Fanfic: Bilionário como prémio AyA {Terminada} | Tema: AyA

Duas crianças correram pela alameda, a risada alta soando no ar ensolarado. Alfonso e Anahí se afastaram para dar-lhes passagem. Os pais dos garotos os seguiam, dizendo-lhes para tomar cuidado.

— Suponho que você queira filhos...

— O quê?

— Criar filhos. Como conseguem energia para isso? –Anahí levantou uma sobrancelha.

— Nem todos trabalham dezoito horas por dia. Algumas pessoas encontram espaço para cuidar de si e dos outros.

— Não trabalho dezoito horas por dia, Anahí. Talvez catorze, mas ainda assim não sobra tempo para crianças.

"Ou para viver", acrescentou Alfonso, de si para consigo.

Estar com Anahí tornava isso ainda mais óbvio. Alfonso se lembrou de como lhe descrevera uma manhã preguiçosa, ouvindo o barulho da chuva da cama, e sentiu um desejo que nunca tivera antes. Mesmo a casa dela, que não era cheia de atrações, parecia sossegada e de bom gosto, assim como Anahí. Ela era jovem, mas poderia ensinar-lhe algumas coisas sobre a alegria de viver.

— Suponho que você queira filhos...

A expressão alegre desapareceu do rosto dela ao ouvi-lo.

— Eu já quis ter uma dúzia. Mas isso foi antes... Você sabe. –Sim, Alfonso sabia; antes de o noivo morrer.

— Pensei em adotar algumas. Porém, crianças precisam de um pai tanto quanto de uma mãe, e não posso proporcionar isso.

— Acho que qualquer garoto ou garota ficaria feliz em tê-la como mãe, com ou sem pai. Anahí enrubesceu.

— Obrigada.

— Falei sério. — Fazendo-a erguer o queixo, fitou os olhos cor de mar. — Você poderia fazer qualquer coisa que quisesse. Creio que nunca conheci alguém igual.

O elogio aqueceu todo o corpo de Anahí, mas não podia se enganar. Alfonso Herrera era um homem charmoso, e elogios eram atitudes típicas de homens charmosos.

— Vamos até a cachoeira, Alfonso? É linda!

Alfonso assentiu, e eles caminharam por várias alamedas até chegarem à imensa cachoeira.

A água descia com força para um lago entre as pedras.

— Esse lago é o que restou de uma antiga pedreira. –Alfonso torceu o nariz.

— Pedreira?

— Sim. —Anahí se encostou na grade de proteção e contemplou a bonita queda d`água. — Os proprietários quiseram embelezar a área, então plantaram os jardins. É impressionante o que um pouco de trabalho pode fazer.

— E dinheiro.

Ela virou-se e o olhou com curiosidade.

— Sempre pensa em dinheiro primeiro?

— As vezes, não.

O olhar de Alfonso mudou de direção, e Anahí lutou contra a vontade de se contorcer.

Seus seios nunca chamaram muito a atenção de ninguém, por isso não entendia por que ele parecia apreciar tanto aquela parte de sua anatomia.

Bem, devia ser curiosidade. Alfonso nunca devia ter estado com uma garota com tão pouco a oferecer no quesito "seios". Se ele os tivesse visto, na certa já teria perdido o interesse.

Isso a deixou triste, e Anahí resolver afastar aquela conjectura da mente.

— Que tal um chá da tarde no restaurante? Não comemos muito no almoço, e estou com fome.

Ele sorriu.

— Sobre o almoço, nós...

— Chá da tarde é uma tradição em Victória. É bem britânico... —Anahí ficou irritada por tê-lo feito se lembrar sobre... O almoço. Nunca mais seria capaz de comer cachorro-quente sem recordar a sensação do corpo de Alfonso contra o seu.

Sentados ao ar livre em um dos restaurantes do jardim, admirando a paisagem e tomando o chá das cinco, Anahí manteve a conversação num nível impessoal.

Quando Alfonso avisou que chamaria um táxi para levá-los ao centro de Victória, ela o convenceu a pegar um ônibus para retornar.

O sol do fim da tarde brilhou através da janela aberta do veículo, e Anahí oscilou, sonolenta, ouvindo as conversas de mais de sessenta pessoas a bordo. Era um grupo de cidadãos idosos, vestidos com uniformes de golfe e velhos chapéus de palha.

— Vocês dois são casados? — quis saber uma senhora ruiva, muito alegre.

— Não.

— Só estamos saindo juntos, por enquanto —Alfonso falou, animado. — Nunca se sabe...

— Sim, nós sabemos — murmurou Anahí. — E isso é tudo o que vai acontecer.

A velhinha piscou para ela.

— Nunca perca as esperanças, querida. Já me casei cinco vezes, e estou de olho no sexto marido. — Mostrou com a cabeça um senhor elegante, de bengala na mão. — Ele não é uma graça?

— Sim, é ótimo. Mas parece sério demais. Precisamos de pessoas relaxadas a nosso lado.

— Não. — A senhora se aproximou, sussurrando: — Esses são os melhores na cama. Acredite em mim, querida. Uma vez que esteja sozinha com eles, fique alerta! Aposto que seu companheiro é como uma dinamite.

Com um grande esforço, Anahí conseguiu não olhar para Alfonso.

— Nós não nos conhecemos muito bem...

— Claro que nos conhecemos. — Alfonso passou-lhe o braço sobre os ombros, com uma expressão travessa. — E tenho o pavio curto no que se refere a Anahí.

— E eu não sabia disso? — A senhora riu. — Tenho um sexto sentido imbatível, meu filho.

— Verdade? —Alfonso estava muito satisfeito. — E o que diz sua intuição a meu respeito e Anahí?