Fanfic: *Eu Nunca Te Disse*(Vondy) | Tema: Vondy

Dulce

Eu já estava desesperada imaginando mil motivos para ele não ligar. E todos eles me assustavam demais. Saí do trabalho e fui direto para a casa de Any, assim como Maite ela era minha amiga desde o jardim de infância e a única que não iria fica encima de mim com toda essa historia do casamento e do Ucker. Decidi ficar lá até oUcker voltar. Assim, não precisava passar as noites com o Matt. Eu queria ficar sozinha. Era uma idiotice, mas eu precisava daqueles momentos para pensar em tudo. E Any era a perfeita companhia que eu precisava para isso.
Já era noite e Any havia percebido o quanto eu estava triste e não largava o telefone, eu sabia disso pelo modo incisivo que ela me olhava, mas ela não comentou nada. Depois de ligar um monte de vezes para ele, desisti. Eu era tão idiota em ficar insistindo em ligar. Ele ia ver minhas ligações e me ligar, não ia? Mas parecia que não.
Eu e Any tínhamos acabado de jantar sobre uma atmosfera de lembranças sobre nossa adolescência quando ouvi meu celular tocar. Como ele estava em minhas pernas atendi no primeiro toque. Era ele. Nem precisava olhar no visor para saber. Meu coração não me enganaria assim.
__Por que você não me atendeu? Eu já estava preocupada! – disse logo que atendi.
__Eu disse que ia ligar, não disse? – ele falou numa tranquilidade, como se eu não tivesse motivos para estar tão preocupada.
__É, mas já são quase 8 da noite! 
__É que eu saí e esqueci o celular em casa. Acabei de chegar e a primeira coisa que eu fiz foi vim te ligar – ele estava tão calmo. Eu era mesmo uma idiota.
__Desculpa... é que não estou acostumada com isso. – disse sem graça
__Mas vai ter que se acostumar. As coisas não vão mais ser como sempre foram. Vai ter que se acostumar com nossa distância. – a voz dele pareceu fria e distante. Suas palavras me entristeceram profundamente.
__Não sei se quero me acostumar com isso... – fui sincera.
__Eu tenho que ir, minha mãe está me chamando para jantar – eu sabia que era mentira. Só não tínhamos mais o que falar.
__Tudo bem – disse triste – Não esquece esse celular amanhã! – disse brava.
__Não vou... Eu te amo, Dulce. Durma bem...
__Também te amo. Boa noite.
Desligamos. Era tão bom ouvir sua voz. Mas ao mesmo tempo, a saudade era tanta. Olhei para o ursinho de pelúcia de Any que estava no sofá e lembrei da minha prateleira cheia de pelúcias. Nem me lembrava de onde vieram tantos ursinhos. Mas um deles eu conhecia bem. Ucker me deu no meu aniversário de 18 anos.

Flashback On

__Sabe, Dulce. Você é adulta agora. E sei lá, assusta um pouco toda essa pressão. Dezoito anos. Parece que tudo vai mudar de repente. Então, eu escolhi um presente meio infantil. Não é que não quero que você se torne adulta. Eu quero que você seja adulta, mas com esse seu ar de criança, esse seu coração incrível, essa sua bondade, seu bom humor, seu carisma. Quando olhar para ele, vai lembrar disso. Quero que guarde ele para sempre, para não acabar se tornando uma velha chata. Se bem que eu duvido que isso possa acontecer.

Tão fofo. Tão perfeito. Meu Ucker, sempre me encantando, sempre me fazendo tão feliz. Naquela noite dormi abraçada com o ursinho que ele me deu, e continuei fazendo isso por muito tempo.

Flashback Off

A semana passou tão rápido e foi tudo tão corrido. Mesmo assim não parava de pensar no Ucker. Nos falávamos todos os dias. Às vezes, até duas vezes por dia. Isso diminuía um pouco a saudade, mas não era o suficiente.
Passei o fim de semana com o Matt. Ele dizia a todo instante que aquele era meu último fim de semana “solteira”. Em exatamente uma semana, eu seria sua esposa. Seria só dele. Só dele? Como assim? E o Ucker?
E então chegou a segunda-feira. Eu não trabalharia naquela semana, nem nas duas seguintes, em que viajaríamos para nossa lua de mel. Eu não contava os segundos para meu casamento, como toda noiva deve fazer. Não via a hora de chegar quinta-feira e encontrar o Ucker. Eu estava com tanta saudade. 
Era horrível não ter que ir trabalhar. Eu passava o dia todo pensando. Sempre que Any estava em casa tentou me deixar bem ocupada. Ela sentia minha tristeza e sabia seu motivo. Mas não falamos sobre isso. Mesmo assim, eu só pensava nele. Imaginei-o no dia do casamento. Eu não vi mais seu terno, mas devia estar totalmente perfeito. Não teria como ser o contrário. Tudo nele ficava perfeito.
O tempo passou tão devagar. Mas logo era quarta-feira. A última prova do vestido. Mamãe, Maite e Any ficaram babando o tempo todo, e passei horas na costureira até que tudo estivesse realmente impecável. Eu só pensava se o Ucker gostaria do meu vestido. Mal tinha visto o Matt nos últimos dias. Ele estava trabalhando mais que o normal para poder viajar sem preocupações. Isso me deixava mais aliviada. Não queria que ele visse o quanto eu estava triste.
Naquela noite, eu não dormi. Sabia que deveria. Iria tirar as fotos que estariam lá, gigantes, mostrando minhas olheiras para todo mundo. Mas estava ansiosa. E minha ansiedade tinha um só motivo. A chegada de Ucker . Eram 5 da manhã quando tive uma idéia.
Tomei um banho e saí. Passei em uma floricultura. Comprei um buquê de lírios e estacionei na frente da casa dele. Não sabia que horas ele chegaria, mas marcamos a sessão de fotos para as 10 da manhã. Então não teria que esperar muito. Nem poderia, a maquiadora estava marcada para as nove. Coitada, iria ter trabalho para disfarçar minha noite em claro.
Mas ele demorou mais do que eu esperava. Acabei adormecendo no carro. Acordei com batidas na porta. Abri o vidro sonolenta.
__Dulce Maria Saviñon! Você tá doida? Tá fazendo o que aqui? Cadê seu celular? Sua maquiadora está louca atrás de você. Tem noção de que horas são?

__Oi Ucker, também tava com saudades. Vim te esperar. – desci do carro com um sorriso no rosto e o buquê nas mãos. Isso o desarmou um pouco, mas não o suficiente.
__São 9h45. Agora teremos que adiar as fotos. E sua decoradora vai surtar. Mas é melhor assim mesmo, olha essas olheiras. Passou a noite fazendo o que? Despedida de solteira?
Eu a abracei e sorri. Quanto desespero.
__Vamos fazer as fotos à tarde. Eu estava com saudades. O que eu poderia fazer? Você me abandonou aqui.
Nesse momento, o pai de Ucker interrompeu. Eu nem tinha notado a presença deles ali.
__E semana que vem? Você vai abandonar o Ucker por duas semanas inteiras. Tem que aprender a viver sem ele, Dulce.
E esse era Leon Uckermann, um homem imparcial, sincero e rigoroso. E ele disse uma verdade que doeu no fundo da minha alma. Eu suportaria isso?
__Vem Dulce, vamos tomar um café e ligar para sua maquiadora. Tentarei agendar um horário para tarde e faremos as fotos. Liga pro Matt e avisa pra ele. Ele me ligou umas vinte vezes já. – Ucker disse pra dissolver o clima tenso que seu pai criou.
Eu fiquei feliz de novo, ele estava aqui comigo e eu não ia desgrudar dele nem por um instante. Ele era tudo o que eu precisava.