Desmaiou no pátio.


 


Um medo terrível apossou-se de Lali.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 




Postei um BEM grande pq não sei que horas volto amanhã do ensaio!Bejo Bejo


 


 


 


 


 


 


 



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Autor(a): hellendutra

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Só a linda da Lary comento?A web ta mt ruim? vc axam melhor exclui?


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 257



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  • jucinairaespozani Postado em 17/02/2014 - 02:00:34

    A web foi ótima eu amei ,demorou mas valeu a pena *-*

  • jucinairaespozani Postado em 27/12/2013 - 17:19:31

    Que bom que voltou ..Que raiva da Maria ..Estou amando a web ,espero que a Lali fique bem.Posta mais

  • daniilanzani Postado em 16/12/2013 - 01:06:39

    ô tia????Pq vc parou de postar???qro mais,,abandona a web não ela é ótimaaaa *o*

  • jucinairaespozani Postado em 12/10/2013 - 19:44:54

    ai que bom que voltou posta mais a web é incrível a historia é muito boa e eu estou adorndo ler

  • lary_laliter Postado em 04/07/2013 - 23:39:50

    COMO VC PARA EM UMA PARTE ASSIM DE BRIGA MULHER ! Há que capitulo pequenininhoooo posta mais Plis estava morrendo de saudade da web

  • sofiasouza Postado em 04/07/2013 - 23:37:55

    ñ demora muito pra posta ,a web esta perfeita posta mais estou amando

  • sofiasouza Postado em 01/07/2013 - 01:15:20

    Posta mais, que bom que apareceu sumida kk estou amando a web ,vê se ñ desaparece mais em senhorita kk

  • lary_laliter Postado em 30/06/2013 - 23:28:22

    OLHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA EU AQUI VOLTEI E TBM ESTOU FAZENDO UMA DANCINHA MALUCA \O/ KKKKKKKK ANSIOSA PARA O PRÓXIMO CAPITULO.....como tu não respondeu no face feliz aniversário atrasado muitos anos de vida e blá blá blá tudo que tem que dizer kkkkkk

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2013 - 20:44:58

    Posta mais

  • sofiasouza Postado em 06/06/2013 - 19:51:16

    Que bom que voltou ,parabéns pelo seu Peter kk ,adorei o capitulo posta mas a web esta ótima ,espero que ñ suma mas em (:


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