Fanfic: Simplesmente Mindy... | Tema: Romance, Doença, Hospital
- Dr. Pacio! Dr. Pacio! – gritava Martha no final do corredor.
Richard ficou parado. Ainda parecia que seu pai iria surgir para atender ao chamado da enfermeira-chefe geral do hospital Santa Maria das Dores do distrito de Amber. Olhou para a mesa dos anestesistas, mas seu pai não estava lá. Sentiu a dor que estava tentando evitar durante toda a semana: tinha muito a fazer.
- Dr. Pacio? – gritou ela mais uma vez, provavelmente estranhando o hesitamento dele.
- Fale, Martha! – perguntou o jovem doutor, aproximando-se dela. Apesar de respeitar muito a opinião da enfermeira, chamava-a pelo primeiro nome – exatamente como o pai. Chacoalhou a cabeça como se aquilo pudesse afastar seus sentimentos. A memória do seu pai ainda o perseguiria por muitos dias.
- Preciso de sua ajuda. Uma criança foi baleada na cabeça e precisa de uma cirurgia. Falei com o Dr. Vargas, mas ele disse que só operaria com a sua autorização.
- E porque o diabo precisa da minha autorização? – Perguntou Richard irritado.
- Bem...
Richard matou a charada na hora ao ver sua enfermeira-chefe corando.
- O que você está aprontando, Martha?
- A menina não tem plano de saúde! Está no hospital municipal, mas eles não vão operá-la lá, Doutor e se ela não for operada ela vai morrer.
- E isso é problema nosso, por que...? – perguntou Richard, sarcástico.
- Seu pai a atenderia. – declarou a enfermeira, atingindo Richard na ferida. Ele bufou na mesma hora, contraindo o maxilar bem torneado.
- E é por isso que esse hospital está indo à falência, Martha. Você sabe das ordens. Sem plano, sem atendimento!
Richard virou-se para voltar ao espaço dos anestesistas no final do Centro Cirúrgico, mas sentiu a pressão da mão de Martha sobre seu ombro e virou-se.
- Dr. Pacio, por favor, por mim, atenda essa menina!
- Não enquanto não me der um motivo plausível, Martha! – retrucou ele, já impaciente com a insistência da experiente enfermeira, seu braço direito no hospital.
Martha abriu a boca e fechou. Tinha algo a dizer, era óbvio, mas porque hesitava tanto? Com certeza não era coisa boa. Nunca havia visto Martha tão agoniada com algo.
- Meu filho tem problemas com drogas. Gravíssimo. Há um mês atrás, eu recebi um telefonema dessa mulher, uma tal de Cirena Medeiros. Ela era a mulher do homem que vendia drogas ao meu filho. Ela salvou meu filho de uma overdose e o acompanhou até o hospital municipal. Eu não o transferi para cá, pois não queria que ninguém soubesse, Dr. Nem mesmo o senhor.
- Sinto muito, Martha, mas o que isso tem a ver com o caso em questão?
- Bem, acontece que quando fui ao hospital eu descobri que meu filho era já um drogado há vários meses, mas assim mesmo, nervosa, briguei e agredi a mulher do traficante. Ela me disse que não sabia de nada, que nem sabia que o marido era quem era.
- E daí?
- Bem. A mulher foi pra casa muito transtornada. No outro dia, deu entrada no hospital com seis facadas, mas não havia nenhuma prova contra o marido, que eu tenho certeza, foi o responsável por aquilo. Eu fui ao hospital visitar a pobre mulher e antes que ela morresse, ela me disse com muita dificuldade que tinha uma menina e que eu deveria tirar a menina do pai.
- E você fez isso? É essa a menina que você quer que eu trague para cá?
- Na verdade, Doutor. Eu não fiz nada. Fui pra casa, internei meu filho numa clínica e fingi que nada nunca aconteceu.
- E?
- Hoje cedo, a polícia anunciou que houve um tiroteio na casa do pai da menina, do traficante. Algum ajuste de contas entre gangues de traficantes. O pai morreu na hora e a menina foi baleada na cabeça. A bala ficou alojada e a menina está com pressão intracraniana, mas se o Dr. Vargas pudesse operá-la, tenho certeza de que a menina teria uma chance. Tenho certeza de que teria.
Richard respirou fundo, olhando para a face pedinte da enfermeira. Ela era ótima em fazer aquela cara de menor abandonado.
- O senhor é o diretor agora. É o único que pode autorizar. Eu não poderei pagar pelo tratamento, Doutor, mas com o tempo, posso compensar se o senhor resolver ajudar a menina, por favor, Dr. Pacio, por favor...
- Está bem, Martha. Faça a papelada, eu assinarei.
- Eu já preparei, Dr. - falou Martha com um sorriso amarelo, levantando uma prancheta para ele.
Quando ele terminou de assinar, Martha segurou a mão do jovem e brilhante anestesista que aos vinte e dois anos havia assumido a Direção Geral do hospital que fora de seu pai durante toda uma vida e a beijou como se ele fosse um padre ou um bispo.
- Sei que ele deve estar orgulhoso do Sr. Dr. Pacio. O Sr. Armando era um bom homem.
Quando Martha se virou e saiu correndo pelos corredores do Centro Cirúrgico, Richard observou-a. Fazia um mês desde que seu pai falecera e nunca pensara tanto nele quanto naquele dia.
Talvez Martha tivesse razão. Talvez ele fosse como seu pai. Mas se quisesse continuar com o hospital, teria que ser menos generoso e mais ambicioso. Seu sonho de continuar os estudos teriam que ficar de lado. Sua genialidade na Medicina teria que ser trocada por estratégias administrativas agressivas. Era a única forma de manter aquele hospital. E ajudar menininhas em apuros, não fazia parte do plano...
Autor(a): angelblack
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