Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

— Onde é que você está? — A voz de Alfonso Wins­ton arrancou Anahí daquelas tristes recordações.

— O que disse? — ela indagou, piscando os olhos. 

— Você parecia tão longe daqui...

— Desculpe. — Anahí retesou-se na poltrona. — Eu... estava distraída, apenas isso.

— Deu para perceber. — Alfonso colocou sua xí­cara de café, já vazia, sobre a bandeja. — E, se me permite um comentário sincero, você me pareceu muito triste e não apenas... distraída.

Anahí não respondeu. Mas seu rosto de traços delicados contraiu-se numa expressão hostil. Sua amar­gura estaria assim, tão evidente?, perguntou-se, inco­modada. Será que, aos vinte e quatro anos, ainda não havia aprendido a guardar as emoções só para si?

— Posso fazer uma pergunta? — Alfonso indagou, num tom amável.

—  Não — ela respondeu, simplesmente.

— Bem... — Ele sorriu, exibindo dentes muito brancos e perfeitos. — Não posso acusá-la de falta de sinceridade. E isso, longe de me aborrecer, cau­sa-me admiração.

—  Costumo falar o que penso — Anahí de­clarou, num tom seco.

— Eu também.

"Mentira", ela contestou, em pensamento, tomada por uma onda de fúria. "Não tente bancar o honesto, a essa altura dos acontecimentos, sr. Winston. Você já teve chance de provar que tinha caráter... Mas não o fez. Ou melhor, mostrou perfeitamente do que era capaz."

— Vamos tratar de negócios — Anahí propôs, rispidamente.

—  Só depois que você explicar por que tem tanta raiva de mim. As palavras de Alfonso a pegaram de surpresa.

—  O que o faz pensar assim? — ela reagiu, confusa.

— Todo escritor tem uma vocação muito grande para ler as pessoas... Não sabia disso?

Anahí não respondeu. E ele prosseguiu:

— Desde que entramos nesta sala, tenho a nítida impressão de que você está tentando se controlar para não me atirar alguma coisa na cabeça. — Apon­tando uma estatueta de bronze, sobre a mesinha de centro, acrescentou: — Isto, por exemplo. Ou aquilo... — E indicou um vaso de samambaias que pendia do teto. — Após uma pausa, concluiu: — Talvez você esteja ressentida pelo modo como a tra­tei, quando nos falamos pelo interfone. Mas saiba que posso ser bem mais desagradável, quando estou escrevendo e alguém me interrompe. A srta. Miran­da Gladson deveria tê-la alertado sobre isso.

De fato, Anahí recordava-se de que Miranda havia comentado algo sobre o caráter temperamental de Alfonso Winston.

—  Realmente, ela me falou a respeito...

— Mas, pelo visto, de nada adiantou — Alfonso re­trucou, fitando-a com uma intensidade constrangedora. — Pois você parece terrivelmente irritada comigo.

Anahí engoliu em seco. Aquele homem parecia ter o estranho poder de ler-lhe os mais secretos sen­timentos. Isso só servia para piorar ainda mais as coisas.

— Que tal nos atermos ao único assunto que in­teressa, sr. Winston? — ela propôs, no tom mais impessoal que conseguiu.

— Alfonso — ele a corrigiu. — Combinamos que nos trataríamos pelo primeiro nome, lembra-se?

— Certo — Anahí assentiu, dizendo a si mes­ma que não poderia continuar tão tensa, que era preciso recuperar o autocontrole. Mas como, se os olhos verdes de Alfonso pareciam devassá-la? — Bem, não estamos aqui para tratar de problemas pessoais e sim de trabalho. De acordo com as informações que recebi de Miranda, o senhor precisa de uma governanta, por quinze dias...

—  Então você admite que há um problema? — a pergunta de Alfonso soava mais como uma constatação.