Fanfic: *Mємóяιαѕ Đє √αмριяø* | Tema: ұσท∂y (Δ∂αρτα∂α)

Ele podia sentir o amor de Dulce penetrar em suas veias como ondas de calor.

O amor por Christopher.

Sim, amor verdadeiro.

Como era possível que não identificasse o sentimento?

Amava Lola. 

Ela também o amava.

Por que não havia reconhecido o gosto no momento em que envolveu sua língua?

Derrick nunca experimentara nada parecido no sangue de Lola. Mesmo tentando reprimir o pensamento, sabia que era verdade. Nunca provara doçura ou cuidado. Nunca sentia aquele mesmo calor que agora o envolvia. Sentira somente a necessidade faminta da luxúria.

Teria se confundido sobre o que era amor?

Ele recolheu as presas e olhou para Dulce, quase inconsciente, desfalecida em seus braços. Mas, mesmo naquele estado, a conexão com Christopher estava intacta.

Ela o chamava em pensamento.

Nunca experimentara nada parecido com Lola. Eles nunca haviam se conectado daquela forma. Derrick balançou a cabeça, irritado. Posicionou as presas no pescoço de Dulce. Poderia ter tido a mesma conexão com Lola se Christopher não tivesse arruinado tudo. Ele destruíra o amor que poderia haver na alma de Lola. Mesmo disposto a ir até o fim com sua vingança, ele sabia que não era verdade.

Lola não o amara.

Ele recuou e estudou a mulher em seus braços. A amada do seu irmão mais se parecia com um anjo quebrado. Um som esganiçado escapou de seus lábios.

O que ele fizera?

Em que ilusões se apoiara durante tantos anos?

Mortificado, Derrick tomou Dulce nos braços e levou-a para o sofá. Deitou-a sobre as almofadas, incerto sobre o que fazer. Sem a ira que o alimentara durante dois séculos, nada mais fazia sentido.

A porta se abriu com estardalhaço e Christopher entrou no aposento. Os olhos brilharam, selvagens, quando ele avistou Dulce, mal registrando a presença de Derrick.

Correu para ela e se ajoelhou ao lado do sofá. Os dedos trêmulos tocaram os cabelos, o rosto, o pescoço. Ele olhou para as mãos tingidas de sangue, e um grito visceral ribombou pelas paredes. Somente então Christopher se levantou e, num movimento invisível, surgiu diante de Derrick.

— O que você fez? — Derrick recebeu o impacto da energia materializada num golpe que o arremessou de encontro à estante. Diversos livros caíram ao redor dele. Christopher o golpeou novamente e,dessa vez, deixou o irmão prostrado no chão. Os lábios sangravam, embora Derrick não sentisse nenhuma dor.

Christopher surgiu diante dele e agarrou-o pelo colarinho, fazendo com que ficasse de pé. A fúria queimava nos olhos dourados, e Derrick soube que o irmão pretendia matá-lo. E, daquela vez, a morte seria justificada.Christopher o prendeu contra a estante e o encarou.

— Lola fez sexo comigo. Ela me seduziu, me hipnotizou. E quando percebi o que havia feito, fiquei doente pela culpa. Odiei-me por não conseguir impedir — ele grunhiu,expondo as presas alongadas. — E todas as vezes que fui até Lola para mordê-la, queria apenas retribuir por ela ter arruinado minha família e matado nossa irmã.

Derrick não disse nada. Estivera tão obcecado por Lola que ficara cego para a verdade. Recusava-se a acreditar. Mas agora, que havia sentido o amor real e puro, sabia que jamais encontrara aquela emoção antes. Christopher arreganhou os dentes, movendo-se para o ataque, quando a voz de Diego o interrompeu.

— Christopher, Dulce está morrendo. — Ele soltou Derrick no mesmo instante e se virou para ela. — Ela mal consegue respirar. — Diego se agachou ao lado dela com expressão constrita. — Acho que ela não vai resistir.

— Não! — Christopher se ajoelhou diante dela e esmurrou o braço do sofá, sentindo-se inútil e furioso.
Derrick continuava apoiado na estante, mas Diego não conseguiu ver nenhum traço de amargura ou ódio no rosto do irmão, como esperava. Ele parecia devastado e doente.

Diego não teve dúvida de que Derrick ficara impassível para permitir o ataque de Christopher. Não sabia o que havia mudado o irmão mais novo nem o que trouxera de volta o homem que havia desaparecido com a chegada de Lola na vida dele.

Mas o irmão que ele amara estava lá, atormentado pelo que fizera. Derrick não era mais o monstro que Lola criara. O olhar se encontrou com o dele. Os dois irmãos se encararam por um longo momento, e então Diego assentiu com um gesto discreto da cabeça, significando que compreendia. Derrick não reagiu.

Simplesmente olhou para Christopher ajoelhado ao lado de Dulce e,com a expressão carregada pelo mais profundo pesar, dissolveu-se em sombras.
Diego foi para perto de Christopher. Era o único que poderia ajudar naquele momento.

— Como ela está? — Christopher não respondeu. Continuou a tocá-la com dedos trêmulos, como se quisesse transmitir-lhe a vida.

— Você terá de transformá-la — sugeriu com determinação.

— Não.

— Christopher, você vai deixar que ela morra? — exasperou-se, pousando a mão na testa gelada de Dulce. — Não seja estúpido. Faça alguma coisa!

— Não vai funcionar, Diego. Ela não pode me dar seu consentimento.
Diego sabia que as palavras de Christopher eram a mais pura verdade. Mortais não podiam se transformar sem que aceitassem o dom sombrio de se tornarem vampiros.

— Christopher... — Ele pousou a mão nos ombros do irmão. — Ela vai morrer de qualquer forma. Você precisa tentar.
A cabeça de Christopher pendeu e ele não disse nada. Finalmente, levantou-se e tomou Dulce nos braços.Diego não o seguiu. Christopher tinha de lidar com a situação sozinho. Esperava apenas que fizesse a coisa certa.