Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Sheylla era uma mulher alta, um tanto magra, que chamava a atenção pelos longos cabelos loiro-platinados e pelos olhos castanhos, muito vivazes e brilhantes. Tinha um corpo proporcional e, embora não fosse exatamente bonita, esbanjava simpatia e encanto.

Alfonso a conhecera pouco tempo depois de ser con­tratado pela Editora Springs. Simpatizara de imediato com ela e não relutara em demonstrar sua afeição.

Logo, ambos haviam se tornado bons amigos. Na época em que Alfonso se divorciara, correra o boato de que ele estava prestes a começar um caso amo­roso, com Sheylla. Porém, isso não chegara a acon­tecer. Afinal, tanto Alfonso, quanto ela, sabiam que o laço que os unia era da mais pura amizade.

Cerca de um ano depois, Sheylla e Jonathan Mac-Culley haviam começado a namorar. Alfonso ale­grara-se muito com o fato, pois estimava ambos e desejava-lhes toda a felicidade do mundo.

— Bem, qual é o recado de Jonathan? — Alfonso perguntou, depois que o garçom trouxe o drinque de Sheylla.

Ela provou um gole da bebida e levou alguns ins­tantes para responder:

— Sua turnê vai durar apenas sete dias e não quinze, como estava programado.

—   Por quê?

— Porque a Academia de Letras da adorável ci­dade onde moramos vai oferecer-lhe um jantar, den­tro de nove dias. E você não pode faltar.

—   Mas e os compromissos com...

—  Não se preocupe, Poncho — ela o interrompeu. — O chefinho já os transferiu para uma outra oca­sião. — Após uma pausa, indagou: — Ficou muito aborrecido?

—  Sinceramente, não.

— Ora! — ela exclamou, surpresa. — Você sem­pre reage muito mal a essas mudanças de última hora.

—  Acontece que a ideia de voltar para casa mais cedo me agrada profundamente.

—  Não diga! — Sheylla sorveu mais um gole de seu drinque e meneou a cabeça. — Os escritores, decididamente, são imprevisíveis.

— E pontuais, minha cara —Alfonso retrucou, depois de consultar o relógio. — Não quero apres­sá-la, mas acho melhor sairmos daqui, pois embar­caremos em quinze minutos.

— Nossa, como o tempo voa, Poncho! — Sheylla riu. — Os aviões também... E não esperam os retardatários!

Alfonso assentiu com um gesto de cabeça, enquan­to chamava o garçom, para pedir a conta.

Pouco depois, ambos saíam do bar e dirigiam-se ao portão de embarque. Sheylla levava apenas a bolsa e o notebook. Alfonso, uma pequena valise. Já haviam deixado o resto da bagagem no balcão da companhia aérea pela qual viajariam.

Os lugares de Alfonso e Sheylla eram separados. Entretanto, ela logo de um jeito para que ficassem juntos. Com sua simpatia e amabilidade habituais, pediu ao passageiro sentado ao lado de Alfonso que trocasse de poltrona. O homem, naturalmente, não se negou a fazê-lo. E ganhou um largo sorriso como recompensa.

— Alguém já lhe disse que você é a pessoa mais simpática que a América do Norte já deu ao mundo? — Alfonso gracejou, quando Sheylla acomodou-se a seu lado, com ar triunfante.

Como resposta, ela apenas sorriu, enquanto ajei­tava os cabelos platinados, que caíam-lhe até o meio das costas.

—  Com esse seu jeitinho, consegue tudo o que quer... — Alfonso insistiu.

—  Quem me dera que isso fosse verdade! — a voz de Sheylla soou numa exclamação abafada, traindo uma ponta de tristeza.

— Ora, a que se deve esta súbita melancolia? — Alfonso perguntou, surpreso.

—  Oh, nada. — Sheylla desviou o rosto. — Deixe para lá, querido. E agora, que tal trocarmos de lugar?

—  Por quê?

— Porque apesar de meus trinta aninhos, adoro viajar perto da janelinha...

Ele riu, enquanto se levantava.

—  Você às vezes parece uma garotinha.

— E espero continuar assim até morrer, Poncho. Afinal, todos nós, adultos, somos no fundo crianças crescidas.

—  E verdade, Sheylla.