Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

— Por que não deixa para contratá-la quando vol­tar? —Anahí sugeriu.

—  Porque você precisará dela.

—  Eu?

—  Sim, claro. Alguém terá de organizar a casa, cuidar de Dougal, preparar as refeições...

—  Eu mesma darei conta disso, se você não se importar.

— Mas é lógico que me importo.

—  Por quê?

—  Porque não seria justo você acumular tantas funções.

— Não? — Anahí retrucou, irônica. — Acon­tece que costumo fazer isso, vinte e quatro horas por dia: sou dona de casa e profissional free-lance.

—  E ainda por cima cuida de Theo?

—  Sim.

—  Quem você é, afinal, Anahi Glenn? Uma supermulher?

Ela meneou a cabeça.

— Nada disso, Alfonso Winston. Sou apenas mais uma lutadora, entre as muitas mulheres de nosso país e do mundo. Mulheres que combinam a admi­nistração do lar e a produção profissional, à custa de um grande desgaste, é verdade... Mas isso tam­bém rende muita satisfação. Quando me deito, à noite, depois de um dia atribulado, não tenho von­tade de me queixar. Ao contrário: há ocasiões em que me sinto privilegiada por ter Theo, meu traba­lho, minha casa... Afinal, são esses os pontos car­deais de minha vida.

Para surpresa de Anahí, suas palavras como­veram Alfonso.

—  Você é uma pessoa admirável, sabia? Além de bonita e encantadora, possui inteligência, dinamismo...

— Ora, pare com isso — ela pediu, enrubescendo.

— Por quê?

—  Sempre fico embaraçada, quando me elogiam.

—  Eu apenas disse a verdade.

—  Mesmo assim, sinto-me... — Anahí não con­cluiu a frase.

Alfonso a fitava com tamanha intensidade, que pa­recia devassar-lhe os mais secretos pensamentos. Isso a incomodava, mas também fazia seu coração pulsar acelerado, movido por uma espécie de temerária alegria.

—  Por que está me olhando desse modo? — ela perguntou, com a voz embargada pela emoção.

—  Não sei... O fato é que você me fascina, Anahí Glenn. Confesso que estou encantado.

—  Pois não deveria — ela disse, de súbito, mu­dando totalmente de tom e expressão.

—  Por que não? — ele indagou, confuso.

—  Porque seria pura perda de tempo.

—  Como pode ter tanta certeza?

Manobrando o carrinho de Theo, Anahí con­duziu-o até a porta. Encarou Alfonso com firmeza e então declarou:

— É que não tenho nada a oferecer. — E afas­tou-se pelo corredor.

— Anahí! — Alfonso chamou-a, num tom an­sioso. — Espero que não tenha me levado a mal. Eu... apenas confessei o que estava sentindo.

— Sem problemas — ela retrucou, virando-se por um momento. — Eu gosto de franqueza. — Já havia se afastado mais alguns passos, quando se voltou novamente. — A propósito, vou começar o trabalho daqui a pouco. Preciso apenas de tempo para trocar Theo e dar-lhe uma mamadeira.

-— Sinta-se à vontade. Não sou do tipo que fica fiscalizando os horários de entrada e saída de seus funcionários. Para mim, o que conta é a eficiência, e não as horas trabalhadas.

Mais uma vez, Anahí parou e virou-se para indagar:

—  Você tem outros funcionários, além de mim, Alfonso?

— Sim, vários: uma cozinheira, duas copeiras, duas faxineiras, um jardineiro e seu ajudante.

—  E onde está toda essa gente?

— Descansando. Só regressarão daqui a quinze dias. Como eu ia viajar...

— Resolveu dar-lhes férias coletivas — Anahí completou.

—  Isso mesmo.

—  Bem, quando você partirá?

—  Hoje, no final da tarde.

—  Ficará fora por quinze dias? É isso, não?

—  Exato.

—  Nesse caso, desejo-lhe uma boa viagem.

— Por que já está se despedindo? Espero vê-la novamente, antes de partir.

Anahí não respondeu. Continuou empurrando o carrinho de Theo, até a suíte que seria a moradia de ambos, durante as duas semanas seguintes.

Mal chegou à suíte, ela atirou-se na cama, com o coração aos saltos.

Havia subestimado a força e o carisma de Alfonso Winston. Aquele homem era capaz de comovê-la, fasciná-la, diverti-la... Enfim, era capaz de tudo!

"Preciso estar prevenida", ela se recomendou, mor­dendo o lábio inferior, em sinal de nervosismo.

A imagem de Helenna invadiu-lhe a mente, en­quanto seus olhos enchiam-se de lágrimas.

"Minha irmãzinha querida", Anahí pensou, "agora compreendo que você não tinha outra opção, senão cair apaixonada por Alfonso Winston... Sen­sível, romântica e sonhadora como era, como poderia defender-se de seus encantos? Só há uma coisa que não consigo entender... Não dá para imaginar Alfonso negando a paternidade de Theo. Ele não me parece esse tipo de homem. E só essa peça do que­bra-cabeça que está difícil de encaixar. Ou talvez eu esteja sendo excessivamente ingênua? Talvez Alfonso tenha me mostrado apenas seu lado gentil, amável e carismático..."

Anahí meneou a cabeça, num gesto de nega­ção. Sentia-se tão confusa.

Uma onda de angústia ergueu-se em seu íntimo. Estava traindo a memória de Helenna, essa era a verdade. Estava renegando a promessa que fizera a si própria, no dia em que decidira conhecer Alfonso pessoalmente. E tudo por quê?

Um profundo suspiro brotou do peito de Anahí. Sinceramente, ela não sabia, ou não queria, responder essa pergunta.