Fanfic: Alice no Mundo Perdido
Os primeiros raios de sol pontavam o céu com um brilho fraco, que mal dava pra aquecer o corpo dos estudantes que estavam em sua maioria cobertos por casacos grossos e gorros, o sol chegou atrasado aquele dia graças ao tempo chuvoso da cidadezinha nos últimos dias. Era umas oito da manhã e o portão se lotava de adolescentes se dirigindo ao centro, parecendo centenas de formiguinhas voltando para o formigueiro antes do inverno. Encostada no capô do carro, com as pernas estiradas, Alice observava a multidão, os olhos esverdeados se concentravam em um grupo de jogadores brincando com líderes de torcida descaradamente até que algo perto do portão lhe chamou atenção, algo que sempre roubava sua atenção. Os olhos extremamente azuis de Peter Jones se focavam em um exemplar do Pequeno Príncipe. Peter Jones era quase um enigma para ela, ele sempre estava com um livro por entre os dedos e os olhos focados em alguma coisa( muitas vezes na própria Alice White), tinha tudo para ser um daqueles jogadores babacas cercado por líderes de torcida e outros jogadores babacas, sempre por dentro das festas, convites nunca lhe faltaram, tinha um bom porte físico, uma boa aparência, um bom gosto para livros e provavelmente uma boa personalidade. Muitas vezes Alice o flagrava a encarando, os olhos azuis pareciam sempre fascinados, como se estivessem olhando uma explosão de luzes e cores que jamais foram vistas por alguém, apesar de ser estranho, ela gostava, se permitia encara-lo de volta de vez em quando também.
As aulas se passaram em mais rápido que o comum, provavelmente por Alice estar cochilando em boa parte delas. A noite passada não dormiu bem, acordava entre um pesadelo e outro com os cabelos colados no corpo, gritando e suada, com o rosto encharcado por lágrimas, demorava pegar no sono e quando conseguia tinha outro pesadelo e não havia nada que pudesse fazer para afugenta-los, então, pelas duas da manhã decidiu que o resto de sua madrugada seria de Red Bull e filmes antigos. Seus pesadelos eram todos envolvidos com morte, principalmente com a de seus pais, aquelas imagens ruins esvaziaram-se da sua cabeça a tempos mas agora pareciam ter voltado ainda mais fortes, unidas para tortura-la, como se já não bastasse o fato de ser orfã de família e completamente sozinha no mundo. A única aula em que fez questão de ficar acordada foi a da senhorita Martin, uma mulher jovem e bonita, uma mestiça que por muito azar na vida acabou tendo de lecionar inglês para turmas de ensino médio com uma taxa de aprendizado aceitável, era uma das poucas aulas que fazia com Jones. A professora, assim como ele, ambos pareciam ter uma alma apaixonada, ela sempre trazia poemas e textos poéticos e pedia que a turma interpretasse, Alice em si achava a coisa toda uma chatice, mas havia reparado em Jones, Peter Jones, ela podia perceber um brilho majestoso que surgia em seu olhar a cada frase recitada pela voz doce da senhorita Martin. Alice não era do tipo que saia reparando em qualquer um atoa, mas nos últimos dias ele parecia estar exercendo uma espécie de efeito sobre ela, uma espécie de curiosidade ou fascinação, provavelmente mais curiosidade. Ele sempre parecia tão apaixonado mas aparentemente nunca teve uma namorada "porque tão solitário?" uma ou outra pergunta sobre ele rondavam sua mente de vez em quando. Alice não havia percebido, mas nas últimas semanas reparava mais em Jones, e nas últimas semanas, seus pesadelos haviam ficado mais recorrentes...coincidência infortuna, não?
Quando saiu da escola se sentia aliviada, todas aquelas matérias inúteis que não se enfiavam em sua cabeça, todas aquelas pessoas idiotas, todas aquelas coisas pesando sobre sua cabeça. Sua casa e seu carro tinham um cheiro reconfortante de lar, parecia ser uma mistura de seu próprio cheiro, com o cheiro de suas coisas, com o cheiro de seus pensamentos o que no fim das contas resultava em um cheiro entorpecente e reconfortante que parecia curar suas estresses e dores de cabeça. Chegar em casa lhe dava segurança, sua casa era como seu forte, era um terreno seguro e aquele cheiro lhe dava certeza disso, muitas vezes, nunca queria sair de lá.
Ao chegar em casa jogou suas coisas sobre o chão da sala, foi para seu escritório, sentou-se no sofá e ligou a TV, nem se deu ao trabalho de escolher um canal, ficou apenas ali sentada, imóvel, olhando para o vazio que refletia em seu interior, pensando sobre as coisas. Talvez o que matasse Alice não fosse sua solidão e sim passar tanto tempo pensando, a vida não é tão boa assim quando se passa a maior parte dela refletindo sobre a própria. Quando cansou-se daquilo levantou e comeu a primeira coisa que achou no armário, um saco de bolachas velho e caiu no sono. Acordou as seis da tarde e sua mente parecia ter sido abduzida durante o sono, era como se... faltasse algo nela, se sentia totalmente entediada, era como se o próprio tédio corresse em suas veias e uma camada externa de poeira cobrisse o seu corpo, precisava "sair pra agitar". Lembrou-se de um garoto negro anunciando sua festa de aniversário essa noite para um grupo de jovens agitados "dane-se" pensou, ela não estava tão desesperada assim para ir a festa de qualquer idiota da escola, certo? Errado
Ás dez e meia da noite Alice estava mais que pronta, um vestido preto colado delineava seu corpo, ressaltando suas curvas, tinha pregas em cima e um decote que deixava seus seios bastante a mostra, uma meia calça arrastão 7/8 cobria até metade da sua coxa com a ajuda de uma cinta liga, um coturno preto a deixava uns sete centímetros mais alta e a sombra preta transformava o tom de seus olhos em um castanho-esverdeado hipnotizante. Olhou no espelho antes de sair, e sem querer se gabar, sentiu-se a sedução em pessoa ao olhar seu último reflexo Tirou as chaves do fundo da bolsa, enfiou-na na engrenagem, pôs seu CD favorito do AC/DC que tinha ali, e saiu vagando por aí até dar a hora certa. Os dedos batiam no volante no ritmo de T.N.T quando achou uma rua um tanto curiosa, parecia ser constituída apenas por lojas de bruxaria, estava quase estacionando o carro e descendo para olhar uma das poucas lojas que ainda estavam abertas quando olhou para o relógio e viu que estava na hora de ir.
Autor(a): alicemaundrell
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