Fanfic: A Nobreza.

Laís observou aquela mulher ali, agarrada a seu marido. Lembrou-se de cada palavra de Christopher. Olhos verdes, oblíquos e dissimulados. Vestia-se com um vestido vermelho sangue. Seu cabelo era de um loiro claríssimo, liso, caindo até o meio das costas, com cachos nas pontas. Era o quadro do terceiro andar que criara vida e estava ali. O casaco que segurava escorregou dentre os dedos de Laís sem que ela percebesse, e caiu levemente no chão. Amanda ainda a olhava. Mas o azul dos olhos de Laís procurou outra coisa. Christopher. Quando conseguiu olhar o rosto dele, sua expressão era chocada, confusa, atordoada. Mas Laís viu, algum tempo depois, quando a mão dele retribuiu o abraço de Amanda, afagando-a pelas costas, acolhendo-a em seu peito. O pulmão de Laís trancou ao ver aquilo, e ela sentiu cada pedaço de seu corpo endurecer.
—Laís!—Diego chamou, aparecendo no corredor. A loura não se virou. —Estava procurando você. Quero saber se quando a Mariah... —Ele parou ao ver a cena no andar debaixo. —Amanda. —Constatou incrédulo.
Diego não gostou nada daquilo. Justo agora, quando ele achou que o assunto de Amanda estava enterrado junto com ela, justo quando a paz estava controlando, acontecia aquilo. Ele e Laís ficaram parados, um do lado do outro, empedrados, ambos afogados em desgosto pela visitante.

—Ora, Diego!—Ela se soltou de Christopher, que se virou. Um choque passou pelo azul dos olhos dele ao ver Laís ali.
Mas havia outro sentimento no olhar dele, um sentimento que era imensamente maior que o choque. Laís conhecia esse sentimento, pois havia dele em abundancia em seu peito. Era saudade. A voz de Amanda era envolvente, um tipo de voz que fazia qualquer pessoa perder o fio da conversa. Era doce, atraente. Amanda tinha um corpo farto, moldado pelo vestido.
—Casou-se com ela, no fim. —Acusou, virando-se pra Christopher, como se Laís fosse um ser que não merecesse respeito.
—Eu... eu não... —Ele tentou formular a resposta. Ia renegar Laís, ela sabia. Sentiu o ódio recobrando cada pedaço do seu corpo. Sua maxilar estava trancada como pedra.
—Christopher. —Diego chamou, duro, enquanto descia as escadas. —Pode me acompanhar? —Não era uma pergunta. Era uma ordem.
Christopher foi com Diego, que o guiou ao escritório, fechando a porta. Amanda olhou Laís de cima a baixo, e sorriu debochada. Laís ergueu o rosto e manteve o olhar da mulher no andar debaixo. Com certeza nada de bom sairia dali.
No escritório, Diego encerrava a discussão com Christopher. Estava possesso de raiva.
—Pelo visto, você voltou a ser a criatura insuportável que era há anos atrás. Pena, eu pensei que havia mudado. —Christopher revirou os olhos. —Não vou me meter. Mas pense em Laís.

—Laís nada tem a ver com isso.
—Já disse, não vou me meter. Entretanto, tire-a daqui. —Christopher ergueu a sobrancelha. —Faça isso, a não ser que queira que eu mesmo faça. Ter Amanda aqui dentro é uma ofensa não só a Laís, mas a mim, a minha mulher, ao meu filho. Tire-a daqui, ou eu vou tirar. —Concluiu, e saiu.
Enquanto isso, na sala principal, Laís se cansou de ficar encarando aquela mulher. Desceu as escadas tranquilamente, ia pedir a Giorgia que lhe fizesse um chá. Então Sophia apareceu, com um Diego engatinhando a sua frente. O menino usava um macacãozinho de algodão azul bebê. Tinha os cabelos de Diego. O bebê ria, acompanhado da tia.
—Que gracinha. —Amanda sorriu, irritada, ao rever o bebê, e se abaixou pra carregá-lo.
Mas de alguma forma Laís estava lá antes que ela o alcançasse. Segurou seu braço, mantendo-o no ar. A mão de Laís estava fria como gelo. Amanda endireitou e puxou o braço violentamente.
—Toque em um deles, e eu mando você de volta pro inferno pessoalmente. —Avisou, e Laís não teve coragem de ir pro menino de novo.
Uma briga feia ia se iniciar ali. Nessa hora Diego entrou na sala, e percebendo o clima, interferiu.
—Calma, senhoras. —Disse sem encarar Amanda, tirando Laís de perto dela. Ele se abaixou e apanhou o filho, carregando-o.
—Vamos, Amanda. —Christopher chamou, saindo de casa. A loira sorriu vitoriosa pra Laís e acompanhou Christopher.