Fanfic: A Nobreza.

Laís pôs uma mão na testa, enfadada. Parecia que nem a natureza queria que seu casamento desse certo. Estava sufocada em sua tristeza, quando ouviu uma batidinha na porta.
—Como você também foi acordada pela belezinha do Diego, eu estou indo tomar um chocolate quente na cozinha, aceita? —Ian sorriu da porta pra ela.
—Como? —Ela estava débil de novo. Ver Ian de madrugada era algo que desestabilizava qualquer uma. — Ah, claro, quero sim. —Sorriu enquanto se levantava.
Laís vestiu seu hobbie por cima da camisola, e alisou os braços pela baixa temperatura do local.
—Não se assuste, isso acontece com frequência. —Sorriu pra ela. Só então ela percebeu que ele vestia um roupão de veludo branco, que diga-se de passagem ficava divino nele.
—Não é nada, só o frio. —Sorriu de volta. Estar com Ian era como uma anestesia pra dor que ela sentia, Christopher tinha o dom de deixá-la acabada.
Quando ela passou por ele, ele lhe abraçou pelo ombro, e os dois rumaram pra cozinha. A pele dele estava fumegante, ao contrario dela que podia ser facilmente confundida com um sapo. O perfume era diferente, Laís não sabia descrever. Simplesmente o abraçou pela cintura, e continuou andando. Ian preparou o chocolate quente pra Laís, e os dois estavam conversando distraídos na cozinha, quando ouviram os gritos vindos da sala.

—Eu mandei derrubar aquela árvore milhares de vezes, me recuso a pagar tratamento médico pra aqueles incompetentes. —Christopher berrava entrando em casa. O roupão estava encharcado deixando rastro de água pelas tapeçarias, já Diego vinha quieto, sabia que não adiantava tentar conversar com ele. —Que diabo você está fazendo aqui? — Perguntou de forma grosseira para Laís.
Mas antes que ela respondesse, Ian respondeu.
—Ela está comigo, algum problema? —Os olhos antes doces de Ian, encaravam o irmão de forma agressiva.
—Não estou com paciência para você agora, suba já pro quarto Laís. —Como de costume foi absurdamente grosseiro. Diego o chamou e os dois foram para o escritório, deixando um rastro de água por onde passavam
—Não precisava se incomodar, eu já me acostumei com esse jeito dele. —Mesmo com vontade de chorar, Laís sorriu. 
—Eu passei por isso a minha vida toda, ele devia ter apanhado quando criança. —Ian tocou as bochechas dela de forma carinhosa. Não entendia como Christopher podia resistir ao encanto da menina.
Laís acordou com o corpo doido no dia seguinte. Dormiu muito pouco. Christopher como sempre já não estava lá. Ela se banhou, pôs um vestido curto verde claro, e desceu para comer alguma coisa. Aproveitando o dia de sol e pôs-se a passear no jardim. Era um jardim bonito, apesar dos pesares. O dia estava frio, mas não chovia. Estava detraída quando ouviu o galope de um cavalo perto de si. Virou-se pra olhar, e então ela não se lembrava mais do próprio nome. Ian vinha montado num belo cavalo preto, galopando próximo a mansão. Ele sorriu ao ver Laís. Entregou o cavalo a um empregado e caminhou até ela.

—Pensei que você tivesse ido com Christopher e Diego. —Laís sorriu, embora contente do rapaz estar em casa.
—Eu prefiro cuidar da parte burocrática dos negócios.
—Vocês são tão diferentes. — Laís franziu a sobrancelha, enquanto continuava a andar. Ian a acompanhou. —Nem dá pra perceber que são irmãos.
—Nosso pai era um canalha. —Laís não segurou o riso. —É sério! Cada um de nós é filho de uma mulher diferente. Diego por Paola, Christopher e Sophia por Vickie, e eu por Amália. - Ele deu um sorriso torto, e Laís sentiu vontade de beijá-lo.
—A única coisa que temos dele são os traços, e a cor pálida. —Laís sorriu, achava eles divinos. —Christopher e Diego herdaram o gênio dele. Mas eu e Sophi somos diferentes. 
—E a sua mulher? —A forma sutil como Laís perguntou não fez Ian perceber o interesse da menina sobre sua vida.
—Ficou na França, com a mãe dela. Creio que... —Ele parecia estar fazendo cálculos na cabeça - Bom, creio que um dia ela venha pra cá. —Sorriu abertamente.
—Você tem filhos?
—Não, ainda não. Se tivesse, não os deixaria. —A tristeza alcançou Laís de novo, e Ian como prestava atenção em tudo percebeu. —E você? —Perguntou, excessivamente curioso.
—Claro, meia dúzia! Do jeito que seu irmão é afetuoso não os ponho no mundo tão cedo.
E então Laís estava rindo de novo. Era incrível o poder que Ian tinha de acalmá-la. Ao lado dele, o inferno parecia o céu. Ao contrário de Christopher, que era difícil como parir um filho, Ian era fácil como respirar.