Fanfics Brasil - 40 A Lenda De Um Amor LALITER (Adp)

Fanfic: A Lenda De Um Amor LALITER (Adp) | Tema: Laliter


Capítulo: 40

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Voltei \o/ minha vida ta meio dificil nesses ultimos meses ate dezembro nem tenho temo para respirar! hoje dumingo que consegui postar depis de 1 mes to aki de novo como falei antes nao vou abandonar a web!


Capitulo dedicado a :


 


jucinairaespozani: HA flor fico TÃO feliz que vc comentou e NÃO me xingou kkkkkkk Obrigada por ter comentado e agradeço os elogios.


 


 


 


 


 


 


 


Boa Leitura.


 




 


 


 


 


 


Deus! Que tipo de espectro era Lali, que podia ir e vir? E o que desejava dele? Seria uma fada? Teria vindo para encantá-lo, conseguir sua semente e gerar um filho, como as fadas costumavam fazer quando desejavam uma criança humana?


Ou teria Lali vindo de outro lugar para roubar-lhe a alma?


 


—      Peter, por favor... — a esposa estendeu as mãos em uma súplica, percebendo o que se passava na mente do lorde.


 


—      É o anel! Juro! 


 


—       Para trás! Não sei por que está aqui, mas vá embora!


 


Peter conhecia o medo dos campos de batalha, sabia o que era recear a fome, mas isso eram coisas verdadeiras e reais, refletiu, em meio aos pensamentos tumultuados. Entretanto o terror que sentia nesse momento, que gelava seu sangue nas veias, enrijecia os músculos, e o fazia perder a respiração, era algo desconhecido.


 


 


 


A capacidade de Lali aparecer e desaparecer era fantasmagórica, nada humana!


 


Lágrimas rolavam dos olhos da esposa e, por um instante o carinho voltou a invadi-lo.


 


—          Não entendo nada, assim como você, Peter! Mas continuo sendo a mesma, a sem graça Mariana Esposito Lanzani, da cidade de Nova York, com o apartamento infestado de baratas e comida chinesa entregue em casa. Estou tão apavorada quanto você! — torceu as mãos. — Aliás, estou mais do que apavorada, Peter. Sinto-me aterrorizada.


 


Assim dizendo, deu um passo à frente para abraçá-lo.


 


—          Não! 


 


Peter usou a espada para mantê-la afastada a uma distância segura e começou a apontá-la para seu coração, fazendo pequenos círculos no ar.


 


Para sua surpresa, Lali aproximou-se devagar e encostou o peito na ponta aguçada da arma. Mas antes que Peter pudesse reagir, suspirou fundo e deu-lhe as costas.


 


 


Trêmula e pálida voltou-se de novo, segundos depois, exibiu a marca avermelhada que a ponta da arma fizera em seu peito.


 


—          Vê? Sou de carne e osso.


 


Atarantado, Peter resmungou e ergueu a espada sobre o ombro.


 


Por um instante ambos se fitaram, e depois Lali caiu aos seus pés como uma marionete com os cordões cortados. Seus ombros se sacudiam e um  choro silencioso, e enterrou o rosto nas mãos.


 


 


 


Enquanto seu corpo oscilava de um lado para o outro, Peter encostou a lâmina da espada em seu pescoço, sobre a pele branca e macia.


 


—          Por que isto, meu Deus? Tudo que pedi na vida foi à paz para meu clã, e uma boa esposa e filhos!


 


Então seu coração deu um salto, quando a ouviu dizer com a voz sufocada pelas lágrimas.


 


—          Peter,não sei por que o anel me possibilita essa magia, mas quero que saiba que tive a oportunidade de voltar para `meu tempo e, no último instante, senti que não era isso que desejava.


 


 


 


 


     —          Agora tenho um marido, um lar e um clã. Pertenço você e aqui ficarei.


 


Uma lufada de vento acariciou-lhe a face, e a espada de Peter caiu ao solo com estardalhaço.


 


—     Pelo amor de Deus, Lali!


 


A esposa ergueu o rosto devagar e encarou-o. Vendo que não havia nenhum brilho mortal nos olhos azuis de Peter, suspirou, aliviada.


 


O lorde chutou para longe a espada caída e ajoelhou-se diante de Lali, enquanto a via afastar as lágrimas com as costas das mãos. Estendeu o braço para tocá-la, mas logo o retirou.


 


—     Sente-se bem? — O rosto do lorde estava molhado de suor. — O corte.


 


Assim dizendo, apontou para o ponto avermelhado onde a lâmina tocara o peito de Lali.


 


A esposa olhou para espada.


 


—     Sim.


 


Com o coração ainda aos pulos, desviou o olhar com relutância da arma brilhante e letal que no momento jazia inerte, no chão, e em seguida baixou o olhar para o próprio peito machucado.


 


 


O tecido estava agora com um ponto da cor do vinho escuro, e era provável que nunca mais voltasse à cor original. Euge  contara à Lali que levara seis meses para o vestido ser feito por uma costureira e três aprendizes. 


 


Trêmula, tentou fazer graça. 


 


—          Poupou-me para que Euge possa cortar minha cabeça, agora que o vestido tão caro foi arruinado?


 


Sem responder de pronto, e para surpresa da esposa, Peter se inclinou, afastou-lhe com delicadeza uma mecha de cabelos castanhos da testa, e enxugou-lhe as lágrimas com a ponta de um dedo.


 


—          Aquela luz maligna a queimou? — perguntou por fim com voz rouca.


 


Ao contrário, Lali só sentira um frio intenso quando começara a desaparecer e ainda tremia. Mas nada de calor ou queimaduras.


 


 


 


Fungou, e examinou as pontas dos dedos. De repente teve vontade de rir, e teria feito isso, se tivesse energia.


 


O rímel caseiro formara pequenos sulcos negros em seu rosto, e a expressão de mistério e profundidade nos olhos acinzentados desaparecera, fazendo-a no momento parecer uma limpadora de chaminés.


 


Será que não consigo fazer nada direito?Lamentou-se em pensamento.


 


 


 


Pigarreou e tratou de esclarecer.


 


—          Peter, não fiquei queimada. Isto no meu rosto é fuligem das lareiras e um pouco de carvão.


 


Com cera duvida da explicação, lorde Lanzani franziu a testa, mas nada disse.


 


Lali voltou a enxugar o rosto com a palma da mão.


 


—          Queria ficar bonita, então usei a fuligem nas pálpebras para realçar meus olhos, e... — suspirou, desanimada. — Ora! Você não iria entender mesmo!


 


Enquanto tentava se levantar, o marido encobriu o punhal que trazia preso à barriga da perna e olhou para a janela, evitando fitá-la.


 


—          Então não vai partir?


 


Lali deu de ombros. Sim, até pouco tempo atrás desejara retomar para sua antiga vida, onde a maior ameaça ainda era andar de táxi em Nova York. Ali poderia falar normalmente e ser entendida; ali tinha amigos, café e maquiagem de verdade. Mas, por outro lado, não queria isso, pois significaria voltar a viver sozinha em seu apartamento, sem a perspectiva de amor e de filhos.


 


Tivera no século XXI seu fantasma, mas não o verdadeiro Peter, refletiu. Respirou fundo e confessou.


 


—          Não quero, a menos que seja a sua vontade não me ver mais.


 


Insegura, não querendo ficar frente a frente com o semblante sério de Peter, levantou-se e caminhou até a janela. A cabeça e o coração lhe doíam, enquanto observava o movimento dos guardas junto às ameias do castelo, sob a luz das tochas de óleo, cujas chamas pareciam dançar ao vento.


 


O nó na garganta a impedia de falar com naturalidade, mas prosseguiu.


 


— Jamais esperei ter uma aliança de casamento, muito menos ser casada com um homem como você. Mas descobrir que o anel... um símbolo de esperança... pudesse me aterrorizar tanto...


 


 


 


De costas, ouviu os passos de Peter se aproximando e sua voz sussurrando.


 


—          Então não o tire do dedo nunca mais. 


 


—          Teve três esposas antes de mim que o usaram. Amou alguma delas?


 


Mal fez a pergunta, arrependeu-se. Por que questioná-lo sobre isso?


 


 


 


Que diferença faria agora saber se Peter tinha a capacidade ou a vontade de amar?


Lali repousou a mão sobre o ventre. Será que uma nova vida já pulsava ali? Disse a si mesma que era essa a possibilidade, e não saber se era amada pelo marido, que a fizera decidir ficar. Porém seu coração gritava que não, e que só em pensar nunca mais rever o senhor de Blackstone, estremecia de dor.


 


Peter demorou a responder.


 


—     Chorei a morte de Juliana.


 


Sim, pensou Lali, o lorde escrevera sobre sua dor. Entretanto, teria amado a primeira esposa? Do contrário, por que a capela era sua obsessão?


 


Sentiu curiosidade em saber o que ele faria, caso ela decidisse tirar o anel do dedo para sempre. Ficaria triste? Mas se ficasse, seria por perder um herdeiro em potencial, ou uma boa dona de casa que deixava seu castelo um brinco? Ou todas essas alternativas?


 


 


Bem, era pouco provável que sentisse saudade da insossa srta. Esposito, refletiu. Tinha certeza que Peter jamais mencionaria a palavra amor entre os dois.


 


Ante tal pensamento, sentiu os olhos arderem, e o coração se apertar. Mas por que não encarar a realidade de frente?Ralhou consigo mesma. Afinal, sempre soubera que era sem atrativos para os homens, em especial um tão lindo, poderoso e exigente como... seu marido.


 


Quando, depois da noite de amor, acordara com a alma em festa, cheia de esperanças, Peter quase arrancara sua cabeça dos ombros!


 


 


Ignorava o que detivera sua mão, mas agradecia a Deus por isso.


 


 


Mesmo sem graça, tinha apenas vinte e quatro anos e desejava viver bastante...


 


Enquanto meditava, o marido a observava de costas, olhando para a noite escura. Jamais se sentira tão inquieto em toda a sua vida, pensou. Seu sangue quase gelara nas veias ao vê-la ir desaparecendo, tomando-se um espectro, mas sentira um grande alívio quando, com toda a simplicidade, ela dissera que desejava ficar.


 


Fora então que passara a acreditar em tudo que Lali lhe contara. Sabia agora, por instinto, que sempre dissera a verdade, por mais estapafúrdia que fosse.


 


 


 


Mas não poderia culpá-la se desaparecesse, pois afizera sofrer muito, desde que chegara a Blackstone.


 


Tal pensamento o fez sentir o coração apertado. Ainda precisava lhe contar uma verdade dolorosa.


 


 


Devia-lhe isso, depois de tudo que a fizera passar.


 


Aproximou-se e postou-se às suas costas. 


 


—     Lali, acredito em tudo que me contou até hoje. — Sentiu que ela prendia a respiração. — Sim, sei que não é louca, apeias uma viajante no tempo e no espaço.


 


Examinou as estrelas que brilhavam no firmamento e tomou coragem para dizer o que era necessário...


 


 


 


—     Foi difícil aceitar todas as suas histórias, pois logo no início, se acreditasse em arranha-céus e outra coisa teria que acreditar também que jamais descansaria em paz quando chegasse minha hora e assombraria esses muros por toda a eternidade — engoliu a seco e prosseguiu. — Era mais conveniente considerar que estava desequilibrada, a admitir que sou amaldiçoado pelo que fiz, pelas vidas que roubei.


 


Lali virou-se com um repelão e viu-o rígido, os olhos embaçados de lágrimas, olhando o vazio,


 


—     Meu Deus! — murmurou com um fio de voz. Pousou as mãos sobre o peito musculoso do marido e sentiu seu coração bater de modo violento. Peter estava aterrorizado. Não por sua causa, mas pelo futuro.


 


 


 


—          Peter! O que está dizendo?!


 


—          Fui amaldiçoado pela mãe de Fuzz, a esposa que tentou me matar e que caiu sobre o próprio punhal. Era uma bruxa de verdade e não quis saber se eu tentara apenas me defender.


 


Lali jamais o julgara um homem muito impressionável, porém dada a época em que vivia, cheia de superstições, mitos e feitiçarias... deveria ter percebido o impacto que uma maldição provocaria em Peter.


 


—          Lamento tanto... jamais pretendi...


 


Peter a interrompeu, passando os braços por seu corpo de maneira muito gentil, sempre olhado para fora da janela.


 


—          Não, Lali. Não fez nada de mais para ter que se arrepender. Sou eu quem cometeu muitos pecados — então a fitou, um leve sorriso pairando nos lábios sensuais.


 


 


 


 


—     Será devido ao meu próprio comportamento... minhas ações... que jamais terei paz.


 


—              Mas não faz sentido. É um homem honesto, de caráter íntegro. Por certo...


 


—              Doce Lali... — beijou-lhe a testa com meiguice. — Tenta aliviar minha tortura, mas por quê? Não sou digno — lágrimas brotaram dos belos olhos azuis.


 


 


 


—              Quase a matei, não uma, porém duas vezes.


 


 


 


—              Estava fora de si, amedrontado com coisas que não compreendia...


 


 


 


Peter pressionou um dedo sobre seus lábios, fazendo-a calar.


 


—     Fiquei viúvo três vezes em circunstâncias dolorosas. E não devemos esquecer que matei mais homens em combate do que podemos contar nos dedos.


 


Sem querer, Lali arregalou os olhos, chocada.


 


—     Sim, Mais ou menos sessenta homens.


 


—      Oh!     —      Lali tapou a boca com a mão. O que mais poderia dizer? Que não fora tanto assim? Ou que não se preocupasse porque seria um fantasma bastante agradável, que só perdia a calma de vez em quando?


 


 


 


—          Lali?


 


—          Sim? — replicou Lali, esforçando-se para não divagar.


 


—          Pelo menos deixei um herdeiro para perpetuar minha família?


 


Sem dúvida as coisas iam de mal a pior, pensou Lali. Passou um dedo pelos lábios do marido e enxugou uma lágrima furtiva em seu queixo.


 


Por favor, meu Deus, faça com que possa satisfazer seu desejo...


 


Em voz alta, disse:


 


—          Ainda não sei, mas creio que é por isso que estou aqui.Tenho uma missão.


 


Peter deixou escapar um gemido de frustração. Aquiesceu com um gesto resignado de cabeça e aprumou os ombros. Tentou sorrir, embora seus olhos continuassem tristes.


 


—          Está certo.


 


Lali tornou-lhe a mão direita e examinou os dedos longos e calosos. Com eles, fora transportada aos píncaros do êxtase para as profundezas do desespero. Tanto fazia se resolvesse se partir ou não, Peter Lanzani mudara sua vida para sempre.


 


—          Peter, acredito piamente que tudo acontece por um motivo. Poderia ter-me afogado no meu século, mas isso não aconteceu. Poderia ter morrido naquele coche, e também escapei.


 


 


 


Omitiu que o marido quase cortara sua cabeça, mas Peter já se desculpara e isso era o suficiente.


 


 


 


Respirou fundo.


 


— Creio que estou aqui para lhe dar um herdeiro.


 


 


 


Maria a principiou a percorrer as estradas de Oban com passe apressado. Euge resmungava, enquanto tentava segui-la, contornando mulheres, vendedores, cães e sujeira, pelos caminhos empoeirados e lamacentos da cidade.


 


Para alívio da esposa de Nico, Maria começou a caminhar mais devagar, diante dos estábulos no mercado, e por fim parou perante uma mulher que vendia frascos de óleo perfumado. Maria começou a barganhar com a vendedora, e Euge tratou de descansar, dirigindo atenção para uma carreta repleta de verduras frescas. Ergueu uma alface rombuda, mas ao voltar– se para pedir a opinião da Srta. Del Cerro, viu que a dama havia desaparecido.


 


 


O pânico de Euge logo se transformou em raiva. Como Maria ousara escapulir sem nada dizer?


 


 


 


Parecia ter sido tragada pela terra. Por outro lado, tentar encontrá-la sem pedir a ajuda dos guardas, que não podiam saber das suspeitas de Peter e Nico, a fariam se atrasar para as compras.


 


Oban podia não ser Londres ou Glasgow, mas muitos mercadores e mascates procuravam acidade nos dias de feira, e em Drasmoor não tinham essas facilidades.


 


De dentes cerrados, maldisse Euge, arregaçou a saia e correu para a estrada que dava para o lago. Não ousara sair com suas vestes de estilo francês, os sapatos de saltos altos, que mantinham seus pés secos e as meias limpas, pois poderia torcer o tornozelo com tantos pedregulhos no caminho.


 


 


 


Pisou em uma poça e voltou a maldizer Maria.


 


Olhou em todas as janelas e portas abertas que encontrou, mas quando não viu o objeto de sua guarda, principiou uma busca metódica em todas as estrebarias e estábulos.


 


Algum tempo depois, muito aborrecida e com uma sede terrível, Euge entrou em uma taverna e deu um suspiro de alívio... Ali estava Maria, sentada em um canto escuro, de frente para um homem desconhecido.


 


Sem fôlego, Euge reparou no olhar espantado da moça, e sentou-se ao seu lado. Chamou a criada da taverna, e colocou a cesta com legumes aos seus pés.


 


 


 


Sorriu para Maria e para o homem com o rosto bichado, do outro lado da mesa. Após esperar um tempo razoável para ser apresentada, e como isso não acontecesse, tratou de dizer:


 


—     Sou madame Riera. E o senhor é...?


 


—      Richard de Oban.


 


—         E um prazer conhecê-lo.


 


A criada surgiu, e Euge pediu uma caneca com cerveja enquanto refletia por que o homem não dera seu nome de família. Limpou o suor da testa com um lenço.


 


—     Maria não mencionou que pretendia se encontrar com um cavalheiro — deu uma cotovelada amigável na outra. — Menina travessa! — voltou-se para o homem. — Então, está cortejando nossa bela dama?


 


 


 


Ante a pergunta abrupta, Richard ficou vermelho como um pimentão, mas fora essa areação que Euge esperara. Pelo cheiro acre que exalava do corpo do estranho, parecia que não tomava banho havia muito tempo. Além disso, não tinha a metade dos dentes, assim como cabelos. O que será que Maria Del Cerro desejaria na companhia de tal criatura?Perguntou– se, aturdida.


 


Richard piscou, confuso, e tratou de tomar um gole de cerveja, para ganhar tempo antes de responder. Mas Maria salvou as situação. 


 


—     Se deseja saber — disse, sem disfarçar seu aborrecimento — encomendei um presente para lorde e lady Lanzani.


 


 


 


—          Ah! — Euge ficou esperando, porém como Maria não lhe mostrava nada, perguntou. — Posso ver o que comprou? 


 


A Rainha da Beleza, como dizia Lali, soltou um suspiro indignado, enfiou a mão no bolso do vestido e retirou um embrulho do tamanho de um punho fechado.


 


—          É apenas uma lembrança modesta — murmurou. Desdobrou o pano que cobria o objeto, e Euge viu um broche com duas pombas esculpidas.


 


—          Que lindo! E que ótimo artesão.


 


Em pensamento. Maria parabenizou-se pela presença de espírito que tivera. Comprara o broche de um mascate havia algumas semanas, caso fosse pega na companhia de Richard.


 


 


 


Tivera que vir nessa manhã, pois se perdesse a oportunidade de um encontro com o homem dos Uchoa`s, só poderia vê-lo quinze dias mais tarde,a fim de passar a informação, e então já seria tarde demais. O torneio estava marcado para a próxima lua cheia.


Esperara passar por essa aventura, guardando o broche para si, mas era melhor abrir mão da jóia que perder a vida.


 


—     Obrigada — murmurou com altivez, sabendo que tinha bom gosto.


 


—       Nosso amo e sua senhora ficarão muito felizes — disse Euge, virando a jóia nas mãos e sorrindo para o homem. — É linda peça. Tem tanto talento, senhor, que deveria morar em uma cidade grande, e não se esconder em Oban, onde poucas pessoas podem apreciar e encomendar seus trabalhos.


 


Quando Richard empalideceu, Maria voltou a tomar as rédeas nas mãos.


 


—     De fato, Richard viaja muito para vender seu artesanato, 


 


—      Ah! — Maria devolveu o broche. — Já esteve em Edimburgo, senhor?


 


 


Parecendo muito pouco à vontade, o amigo de Maria se remexeu no banco. 


 


—          Sim.


 


A Rainha da Beleza correu de novo para salvar a situação.


 


—          Está deixando Richard encabulado com tantas perguntas, Eugenia — sem saber se o companheiro já havia ou não estado na capital, continuou. — Richard estava me dizendo... Quando você nos interrompeu... — lançou um sorriso maldoso para Eugenia. — ...que as viagens são complicadas para ele por causa de sua carreta, em especial quando se trata de Edimburgo — ao ver que o outro permanecia calado e quieto como uma múmia, deu-lhe um chute por debaixo da mesa. — Não é mesmo?


 


—          Oh! Sim! De fato! — apressou-se Richard a concordar, — As ruas são muito íngremes, cheias de altos e baixos. O castelo fica em cima de uma montanha, sabiam? E a rua que leva até lá começa em um vale. 


 


—          A torre principal já foi completada? A que o rei David iniciou? — perguntou Euge com expressão interessada.


 


Maria  quase engasgou de embaraço. Por que tivera que ser tão estúpida para encorajar uma conversa sobre Edimburgo?


 


 


 


Quando os Riera  haviam chegado à Escócia, Edimburgo fora o primeiro lugar onde procuram refúgio, mas tinham encontrado uma cidade imunda e cheia de doenças.Maria fitou o homem de Uchoa. Tinha muito a dizer, levar cabo um plano para destruir seu cunhado.


Richard, portanto por que permanecia ali sentado, tolerando as perguntas cretinas de Euge?Voltou a chutá-lo por debaixo da mesa, a fim de chamar sua atenção.
Dessa vez Richard revidou o chute com força, e Maria disfarçou uma careta de dor.Ignorando-a, o homem sorriu para Euge.


 


—     Não, senhora, mas a capela foi restaurada.


 


A esposa de Nicolas Riera juntou as mãos em um gesto de alegria.


 


—     Que bom!


 


 


Para alívio de Maria, o serviçal de Memo acabou de esvaziar seu copo, e suas boas maneiras eram suficientes para limpar a espuma da cerveja da boca, antes de falar. 


 


—          Foi uma grande satisfação conversar com as senhoras, mas devo partir. Já é hora — fez um cumprimento de cabeça para Maria. — Foi um prazer negociar com a senhora. 


 


A cunhada de Peter forçou um sorriso.


 


—          Bom dia, senhor.


 


Quando o homem desapareceu, Euge murmurou:


 


—          Precisamos encontrar nossos guardas. Já é muito tarde, não?


 


—          Sim.


 


Maria levantou-se e percebeu que Richard não pagara sua bebida.


 


 


 


Com gesto relutante, colocou mais uma moeda sobre a mesa. A vingança ia se tomando cada vez mais cara, refletiu com seus botões.


 


—          Se chegarmos logo em casa, poderá saber o que aconteceu a seguir com Oliver Twist.


 


—          Ah! A história de lady Lali. Pobre rapaz! — Euge suspirou, pegou sua cesta e franziu atesta, olhando as compras. Pode imaginar coisa tão terrível como vender uma criança? E ainda mais fazer com que coma muito pouco para ficar sempre franzina e poder entrar nas chaminés a fim de limpá-las? Lady Lali conta lendas extraordinárias! Se os meninos não limpavam direito, levavam vassouradas!


 


Maria tratou de concordar, enquanto seguia para porta da taverna. Não vendo o homem de Uchoa na esquina, suspirou aliviada.


 


 


 


 


 


 


Ouvindo o chamado do marido, Lali tratou de se esconder bem depressa atrás das enormes cestasde vime que Gaston levava às costas. Prendeu a respiração, pensando que Mariana Esposito jamais fora alvo de tantas brincadeiras em sua vida.


 


Não que as constantes atenções do marido a aborrecessem, pois Peter era um amante maravilhoso e gentil, porém nos últimos tempos andava passando mais tempo deitada que de pé, e estava perdendo o controle da situação e de sua própria vida.


 


 


 


Fazer amor com o lorde de Blackstone era um sonho sempre renovado, porém precisava reagir e cair na realidade.


 


Por mais que desejasse ficar ali em Blackstone, junto a lorde Lanzani, vivo e saudável, e não um fantasma, vivia em uma época que não era a sua, para onde fora trazida de modo misterioso.


 


 


 


Além do mais, Peter tinha suas responsabilidades e precisava se concentrar na preparação para o torneio que se aproximava;


 


Já tentara faz ê-lo entender por diversas vezes o que era ovulação e que preferia evitar fazer a morem certos períodos do mês, pois ainda não se sentia preparada para ter um filho. Mesmo assim o marido não lhe dava um minuto de sossego nem uma única noite bem dormida, sempre querendo levá-la para a cama.


 


—          Viu minha esposa? — perguntou, aproximando-se de Gaston.


 


—          Sua esposa?


 


—          Sim, tolo! — Peter começou a caminhar de um lado para o outro, diante do lugar onde Lali se escondia. —  A moça magra com um lindo traseiro.


 


Gaston limpou a garganta, sem dúvida tentando engolir o riso. Nas últimas duas semanas, todo o clã costumava ver Peter subindo para seus aposentos e carregando a esposa nos ombros, com a clara intenção de ir produzir um herdeiro, e aquilo estava se tomando uma verdadeira obsessão.


 


Para grande alívio de Lali, escondida atrás dos cestos, Gaston respondeu: 


 


—          Bem... sua esposa estava na destilaria há uma hora.


 


—         Não está lá agora.


 


—       Já foi verificar na capela?


 


—      E por que iria... Ah!


 


 


 


 


Com um gesto irritado Peter deu meia-volta, e Lali ouviu seus passos fortes se distanciando.


 


 


 


Então ergueu a cabeça por sobre um dos cestos.


 


—              Ele já foi? — murmurou com um fio de voz.


 


—              Sim, mas é melhor que você saia daqui. Se continuar escondida atrás dos cestos, Peter irá se perguntar por que os peixes ainda não foram salgados — vendo Lali sair do esconderijo com gesto tímido, lembrou. — Não vá se esquecer da torta que me prometeu em troca de minha ajuda. 


 


—              Gaston, farei duas tortas, caso consiga manter meu marido afastado.


 


—              Tentarei. 


 


Assim dizendo, o cavaleiro deu as costas, enquanto Lali corria pelo pátio, mantendo distância da capela e procurando as sombras.


 


Estava quase alcançando a porta lateral do castelo, quando estremeceu ao ouvir a voz possante e já tão sua conhecida. 


 


—     Menina! Aqui está você!


 


—      Maldição — murmurou Lali entre os dentes semicerrados.


 


Abriu a porta e acenou.


 


—       Não posso falar agora, querido. Tenho algo urgente a fazer. 


 


E tratou de correr o mais rápido possível.


 


—     Oh, não! Venha cá, tentação!


 


Entre as galinhas que ciscavam no pátio, os cachorros que descansavam ou latiam, todos riram, enquanto Peter saía atrás de sua esposa.


 


 


 


—          Não ouviu nada?


 


—           Cheguei tarde demais, meu marido, mas tenho certeza de que a jóia foi feita na Borgonha, e não por aquele parasita. 


 


Nico, ciente de que Euge estava familiarizada com a disputa de modismos que acontecia no continente europeu, entre os poderosos e ricos príncipes alemães e franceses, não questionou. Começou a andar de um lado para o outro da biblioteca, com ar preocupado.


 


—          Onde está Maria neste momento?


 


—          Em seus aposentos.


 


—          Talvez tenha encomendado o brochede boa-fé, e esse Richard de Oban resolveu levar o crédito como artesão para ter um bom lucro.


 


—          Pode ser, mas... De qualquer modo Maria só teve palavras amáveis para nossa lady, no caminho de volta a Blackstone, quem sou eu para julgar o que é ou não possível?


 


 


Questionou-se Euge em pensamento, embora duvidasse que Maria, uma mulher acostumada com roupas e jóias caras, fosse tão facilmente enganada. Além disso, as mãos do tal Richard de Oban eram muito grosseiras para pertencerem a um fino artesão.


 


—     Bem, acredita que Maria pode estar fingindo? 


 


Euge deu de ombros.


 


—     Não sei. Talvez tenha passado a aceitar os modos estranhos de lady Lali, que salvou sua vida.


 


—              — Grande possibilidade, já que Anahí adora ser o centro das atenções e ser bem tratada em qualquer circunstância.


 


Assim dizendo, Christian tomou as mãos da esposa nas suas e fez com que se levantasse.


 


—     Só nos resta observar e aguardar — murmurou. 


 


Euge percebeu que seu amado não estava nada satisfeito com tal perspectiva.


 


—     Sim, meu marido, mas enquanto continuo a vigiar Maria pode ocupar-se de Peter e mantê-lo afastado da pobre Lali. 


 


Nicolas riu.


 


—     Lali lhe contou o que o fez agir como age nas últimas semanas?


 


 


 


Euge balançou a cabeça em negativa.


 


—          E Peter? Contou para você?


 


—          Sim — Nico fitou a esposa por um momento, como se estivesse pensando com muita seriedade. — Tinha razão, minha querida. Lali nasceu de novo, é uma pessoa de uma época e lugar distante, que se de carne e osso.


 


—          Meu Deus!


 


Quando mencionara essa possibilidade para o marido, falara de modo figurado, sem acreditar nem por um instante que isso fosse real. De olhos arregalados, perguntou:


 


—          Como Peter reagiu?


 


—          — Cortaria minha garganta se soubesse que lhe contei o que vou dizer, mas a verdade é que morre de medo que Lali vá embora, apesar de ela ter dito que não deseja isso. Tenho certeza de que a ama, mas com a possibilidade de sua fuga a qualquer momento, pesando sobre sua cabeça, jamais dará o braço a torcer nem para si mesmo, quanto mais se declarando. 


 


Como os homens eram estúpidos!, pensou Euge.


 


—          Se confessar seu amor para Lali talvez ela fique ao seu lado para sempre, Nico.


 


—          Peter acredita que um filho operará esse milagre.


 


 


 


Euge suspirou, pensando que alguns homens eram ainda mais tolos que os outros.


 


Memo Uchoa sorriu ao ler a missiva de Maria Del Cerro. Seu plano de raptar lady Lanzani era viável.


 


 


 


Não seria fácil, pois Peter distribuíra suas sentinelas com excelente estratégia, mas simples guardas jamais o haviam detido antes, e não o deteriam dessa vez também.


 


 


 


Tinha muito a ganhar, concluiu em pensamento, riu com ironia, quem iria imaginar que o calcanhar de Aquiles de Peter, o Moreno, acabaria sendo uma mulher?


 


Releu a carta de Maria, na qual a jovem suplicava que não fizesse nenhum mal severo à lady Lanzani e, com gesto brusco, atirou-a às chamas da lareira.


 


 


 


Memo maravilhava-se com a estupidez da filha de Del Cerro. Faria como sempre o que fosse mais conveniente aos seus propósitos.


 


Uma vez capturada e prisioneira em seu calabouço, levaria apenas uma semana, até menos, para que lady Lali perecesse. Então mandaria que atirassem o corpo de uma das muitas escarpas que circundavam as terras dos Uchoa`s e dos Lanzani`s, de modo que parecesse uma queda acidental.Por certo acabariam descobrindo o cadáver, já dilacerado pelos abutres, e tudo estaria terminado, para lady Lali e Peter, que ficaria sem um herdeiro.Fitando a carta, que se transformara em cinzas na lareira, Memo Uchoa balançou a cabeça, pensando em Maria. Deus livre-me de uma mulher vingativa, rezou.



 



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Autor(a): hellendutra

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Oi gente to de féria hoje foi meu ultimo dia,vou posta um bem grandão para vcs, ou quem for que esteja lendo,desculpa a demora mais tava foda, queria fazer uma perguntinha para vcs alguem ai gosta de violeta?ou da menina que faz vileta e vcs VIRAM QUE ELA TA COM O PETER ?????????????????? COMO ASIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII ...


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Comentários da Fanfic 257



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  • jucinairaespozani Postado em 17/02/2014 - 02:00:34

    A web foi ótima eu amei ,demorou mas valeu a pena *-*

  • jucinairaespozani Postado em 27/12/2013 - 17:19:31

    Que bom que voltou ..Que raiva da Maria ..Estou amando a web ,espero que a Lali fique bem.Posta mais

  • daniilanzani Postado em 16/12/2013 - 01:06:39

    ô tia????Pq vc parou de postar???qro mais,,abandona a web não ela é ótimaaaa *o*

  • jucinairaespozani Postado em 12/10/2013 - 19:44:54

    ai que bom que voltou posta mais a web é incrível a historia é muito boa e eu estou adorndo ler

  • lary_laliter Postado em 04/07/2013 - 23:39:50

    COMO VC PARA EM UMA PARTE ASSIM DE BRIGA MULHER ! Há que capitulo pequenininhoooo posta mais Plis estava morrendo de saudade da web

  • sofiasouza Postado em 04/07/2013 - 23:37:55

    ñ demora muito pra posta ,a web esta perfeita posta mais estou amando

  • sofiasouza Postado em 01/07/2013 - 01:15:20

    Posta mais, que bom que apareceu sumida kk estou amando a web ,vê se ñ desaparece mais em senhorita kk

  • lary_laliter Postado em 30/06/2013 - 23:28:22

    OLHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA EU AQUI VOLTEI E TBM ESTOU FAZENDO UMA DANCINHA MALUCA \O/ KKKKKKKK ANSIOSA PARA O PRÓXIMO CAPITULO.....como tu não respondeu no face feliz aniversário atrasado muitos anos de vida e blá blá blá tudo que tem que dizer kkkkkk

  • jucinairaespozani Postado em 30/06/2013 - 20:44:58

    Posta mais

  • sofiasouza Postado em 06/06/2013 - 19:51:16

    Que bom que voltou ,parabéns pelo seu Peter kk ,adorei o capitulo posta mas a web esta ótima ,espero que ñ suma mas em (:


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