Fanfic: Aún Hay Algo ⋆ REBELDE | Tema: RBD - D/C, A/P, M/C

- 7 -

SANTA NO SOY

Se eles normalmente brigavam daquele modo que demonstrava tanto ódio entre eles, ao subirem no palco e tomarem seus lugares, tudo aquilo ficava pra trás. Era quase como se acabassem por se tornarem pessoas diferentes, unidas pela música. Conforme o show começava, Roberta e Miguel cantavam e dançavam juntos, como os grandes amigos que eram, completamente cúmplices no dia-a-dia. Lupita achava isso divertido e esperava que, um dia, Roberta conseguisse ter uma relação daquele tipo com Diego. Ao menos, desejava que eles pudessem se dar bem daquele modo nos shows.

Ela também podia ver Mia sorridente ao lado de Giovanni, com quem brincava e se divertia durante as apresentações da banda, ainda que não fossem tão próximos fora dela. Com Miguel, porém, eram apenas farpas, mas haveria um dia em que eles precisariam deixar as suas desavenças de lado se quisessem mesmo prosseguir com aquele sonho.

Outra música se foi, enquanto as pessoas dançavam na pista diante do palco. Roberta não via a hora de estar ali, livre para a diversão por toda a noite. O show estava fluindo num nível muito acima do que ela e todo o grupo estavam acostumados, uma energia única, devido a oportunidade tão importante que estavam tendo. Aquilo a fazia sorrir muito mais, dançar muito mais, principalmente quando a sua música começou, “Fuego”, e o palco tornou-se apenas dela.

Das coxias, onde estava naquele momento, aguardando pela próxima música, Diego observava Roberta dançar e cantar. Era visivelmente diferente das outras garotas, muito mais ousada e ciente dos efeitos que era capaz de produzir, ainda que nenhum dos dois realmente soubesse o que ela era capaz de causar à ele. Miguel aproximou-se, parando ao lado dele, seguido por Mia e Lupita.

― Roberta é fantástica. ― Giovanni disse, quebrando o silêncio ao se aproximar dos amigos.

― Realmente. ― Miguel concordou, sem desviar os olhos.

Mia instantaneamente cruzou os braços, irritada com toda aquela admiração ao modo como Roberta estava no palco, o que fez Lupita rir interiormente. Ciúmes. E do Miguel. Observando melhor, ela pôde ver que, apesar do comentário de Giovanni - o qual ela não considerara maldoso, visto que ele era um idiota por natureza -, não despertara nenhuma reação de Diego. Talvez porque ele estivesse ocupado demais admirando Roberta, algo que ele jamais confessaria.

Então Lupita riu de modo audível, divertindo-se com a sua mania de observar as pessoas. Ela podia estar enganada, é claro, mas aqueles eram sinais óbvios da parte dos seus amigos, algo que o tempo mostraria se era real ou apenas ilusão.

Deixando de pensar aquelas coisas, concentrou-se nas luzes que apagavam ao mesmo tempo em que a introdução de “Santa No Soy” começava a ecoar pela boate. Apesar da considerável escuridão, ela se guiou entre as luzes vermelhas do palco e explodiu em êxtase quando as luzes se acenderam outra vez, com uma batida mais forte da música. Sentiu-se pequena e frágil entre a disputa que começara, inconscientemente, entre e Mia e Roberta. Na verdade, ela sabia que a amiga era naturalmente daquele modo, mas Mia estava tentando superá-la naquele jogo de danças e provocações, nitidamente incomodada pelos comentários de Miguel e Giovanni.

Das coxias, Diego ergueu uma das sobrancelhas e encarou os dois amigos, percebendo que havia algo de diferente naquela cena diante deles.

― O que deu na Mia? ― Ele perguntou entre risos.

― Acho que ela se deixou inspirar pelo `fuego` da Roberta. ― Giovanni riu.

Dessa vez, quem permaneceu calado foi Miguel, que acompanhara atento cada movimento dela. Havia um sorriso estático no seu rosto, que não diminuía com o passar dos segundos. Mia olhava pra ele, às vezes, e isso o deixava confuso e impressionado. O que ela estava planejando?

Com o final da música e sua hora de voltar ao palco, ele decidiu que descobriria. Apesar de saber que seu par era Roberta, ele andou diretamente até Mia, o que a surpreendeu. Aquela música tinha uma coreografia que os mantinha mais unidos e era o que ele queria naquele momento: proximidade. Se ela achava que podia rebolar daquele modo no palco, olhando com o interesse de deixar claro que era uma provocação à ele, que arcasse com as consequências.

A troca de pares causou uma confusão momentânea no palco, confusão essa que os outros quatro conseguiram driblar bem, fingindo ser parte da coreografia. Lupita viu-se satisfeita diante de Giovanni, verdadeiramente divertindo-se em um show. Não que Diego fosse um péssimo par, mas Giovanni tinha uma energia carismática e um jeito divertido, coisas que se intensificaram ainda mais quando viu-se com Lupita, e isso todos notaram.

Já Roberta, frente-a-frente com Diego, temeu os olhos de chocolate que estavam fixos em si. Aquele não era o playboy mimado de sempre, o garoto que fazia seu sangue ferver de ódio e que também não perdia a oportunidade de discutir com ela. Parecia sem simplesmente ele mesmo, o Diego que não tinha que provar nada a ninguém, e era nesses raros momentos que ela o temia de verdade.

Ela sentiu isso pelo modo como ele se aproximara, unindo os corpos, algo que não era necessário na coreografia, mas que também não se mostrara ruim. Toda aquela proximidade não deveria existir entre eles, inimigos declarados. Ela era uma Pardo, garota que não abaixava a cabeça pra ninguém e que prezava por justiça. Ele era um Bustamante, feito de sobrenome e falsa glória, com uma imagem a manter. E tudo isso voltou à tona quando a música acabou, indicando o fim do show.