Fanfic: Nobody Compares | Tema: Romance, Drama, Comédia, Amizade

– Combinado então? - eu estendi a minha mão para o alto, em direção à Helô, fazendo menção para que ela apertasse
– Combinadíssimo - sua voz soava alta, e nossas risadas eram increvelmente exageradas. Eu não sei de onde tirávamos tanta graça daquilo. Mas que estava sendo foda fazer aquele "pacto", estava.
Depois de nosso acesso de risos contínuo passar, pude perceber que Georgia estava ao nosso lado observando tudo atentamente.
– O que foi isso? - ela piscou lentamente, se contendo em um sorriso abafado
– Isso o quê? - perguntei, tranquila
– Essa coisa que vocês acabaram de fazer - ela mexeu os braços em nossa direção, imitando os gestos
– Aaaaah - virei meus olhos para Helô, que também sorria, travessa - A gente fez um acordo.
– Qual?
– No último dia de aula - Helô começou - Eu vou dar um tapa na bunda do Fábio, e a Bia - apontou para mim - vai apertar a do Rodrigo.
– Não! - Georgia já estava se segurando para não rir - É sério isso? Vocês fizeram tanto escândalo... por causa de duas bundas?
– Opa, opa, opa! - falei - "Duas bundas", não! São AS bundas.
– E que bundas - Helô olhou esperançosa para o teto, provavelmente imaginando Fábio apenas de sunga
Dei risada, torcendo ansiosamente para que o último dia de aula chegasse o mais rápido possível. Porém, convenhamos... isso demoraria um pouco, já que estamos em pleno mês de março.
E por favor, não pensem que somos duas pervertidas ou nem nada do tipo (ok, talvez só um pouco), mas o fato é que, eu preciso fazer isso.
Rodrigo é o estagiário de Educação Física da minha escola, e tem 22 anos. Porém poderia facilmente ser confundido como qualquer menino de 17 anos, ainda mais quando traja o seu uniforme, tão parecido com o nosso.
É muito lindo, devo dizer. Tem os olhos verde escuro, cabelo castanho para o alto e raspado nos lado. É alto, têm o corpo magro, porém tudo indica que tenha um abdômen extremamente definido. E claro, uma bunda perfeita.
Ele nunca me daria atenção, pois comparado à ele sou uma pirralha de 14 anos que ainda está no Ensino Fundamental, e estou longe de ser considerada bonita. Pelo menos na minha opinião.
E no caso de Helô e Fábio, bom. Fábio é simplesmente um dos garotos mais populares do colégio pelo fato de ser capitão do time de basquete. E ele também é muito bonito. Loiro, olhos castanhos... praticamente um príncipe, devo dizer.
E minha linda amiga acha que ele é muito superior à ela, por isso evita qualquer troca de olhares, e se por algum acaso do destino ele troca uma palavra com ela, sua cor muda de branca para roxo. Sem brincadeira.
Eu estava tão perdida nos meus pensamentos que nem notei que a própria cutucava o meu ombro freneticamente, chamando pelo meu nome:
– BIA! BEATRIZ! PORRA!
– Wow, wow. Calma aí, girl - me virei para ela - O que foi?
– Só quero te dar tchau. Minha mãe acabou de chegar - apontou para o portão
– Ah, ok - dei um beijo em sua bochecha - Você sabe que não precisava praticamente fazer um buraco em mim, né? - passei a mão na região que ela havia "machucado"
– Engraçadinha - mostrou-me a língua - Até amanhã.
– Até - dei risada, e acenei
Me virei para Georgia, que mexia animadamente em seu celular.
– Léo? - perguntei inclinando a cabeça para a direita, para conseguir enxergar o que ela fazia no aparelho
– Sim - sorriu exageradamente
– Ai, Gê - passei a mão na testa - Eu tô falando sério: se você tiver algo com esse menino, NÃO IMPORTA O QUE FOR, e largar de nós duas por algum motivo, você morre duas vezes. E nas duas eu que vou te matar.
– Isso é possível? - ela diminuiu um olho, e levantou a sobrancelha do outro
– Não sei, mas eu faço ser - revirei os olhos
– Velho, sem drama - ela voltou a olhar para a tela - Leonardo nunca iria querer nada comigo.
Fiquei estática alguns dois segundos a encarando, sem entender as palavras que ela tinha acabado de pronunciar.
– Você tá de brincadeira né? Cara, vocês foram feitos um para o outro. Os dois tem as mesmas frescuras, os mesmos "fruli luris" e o caralho à quatro. Não vem com essa.
– Você já olhou pra mim? Já prestou atenção em como em sou? Porra, isso não vai funcionar, você sabe - ela deu de ombros - Léo infelizmente só me olha como uma amiga, e você sabe disso.
Bufei, com raiva.
Ok, digamos que nós três tínhamos um pouco de problema com auto-estima, embora isso nunca tenha sido problema para o nosso status naquela escola.
Não estou querendo dizer que somos as fodonas, não. Muito pelo contrário. Apenas que podemos ser consideradas do grupo dos mais conhecidinhos, pelas próprias amizades que nós temos.
– Georgia, caralho - respirei profundamente, tentando conter uma possível crise. Eu não aceitava o fato dela não se aceitar - Você já viu como o Léo fala com você? O jeito que ele te olha, e tudo o mais? Você acha que se ele te considerasse só como uma "amiga qualquer" - fiz aspas com as mãos" - ele ficaria trocando mensagens durante a aula com você, correndo o risco de ser pego? Pelo amor de Deus.
Notei que ela sorriu de lado, esboçando um pouco de felicidade:
– Ok, isso é verdade - seu sorriso aumentou - Mas, caramba. Estamos nisso há meses. Ele não podia dar um passo à frente?
– Já parou pra pensar que ele pode sentir tanto medo quanto você?
– Ai, Bia. Falando assim até parece negócio de filme - ela me fitou, séria
– MAS É TIPO ISSOOOOOO - gritei, animada
– Ok, sem escândalos, por favor - ela riu
– Não é escândalo. Só é algo definitivamente muito fofo. E apesar de eu nunca ter ido muito com a cara do Léo, acho que os dois combinam - fiz um coração com as mãos
–Eu nunca entendi isso - ela balançou a cabeça negativamente - O que ele te fez?
– Nada. Mas é tipo quando você não gosta de uma menina metida - passei a mão no meu rosto - Ela não te fez nada, mas tu não gosta dela porque acha ela metida.
– Estranhoooo - ela fez um tom de voz engraçado
– Tá bom, tá bom - ri - Vamos embora?
– Não vamos esperar os meninos saírem? -se referiu à Fábio, Lucas e Léo
– Hoje não - fiz bico - Tô com preguiça.
– Nem pelo Lucas? - ela fez voz manhosa
– Nem por ele - ri
Lucas era o meu melhor amigo, que também jogava no time de basquete. E era o meu coelho. MEU COELHO.
Nós sempre esperávamos eles saírem, pois por serem do Ensino Médio eram apenas liberados 50 minutos depois de nós. Mas hoje eu definitivamente não estava com ânimo.
– Então tá - ela desfez a cara de sofrimento, e colocou sua bolsa no ombro
Repeti o gesto logo em seguida.
Nos dirigimos até o portão de saída, e quando nos aproximamos do local, vejo uma figura muito familiar vindo em direção oposta, em passos largos e rápidos.
Rodrigo.
Automaticamente olhei para a garota de fios loiros ao meu lado, que já esboçava um sorriso deveras maligno em sua face. Eu já sorria também.
O rapaz parou um pouco à frente, para mostrar seu crachá ao porteiro, que instantaneamente indicou que ele poderia entrar no colégio. Deveria estar voltando do seu horário de almoço.
Eu estava parada, junto de Georgia, esperando ele passar, para que nós pudéssemos passar também.
Parecia meio avoado, pois deixou seu celular cair no chão, e pude notar que sibilou algo como "caralho".
Passou ao nosso lado, fazendo com que seu delicioso perfume entrasse pelas minhas narinas, resultando em minha minha cabeça dando meia volta. Tive que olhar para trás, e ver ele de costas, andando apressado.
Olhei de volta para minha amiga, que já se continha em risos abafados.
– O que foi? - perguntei, dando de ombros
– Essa situação - ela apontou pra mim - É muito engraçada.
– Nhé nhé nhé - mostrei a língua para ela
Passamos pelo portão, e seguimos nosso caminho para casa.