Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Entretanto, a despeito da voz da razão, que Alfonso esforçava-se por considerar, Theo continuava a olhá-lo, com aquela profundidade e pureza tão própria dos bebês.

— É incrível... — Deixando a sensatez de lado, Alfonso resolveu considerar apenas o que lhe dizia o coração. — Eu gostaria de ter um filho exatamente igual a você... Com esses mesmos olhos, que aliás são da cor dos meus... E com esses cabelos encaracolados, negros como os meus. Não é uma grande coincidência que sejamos parecidos fisicamente?

—  Da! — o bebê exclamou, jogando o corpinho para trás, em sinal de alegria.

Alfonso amparou-o a tempo.

— Claro que não existe a menor possibilidade de termos algum laço familiar. Mas o fato é que, desde o primeiro momento em que olhei para você... Senti algo diferente, sabe?

Presa de uma emoção que se tornava mais intensa a cada segundo, Alfonso apertou o bebê contra o peito.

—  Sim, querido... Eu adoraria ter um filho como você. E também uma garotinha, sabe? Linda como sua mãe... Uma garotinha loira, de olhos azuis...

O bebê remexeu-se, incomodado. Fixando nova­mente seu rostinho, Alfonso sorriu.

— Acho que eu o estava apertando demais... Foi isso? Ou será que reagiu mal porque falei em garotinhas? Você não gosta de meninas?

Theo voltou a concentrar-se no chaveiro.

— Bem, você passará alguns anos achando-as antipáticas e totalmente desinteressantes. Mas chega­rá o dia em que mudará de idéia... O dia em que encontrará uma garota que cativará seu coração. E então você terá certeza de que nunca mais poderá viver sem ela. Isso já aconteceu comigo, sabe? Quan­do conheci Christine, julguei que tivesse encontrado minha alma-gêmea. — Alfonso suspirou, profunda­mente, antes de prosseguir. — Mas estava engana­do, sabe? Levei anos para descobrir esse fato que, afinal, é tão simples. — Após uma pausa, acrescen­tou: — Tomara que o mesmo não se dê com você. Espero que não sofra a mesma desilusão que eu... — Com um sorriso amargo, concluiu: — Como se isso fosse possível! O mundo não poupa ninguém. Alfonso havia conhecido Christine cerca de três anos atrás, numa festa de Natal promovida por sua editora. Ela era jornalista e queria entrevistá-lo. Alfonso, como era seu costume, tratara-a com amabilidade e deferência.

A certa altura da festa, ambos haviam se retirado para o jardim de inverno, situado nos fundos do casarão onde funcionava a editora.

Christine começara a entrevista com as perguntas de praxe: quando Alfonso descobrira sua vocação como escritor? O que significava, para ele, ser um dos mais consagrados escritores infantis da Austrá­lia? O que sentira, ao saber que seus livros eram traduzidos para as três Américas, para o Oriente e África?

Alfonso já perdera a conta de quantas vezes já discorrera sobre esses fatos. Mas nem por isso de­monstrava descaso ou má vontade, nas respostas.

A entrevista, que prometia ser apenas mais uma, entre tantas, acabara se transformando num bate-papo interessante sobre sua carreira e idéias sobre o mundo. Ao contrário de vários outros jornalistas, Chris­tine não se mantinha passiva, diante das respostas de Alfonso. Opinava, discordava, aprovava... Enfim, participava de forma bastante ativa, contribuindo para que a conversa se tornasse mais dinâmica.

Aos poucos, ambos iam descobrindo uma série de afinidades. Tinham gostos parecidos com relação a literatura e artes em geral. Gostavam dos mesmos gêneros de música, dos mesmos filmes... E quase sem perceber iam se deixando fascinar, um pelo outro.