Fanfic: A Nobreza.

—E agora? —Laís estava confusa, quando o ar faltou e os dois se separaram, ofegantes. Ainda tinham a testa e os corpos juntos.
— Agora esse vai ser o seu segredo. O meu segredo. O nosso segredo. —Laís riu da conjugação que ele fez. Ele sorriu.
—Até quando? —Perguntou perdida nos olhos dele.
—Até... Christopher descobrir e queimar nós dois vivos. —Laís fez uma careta e ele riu.
—Não demore. Por favor, Ian, não demore a voltar pra mim. —Ela pediu, franzindo a sobrancelha. Não queria que ele fosse.
—Logo estarei aqui. De volta pra você. —Ele sorriu de canto. —Ansiosamente, se ainda me quiser. —Ela riu. Ele inclinou-se novamente e a beijou. Medo. Felicidade. Paixão. Ansiedade. Remorso. Vários sentimentos se entrelaçavam ali, mas não importava. Depois ele foi embora, deixando Laís com seus pensamentos. Agora ela tinha uma perspectiva. Era desejada. Desejava alguém.
—Onde você estava? — Christopher perguntou quando ela entrou em casa, rumando a escada pro segundo andar.
—Andando com meu cachorro. —Respondeu sem dar atenção. Em parte era verdade. Agora que tinha Carllo, era muito mais gostoso caminhar por ai.

—Ian já foi. Estranho você não ter vindo se despedir dele. Pensei que fosse seu amigo. —Christopher pressionou desconfiado.
—E ele é. Eu o encontrei no caminho. Já me despedi. Com licença. —Ela deu as costas e subiu as escadas. Tinha um sorriso no rosto ao entrar no quarto. Pelo menos Christopher estava pagando pelo que lhe fazia. O rosto de Ian estava aceso em sua memória, como um último sopro de ar a quem estava se afogando. 
Mas ela não morreria. Ela se apegaria a isso com tudo o que pudesse. Era sua salvação. Ela sorriu ao entrar no banheiro. Sentia-se mais bonita. Não sabia se era o rosto corado, se era impressão sua, ou se a cor de seus cabelos estava mais viva. Ela riu de si mesma enquanto ia abrir a torneira pra encher a banheira. Parecia uma adolescente, pensou consigo mesma. Os dias foram passando. O remorso invadiu Laís. Não por Christopher, que ele fosse pro diabo, mas por Felippa. Ian devia estava com ela agora. Longe. Isso definitivamente não ajudava em nada.
Os dias foram passando e Ian não voltou. Laís expulsava a todo custo à depressão dentro de si, mas não era fácil. Nem animo pra discutir com Christopher mais ela tinha. Ian não ligou, sabia que era arriscado demais. Mas não ter noticia dele era pior. 
As semanas se passaram. Logo completou um mês desde que Ian se fora. Christopher passou a atormentar Laís com isso, debochando dela. Laís acordou mais cedo naquele dia, colocou a coleira em Carllo e saiu pra andar pela propriedade. Não estava chovendo, porém, o céu não estava claro, típico inverno. Carllo adorava correr, se lançava com tudo levando a dona. Laís já soava, devido ao tempo que passou correndo. Estava prestes a fazer a volta, quando viu, a uns 100 metros de distância, o portão da mansão se abrir. Era o carro de Ian, reconheceu mesmo que de longe.

Laís sorriu de antecipação, o coração batendo gostosamente no peito, enquanto puxava Carllo pelo caminho. O carro parou antes de chegar nela, que já sorria. Carllo arrastava a pata no chão, ansioso por correr novamente, e se balançando pros lados, obrigando Laís a manter a rédea firme.
—Demorei? —Ian perguntou sorrindo abertamente ao sair do carro.
—Nem percebi que já tinha ido. —Zombou enquanto soltou Carllo e corria em direção a ele, olhando pro chão, pra não tropeçar.
Laís atirou os braços em volta de Ian, que segurou ela e rodopiou duas vezes, erguendo-a no ar. E então ela estava inteira novamente. Ele estava ali, em seus braços. Ela ria contra a pele morna do pescoço dele. 
—Acho que cheguei a tempo pro almoço. —Observou sorridente. —Você prefere ir caminhando com Carllo, ou me dá o prazer de sua companhia? —Ele perguntou formal demais brincando com ela.
—É claro que quero sua companhia. —Laís deu um sorriso pra ele e entrou na porta do passageiro segurando Carllo no colo.
—Bonito colar. —Christopher observou quando Laís saiu do banheiro de camisola, naquele dia a noite. —Não me lembro de ter lhe dado esse. —Disse com os olhos colado a joia que cintilava no pescoço dela.
—Não foi seu. Ian me deu esse hoje. —Disse se sentando e começando a escovar o cabelo. O dia ao lado de Ian havia sido incrível.