Fanfic: *Mємóяιαѕ Đє √αмριяø* | Tema: ұσท∂y (Δ∂αρτα∂α)

Aquele relance de imagens era similar ao que acontecera com ele quando Christopher fora atacado. Voltou a encarar o irmão. O olhar encontrara o foco e ele sorria. 

— Não sei explicar... — dizia, alheio ao estado de estupor de Diego. — Acabei de conhecer Dulce, e não posso viver sem ela. Tenho de tê-la.

Subitamente, entre as palavras de Christopher e as imagens que captara, Diego compreendeu.

Christopher desejava Dulce, mas como vampiro, não podia se apaixonar por uma mortal.Tivera muitas perdas no passado e já se machucara muito. Mas, se pudesse voltar no tempo, antes das perdas e do vampirismo, talvez então pudesse ter Dulce.

Perplexo com a apreensão do que acontecia na cabeça confusa do irmão, Diego o fitou com olhos arregalados. Jamais poderia imaginar que Christopher fosse capaz de estabelecer conexão tão intensa, especialmente com uma mortal. Não fora para menos que ele tivera intuição de levar Dulce para casa junto com Christopher e colocá-los na mesma cama.

De alguma forma, pressentira que o irmão poderia descansar e se recuperar se soubesse que Dulce estaria do seu lado. Entretanto, não tinha idéia da extensão do desejo até aquele momento. Christopher a desejava tanto que se esquecera de tudo que fora por duzentos anos. Negara o fato de ser um vampiro e voltara no tempo, antes de Lola. Era por isso que não parecia perturbado pelas conveniências modernas do apartamento. Questionar como aquilo tudo poderia existir no século XIX arruinaria o mundo fantasioso que ele criara para se defender da realidade. No entanto, Diego decidiu colocar a teoria em teste. 

— O que é isso? — ele apontou para a lâmpada do abajur. Christopher olhou para o objeto em questão com olhar desconfiado. 

— Uma lâmpada — disse lentamente, como se Diego tivesse perdido o juízo. 

— E aquilo? — Dessa vez, Diego indicou o moderno e sofisticado aparelho de som. 

— Um CD player. 

— E?... 

— Diego, você pode me explicar quais são as regras desse jogo de perguntas? 

— Estou indicando todas as boas coisas que você pode oferecer a Dulce —Diego esclareceu. — Poucos homens em Londres nesse período em particular poderiam oferecer tanto às noivas.

Christopher o encarou por um momento e balançou a cabeça, claramente desconfiando da sanidade do irmão. No entanto, Diego não estava louco. Ele fora brilhante. Christopher estava suprimindo apenas a parte do passado que ele não podia aceitar. Assim, conseguira apagar a morte de Lupita, o ódio de Derrick, a vida dele.

Era como se o subconsciente dele tivesse realizado uma cisão, numa manobra genial para fazer com que o passado e o presente pudessem coexistir. Mas mesmo satisfeito com sua descoberta, Diego também ficou atônito pela extensão do dano psíquico que as perdas haviam provocado. Sabia que Christopher nunca se aceitara como vampiro, mas jamais podia imaginar a agonia e a culpa que consumiam o irmão.

Observou-o por um momento, tentando decidir o que seria melhor para ele. Finalmente, chegou a uma conclusão. Não podia trazer Lupita e Derrick de volta,mas podia ajudar com Dulce. Podia lhe dar a chance de amar aquela mortal que tocara seu coração, um coração que poderia ficar congelado para sempre.