Fanfic: Wishing on a Star | Tema: One Direction
- Sim, mãe, eu sei que tenho que ligar assim que chegar. E que não, não interessa se no Brasil estará muito tarde. Não, você não precisa se preocupar. E por favor, não comece a chorar. – Minha mãe é extremamente sensível. O que a difere do meu pai, que apesar de me dar total certeza pelo olhar que sentiria minha falta, não estava aos prantos.
- Mas eu vou sentir tanta saudade, filha! – Minha mãe disse, com os olhos marejados.
- Eu sei mãe, e vocês sabem que também sentirei falta de vocês. – falei, e estava sendo sincera, nada no mundo se compara à casa dos pais. – Mas eu preciso viver um pouco, e eu sei que você entende. - sorri, tentando parecer confiante no que estava fazendo.
- Além do mais, tia, se for ruim, nós voltamos correndo. - Bianca brincou. - Inclusive, eu sei que a Eloá não quer chorar aqui pra se fazer de forte, mas no avião ela desaba e eu registro esse momento.
De certa forma, ela estava certa. Eu sabia que se abrisse a boca e chorasse, seria impossível da minha mãe permitir minha partida. Além disso, eu sou a Eloá. Não me apresentei, pois ao final dessa história, vocês saberão mais de mim e da minha vida, do que muita gente sabe. Afinal, apesar de tudo o que se lê nas revistas, a verdade que reside por trás dos fatos pode ser muito diferente do que vocês acham... Mas isso não é assunto pra agora.
Me despedi dos meus pais, enquanto Bianca falava com sua mãe ao celular, que era uma mulher de negócios e vivia viajando. Seus pais se separaram quando ela ainda era criança e o pai dela nunca ousou manter contato, então a vida inteira foi como se morássemos juntas, como verdadeiras irmãs.
Então anunciaram a última chamada para o nosso voo, e minha mãe teve que me deixar ir. Sequei uma lágrima que teimava em cair com o dedo, dei um beijo em cada um, e segurei na mão de minha amiga. Estávamos indo para o nosso destino, destino que sonhávamos desde crianças. Aquele curto caminho até onde estaria o avião pareceu interminável, e mil coisas passavam em minha cabeça. Meus amigos, Eduardo – vocês ainda escutarão falar dele, só não é a hora ainda –, meus pais e o Seth, meu cachorro lindo. Eu sentiria falta de tudo. Quem sabe, até me permitiria sentir falta do calor do Rio de Janeiro, das praias lindas e da forma como todo mundo por aqui é feliz. Não queria chorar, não podia chorar, não me permitiria chorar. Mas era hora de um novo caminho, um caminho que não poderia traçar no mesmo lugar, com as mesmas pessoas. Mudanças acontecem e não são necessariamente para o bem, mas só saberemos depois de tentar.
Me acomodei em minha poltrona, com Bianca ao meu lado, em silêncio. Eu não ousaria falar, nem ela, e sabia que aquele silêncio duraria bastante, pois precisávamos de tempo para digerir o que estava acontecendo naquele instante. E seria um longo voo, maldita escala.
Depois de horas de silêncio, enquanto eu me perdia em pensamentos ouvindo um pouco de Boyce Avenue no fone, Bia me cutucou e eu sorri.
- Fala. – disse, agradecida por não ter que puxar assunto.
- Estou nervosa.
- Eu estaria mentindo se dissesse que eu estou de boa. – dei uma risada fraca e ela me acompanhou.
- Será que vamos conseguir nos adaptar? E se as pessoas não forem legais? E se Londres não for l...
- NÃO OUSE DIZER ISSO! – a interrompi, antes que pudesse sugerir que Londres não fosse boa o bastante para nós. - Tudo vai ser incrível, Londres vai ser incrível, afasta esse pessimismo daqui, minha filha!
- Tudo bem, eu me calo, se você me contar... – ela disse, e eu sabia o que viria a seguir: Eduardo.
- Ah não, por favor, não! - supliquei, mesmo sabendo que não adiantaria.
- Faz duas semanas, e você não comentou com ninguém. Eu quero saber. – ela disse, decidida, e eu estava a não-faço-ideia-de-quantos-mil-pés-do-chão, incapaz de fugir.
Bom, Eduardo é meu namorado... Ou ex-namorado. "Ou" não, definitivamente ex-namorado. Ficamos juntos por quase um ano, mas antes, éramos apenas bons amigos. Nosso namoro tinha dado uma esfriada depois do nono mês, e acredito que tenhamos ficados juntos depois disso por consideração aos bons tempos e à nossa amizade. Mas isso não fazia bem pra ninguém. E quando surgiu a oportunidade de estudar em Londres, eu não pude recusar, e eu sabia que estava libertando-o, sem que ele precisasse fazer nada. Mas a reação dele não mostrou que ele estava feliz com isso.
DUAS SEMANAS ATRÁS.
- Olá, Mary. O Edu está? – sorri para minha futura ex-sogrinha que tanto me adorava.
- Está no quarto dele, Elô. – abriu a porta para que eu seguisse para o quarto do seu filho.
Bati na porta três vezes, e ele sabia que era eu.
- Oi, Elô - disse, selando meus lábios rapidamente.
- Oi, Edu. Como você está? – Não seria muito bonito da minha parte chegar e falar "Oi, tô indo pra Londres, o que significa nosso fim, foi bom enquanto durou, beijo", eu precisava ser educada.
- Um pouco estressado com as inscrições para faculdade. - Edu disse, e não era essa a resposta que eu queria ouvir.
- Será que você pode sentar aqui comigo, só por um momento? – apontei para a cama, para que ele sentasse ali.
- Claro! – Ele disse, fechando o notebook e se jogando na cama. Era agora, e eu não podia adiar.
- É sobre a minha inscrição pra faculdade. – sorri amarelo – Eu não vou. – dito só isso, observei a expressão de Eduardo mudar, e sabia que precisava continuar falando, rápido, como arrancar um band-aid né? – Eu vou estudar na Le CordonBleu.
Se a expressão de Eduardo já era de dúvida, depois de ouvir as seguintes palavras "Le CordonBleu", só faltou seu rosto se transformar literalmente em um enorme ponto de interrogação. A verdade é que eu amo cozinhar e a Le CordonBleu é uma das escolas de culinária mais reconhecidas do mundo. É a única coisa que me acalma quando estou com raiva ou triste, e poucas pessoas sabem disso. Mas agora era hora de contar para todos o que eu queria fazer, pelo menos por enquanto. O curso não dura "muito", acredito que em três anos já terei terminado. O que mais me chama a atenção na CordonBleu são os nomes que de lá saíram, grandes chefs que admiro. E eu só sairia de lá com meu Grand Diplomê. Mas não pretendo enchê-los com meus sonhos. Essa não é uma história sobre o que sonhei ou deixei de sonhar, e sim sobre o que me permiti realizar.
- Do que você está falando, Eloá? – A voz de Eduardo estava um tom mais alto.
- Eu vou estudar em Londres. – Senti o nervosismo se espalhando pelo meu corpo.
- E desde quando? De onde você tirou isso?
- Você não precisa começar a gritar. Isso vai ser melhor pra nós dois, não é como se eu não soubesse da sua eterna infelicidade ao meu lado! – Eu disse, não querendo ser irônica, porém, realista.
- Você ficou maluca!? – eu não gostava de escutar aquelas coisas – E os planos que fizemos? E a UFRJ?
- Eu amo Letras, mas não é isso que eu quero pra mim. Tem como você entender que eu tenho sonhos? SONHOS. Sonhos enormes, maiores do que eu mesma sabia que podia sonhar! – dito isso, me levantei da cama – Não quero passar o resto da minha vida exercendo uma profissão que não me faz feliz de verdade. E não quero ficar presa nesse país até a minha velhice. Eu quero conhecer o lugar que tanto sonhei. E eu peço desculpas por te avisar assim, mas não vou pedir desculpas por terminar com você, nossa relação não está boa há tempos, e você sabe disso melhor do que ninguém. – estava falando demais, e precisava parar – Você não quer estar comigo, eu não quero estar com você, isso acontece, né? As pessoas mudam, crescem, é, nós crescemos e agora estamos seguindo caminhos diferentes. – suspirei alto, me fazendo parar de falar.
- Você não entendeu nada. – Eduardo disse, com a voz baixa.
- Como assim?
- Você não entendeu nada, sua idiota. – Ele voltara a gritar.
- Você me chamou do que? - fui obrigada a aumentar o tom de voz com aquele babaca.
- Eu fiz tudo por você, e eu abri mão de tudo por você. Mas você como sempre teve que ser egoísta, ser a Eloá de sempre. "O mundo gira em torno de mim, blábláblá", e agora você parte e eu fico aqui? De idiota? As coisas são sempre tão simples pra você? – Ele sorriu, irônico.
Senti o sangue subir, ferver no meu rosto, minha vontade era xingá-lo de todos os nomes, mas se teve uma coisa que eu aprendi muito bem vendo a minha irmã se descabelar por homem: Não vale a pena. Passei a mão nos cabelos, jogando-os para trás, encarei o chão por exatos cinco segundos e encarei Eduardo. Encarei profundamente, procurando ali, vestígios do rapaz pelo qual me interessei em primeiro lugar. Mas como já era de se esperar, ele não estava mais lá. E aquela pessoa parada na minha frente, não passava de um estranho.
- Que bom que estamos entendidos – sorri, em seguida mordi o lábio inferior – Estou satisfeita por ter esclarecido tudo com você, poderei ter uma viagem serena, em paz. – Fui o mais irônica que pude e virei as costas. Estava quase descendo as escadas quando voltei e disse em um tom irritantemente gentil "Não se preocupe em me ligar, afinal, outro país, outro número de telefone. Não me prenderei ao Brasil." E saí da casa deEduardo, acenando rapidamente para Mary que estava na sala, e que sem sombras de dúvidas, havia escutado tudo.
HOJE.
- E foi isso, o importante é que sobrevivi! – Resumi para Bianca, que acompanhava tudo, soltando algumas vezes "Hum", indicando que estava ouvindo.
- Que complicado! O importante é que uma nova vida está começando, e com a velha vida, ficam os velhos problemas. Amanhã estaremos em Londres, e você poderá criar novos problemas para ocupar a cabeça. – Ela disse sorrindo, e se virou pra frente.
Eu amava aquilo na Bia, ela podia resolver tudo e fazer eu me sentir compreendida com pequenos dizeres que ela mesma inventava. Ficamos em silêncio e eu apaguei logo em seguida.
Autor(a): gomeseloa
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Apesar da escala e do longo voo, chegamos em Londres. Acordei, encarando a janela, sobrevoávamos Londres, e "Own my Way" era a trilha sonora da minha visão do lugar mais lindo que eu já tinha visto. Se pudesse me olhar, diria que meus olhos brilhavam de pura emoção, estava de manhã, e deixando de lado o cansaço da viagem, a &u ...
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