Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Ao longo da infância e adolescência, Anahí observara-os, muitas vezes, traçando planos mira­bolantes que jamais se realizariam, por falta de es­trutura e objetividade. Helenna se parecia com am­bos, nesse ponto.

Marjorie costumava dizer que Anahí era a sen­satez em pessoa. E que herdara essa qualidade de seu pai.

Anahí comprovaria esse fato, anos mais tarde, quando por fim reencontrara-se com ele. De fato, seu pai, Albert Glenn, tinha um incrível senso de praticidade e organização. Mas, infelizmente, essa era a única afinidade entre ambos, ela descobrira, chocada. Albert Glenn nunca demonstrava afeição, nem mesmo simpatia pela filha. Recebia-a em sua sala particular, numa empresa de informática, tal como faria com um cliente, ou um colega de trabalho.

— O contato freqüente com as máquinas deixou-o refratário aos sentimentos — Anahí sentenciara, certa tarde, ao voltar de mais um encontro frus­trante com o pai. E ante a expressão surpresa da mãe, abraçara-a calorosamente. — Oh, mamãe, pre­firo mil vezes seu modo excêntrico e desordenado de viver... Ao menos, você tem um coração.

Emocionada, Marjorie desatara a chorar. Anahí também não conseguira se conter. E sorrindo, por entre as lágrimas, dissera:

— Está vendo só? Você possui um coração...

— Seu pai também, querida. Só que ele não sabe se expressar.

— Você tem toda a razão, mamãe... Ele é total­mente analfabeto, em questão de sentimentos.

Pouco tempo depois, a empresa para a qual Albert Glenn trabalhava fora transferida para o Canadá. Dias antes da partida, ele enviara um telegrama a Anahí, informando-a sobre o fato:

Parto próxima semana. Residência definitiva em Quebec, motivo trabalho. Sei que a decepcionei. Mas desejo-lhe sorte e sucesso. Ass.: Albert.

Se ele ao menos houvesse escrito: seu pai, Albert... Anahí não teria se sentido tão abandonada.

Mas não havia como fugir à verdade: sua relação com o pai revelara-se um total desastre, deixando-lhe profundas marcas.

Talvez por isso ela houvesse se impressionado tan­to com Richard, que dava-lhe atenção constante, que tinha um modo quase paternal de tratá-la, que sem­pre parecia saber o que fazer...

O pequeno Theo deu um gritinho de alegria, ar­rancando Anahí das recordações. Sorrindo, ela acariciou-lhe os cabelos que eram negros, como os de Alfonso... E fitou-lhe os olhos verdes, como os de Alfonso...

— Espero que você tenha uma sorte melhor com seu pai, querido, do que a que eu tive com o meu — Anahí murmurou, docemente.

Como se compreendesse, não o significado, mas o carinho que envolvia aquelas palavras, o bebê deu um novo gritinho de alegria.

— Richard devia estar louco ao imaginar que eu seria capaz de entregar você a outras pessoas... Nem que fosse o melhor internato do mundo! — Anahí declarou, apertando o bebê contra o peito. — Bem, meu anjinho, agora temos de ir.

Durante o trajeto até a casa de Alfonso Winston, um pensamento incômodo assaltou Alfonso: era ruim admitir, mas Richard tinha razão, ao menos num ponto... Ela havia superado o rompimento de ambos com incrível rapidez, talvez porque jamais amara Richard de verdade? Ou porque seus senti­mentos por ele eram apenas superficiais? Ou o fato de haver conhecido Alfonso Winston, na véspera, teria algo a ver com tudo isso?

— Que absurdo! — a voz de Anahí soou numa exclamação abafada, enquanto ela apertava o vo­lante com força.

O melhor que tinha a fazer era não mais pensar em Richard Templeton. Afinal, aquele homem não a merecia. Não mesmo.