Fanfic: *Eu Nunca Te Disse*(Vondy) | Tema: Vondy

Dulce

Estava dormindo há poucos minutos quando o telefone tocou. Imaginei que fosse o Matt, mas me surpreendi com a voz do meu pai ao telefone.
__Oi, Dulce! Como você está? Parece que está fugindo dos nossos almoços de domingo. Não tem desculpa, venha pra cá hoje que estamos com saudades.
__Pai, eu vou almoçar com o Matt. Já combinamos. Ontem acabei nem ficando com ele direito.
__Ah, não está certo isso. Daqui a pouco você casa e aquele idiota pode mandar na sua vida. Mas por enquanto não. Você vai vir, mande ele ir comer em algum lugar, qualquer coisa. Mulheres são tão boas para inventar uma dor de cabeça.
Ele riu. Como se fosse fácil assim. Realmente eu não queria ver o Matt. Seria bom estar com a minha família. Mas não tinha uma alternativa.
Logo depois de desligar o telefone, o Matt apareceu em casa.
__Matt, não quero que você fique bravo. Mas meu pai quer um almoço de família. Aquela coisa toda de sentir falta da filhinha que vai se casar. Eu preciso fazer isso por ele.
__Dulce! Eu sei que seu pai não gosta de mim. Mas ele não pode fazer isso. Eu vou ser sua família agora. E se ele quiser ficar com você, vai ter que me tolerar junto. Vou com você.
Eu não tive como argumentar. Dessa forma, fomos para a casa dos meus pais. Eu evitava esse tipo de coisas. Tinha certeza que teria que suportar a troca ácida de palavras entre meu pai e o Matt durante o dia todo. Mas, paciência. Ia ter que aprender a conviver com isso daqui pra frente.
Meu pai abriu a porta com um sorriso satisfeito no rosto. Sorriso que se desfez em poucos segundos, quando viu o Matt logo atrás de mim. Ele não fez questão nenhuma de disfarçar seu descontentamento. Foi bem constrangedor, mas eu tentei disfarçar e fui logo puxando um assunto qualquer com meu pai. Mas me perdi totalmente quando vi Ucker ali. Ele me deu um sorriso arrasador. Como ele era lindo. Fiquei encantada, perdida em seu olhar, até que o Matt entrou. Com ele aconteceu a mesma coisa que com meu pai. O sorriso acabou naquele momento, dando lugar a uma face ressentida.
Por sorte, minha mãe chegou para apaziguar as coisas e desfazer aquele clima chato. Fui para a cozinha com ela. Sim, eu realmente estava fugindo. O Matt? Fez questão de ir atrás. E ele ficava me abraçando o tempo todo, mesmo quando eu estava tentando ajudar minha mãe com o almoço. A cada abraço, eu pensava o quanto seria bom se fosse o Ucker me abraçando. Ele ali, no cômodo ao lado, conversando com meu pai. Poderia estar com ele naquele momento. Era ele que eu queria. Eu devia mesmo estar ficando doida.
Ajudei minha mãe como pude, e comecei a me irritar com o Matt. Ele estava grudento demais. Eu não queria que o Ucker visse aquilo. Mas uma hora minha mãe me dispensou da cozinha e tivemos que ir para a sala onde ele e meu pai estavam. Foi horrível. Visivelmente, atrapalhamos o assunto dos dois. E a situação do Matt me abraçando e tentando me beijar o tempo todo estava insuportável. No começo, eu olhava para meu amigo. Mas comecei a sentir tristeza em seu olhar, e aquilo me machucava demais. Então, simplesmente resolvi não olhar mais para ele. Meu noivo ficaria possesso se percebesse que eu estava tentando fugir dele. Era tão difícil estar tão próxima do olhar de Ucker e não poder encará-lo. Eu queria poder ver aquele sorriso lindo de novo. Mas com o Matt do meu lado, vi que não ganharia outro daqueles.
O almoço foi um desastre. Estava um clima muito chato. Para ajudar, meu pai começou a criticar nosso casamento, demonstrando o quanto não estava satisfeito com aquilo. Eu não me atrevi a discutir com ele. Talvez, naquele instante, eu pensasse o mesmo que meu pai. Fiquei imaginando como seria se eu pudesse almoçar com a minha família, sem o Matt. Só o Ucker.
Logo depois do almoço ele arrumou uma desculpa qualquer e foi embora. Eu tive que ficar, era minha família. Minha mãe ficaria aborrecida se eu não passasse a tarde com eles. Mas meu pai logo se trancou no quarto e não apareceu mais. Ficamos a tarde toda falando do assunto que eu mais odiava no momento. Meu casamento. A minha vontade era de sair correndo e ir para os braços de Ucker. Mas eu não podia. Em três semanas, faria uma escolha sem volta.