Fanfic: *Eu Nunca Te Disse*(Vondy) | Tema: Vondy

Ucker

Então chegamos na Igreja! Meus pais se sentaram e eu logo avistei meu assistente, John. Preparamos tudo e ficamos a postos. 19 horas, sabia que ela atrasaria.

Olhei para o Matt, todo feliz, lá no altar, esperando a mulher da minha vida. Ele sorria tanto e eu já sentia lágrimas nos meus olhos.
__Tudo bem? – perguntou Miguel me abraçando.
__Não! – disse quase chorando – Não está nada bem...
Ele me abraçou mais forte.
__Ela está chegando, Ucker...
Olhei para a entrada e esqueci de todo o resto quando vi a mulher mais linda do mundo entrar na Igreja! Fiquei hipnotizado por alguns momentos. Ela sorriu para mim. Fiquei ali sem ação até John me chamar. Quando olhei Miguel já havia se sentado.
Tirei a primeira foto dela na porta da Igreja. Fiquei olhando para aquele sorriso, aquela mulher. Ela estava completamente maravilhosa!
Fui acompanhando seus passos com a câmera, maravilhado com ela. Mas então ela chegou ao lado do Matt e ele chegou às minhas fotos. A primeira que tirei dos dois me fez ficar paralisado. Quase saí correndo daquela Igreja. Pelo amor de Deus! Era para ser eu naquele altar.
Tentei me concentrar no meu trabalho, mas nunca senti tanta dor na minha vida.
Eu já havia derramado umas três lagrimas, tentando controlar ao máximo o restante do choro explodir de vez. Via ela sorrindo, ele sorrindo, todos sorrindo, menos eu, tio Fernando, meus pais, Miguel, Maite, Any, Geovanny e meu assistente que estava irritado por ter que trabalhar aquele sábado à noite.
Arrependi-me profundamente por ter feito com que o Matt fosse pedir desculpas, arrependi-me profundamente de ter dito que sempre estaria ao lado dela, arrependi-me profundamente de não ter me declarado enquanto era tempo. Ainda era tempo?
__Se alguém aqui tem algo contra esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre. 
Todos que não estavam nada felizes me olharam naquele momento, 7 pares de olhos tentaram me passar coragem. Mas eu não tinha coragem e a que eles tentaram me passa não era suficiente para interromper o casamento. Só era o bastante para tirar mais uma foto.
__Então eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
O beijo que selava o fim. O fim de algo que nunca começou. O meu fim. O fim do meu amor. O fim. Fim.
Repeti aquela palavra internamente e tirei mais algumas fotos dos dois saindo do altar, fazendo um esforço sobrenatural para conciliar as lágrimas, com o equipamento, com aquela gravata dos infernos que estava me sufocando, com minha dor profunda, com meu assistente perguntando se poderia recolher o equipamento.
Sim, sim. Faça qualquer coisa. Recolha também meu amor, leve-o embora daqui. Leve a minha dor também. Não tem mais espaço para ela. Estou entupido de dor.
Ele foi embora. Não tiraríamos as fotos da festa. Dulce quis que eu me divertisse um pouco. Como se eu pudesse me divertir...
Papai, mamãe, tio Fernando, MIguel,Maite, Any e Geovanny praticamente correram ao meu encontro e fomos juntos para o salão.
Entrei na limusine, coloquei a cabeça no colo de mamãe e chorei compulsivamente. 
Ninguém disse nada.
Eu não disse nada.
Nada tinha para ser dito.
Chegamos ao salão.
Bati a porta do carro com força. Talvez até tenha quebrado, mas que se foda o carro, a festa, Matthew Honneycut, que o mundo se explodisse!
Controla-se, Ucker. Tentei me acalmar antes que fizesse alguma besteira, como matar alguém.
__Ucker!- ela me chamou assim que chegou.
__Parabéns, Dulce – tentei parecer o mais feliz possível, mas estar feliz naquele momento não era nada possível então ao menos tentei soar emocionado ao invés de morto de raiva.
__Você se emocionou tanto assim? – perguntou pela minha cara de choro.
__Claro... – ao menos consegui isso.

Dulce tinha muitas pessoas para cumprimentar, então fui me sentar.
Meus pais assim que me encontraram de novo sentaram comigo. Tio Fernando e tia Ellen também. Any e Geovanny, apesar de serem os padrinhos e terem que ficar na mesa da noiva, também sentarem na minha mesa. Miguel não conseguiu convencer Maite a deixa Dulce de lado, então só ele veio se sentar ao meu lado.
Mas ninguém falou nada. O que foi bom... Eu não queria escutar nada do tipo “Vai ficar tudo bem” Por que era mentira! Não vai ficar tudo bem! Nem ao menos estava algo bem! Estava tudo errado!
Miguel realmente não saiu do meu lado a festa inteira, até brigou com Maite quando ela o chamou pra dançar pela quarta vez e eu não consegui disfarçar o quanto queria sair dali.
Tio Fernando também não saiu do meu lado, apesar dos protestos de tia Ellen. Meus pais, Any e Geovanny foram os únicos que saíram da mesa pra dançarem um pouco. Mas nós três ficamos na mesa quase que a noite inteira. Como que uma resistência ao que estava acontecendo.
Dulce parecia feliz, toda hora alguém ia falar com ela. Matt a puxava o tempo inteiro. Algumas vezes ela ia à mesa. Tentou me tirar para dançar, não quis ir e antes que ela tentasse de novo Matt apareceu e a levou embora. Ele tinha que sempre levá-la embora?!
Só levantei para ir ao banheiro uma vez e tirar uma foto no bolo com a Dulce.
Fiz o máximo para sorrir. Mas provavelmente o que saiu foi uma careta.
__Você é o melhor amigo do mundo, Ucker – ela disse contente.
Não respondi. Eu não queria falar nem com ela! Tentei sorrir de novo e voltei para a mesa.
__Tio Fernando... Será que você pode falar com meus pais para dormirem na sua casa hoje? Eu queria ficar sozinho.
Ele me olhou compadecido.
__Tem certeza? – fiz que sim com a cabeça – Claro, vou falar com eles...
__Obrigado – respondi sincero.
Olhei para todas as bebidas da festa. Poderia encher a cara, mas queria apenas ir embora ou ao menos ficar ali sem me mexer, sem ver mais nada ao meu redor.
Não sei por quanto tempo agüentei, nem me importava.
Saí despercebido. Era apenas uma dor no meio de tanta felicidade.
Miguel me levou para casa, perguntou se queria que ele ficasse. Disse que queria ficar sozinho e saí do carro. 
Andei rápido até a minha casa. Droga de sapato social! Droga de casamento!
Fechei a porta atrás de mim com força e gritei o mais alto que pudia.
Gritei mais uma vez.
Olhei para um porta retrato que ficava em cima de um móvel da sala. Nele ela sorria abraçada a mim. O mesmo que vi no dia que ela me contou que casaria.
Peguei ele com raiva e joguei longe. Ouvi ele quebrar, mas isso não amenizou minha raiva.
Joguei várias coisas ao chão. Todos os enfeites que ficavam na estante da sala, a estante. Os vasos. Soquei uma parede e nem senti a dor no meu punho, por que a dor maior já estava dentro de mim.
Eu perdi a Dulce. Eu perdi minha passarinha. Eu a perdi. Só conseguia sentir raiva naquele momento. Eu só conseguia gritar, quebrar coisas, arrancar o terno do meu corpo, chutava os pedaços caídos pelo chão. 
Nada, absolutamente nada, amenizava o que eu sentia.
No auge do meu desespero eu agarrei meus cabelos e deixei meu corpo cair ao chão... No meio da sala, em cima de cacos de vidro do porta retrato e algumas outras coisas. Olhei para a foto e a rasguei com raiva.
Eu gritava mais e mais. Meu corpo estava cansado de tanto chorar e gritar. Eu estava cansado de tanto sofrer. 
Encolhi-me no chão enquanto minha dor amenizava minha raiva.
Fiquei ali, chorando baixinho, com uma dor chorando muito alto dentro de mim.