Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

—  Todos nós precisamos dos amigos, Sheylla.

— Não se faça de rogado, Poncho Winston. Você entendeu, muito bem, o que eu quis insinuar.

Ele sorriu, com certa melancolia, enquanto meneava a cabeça.

—  E você sabe, muito bem, que a amizade é o único laço que nos une.

Baixando os olhos, Sheylla indagou, num tom qua­se inaudível:

— Você nunca me desejou como mulher... não é mesmo?

—  Exato, querida. E mesmo que a desejasse... bem, eu jamais poderia me esquecer que você é na­morada de Jonathan.

—  Era.

—  Como assim?

— Eu e Jonathan rompemos, na semana passada. — E Sheylla começou a chorar.

— Agora entendo por que você está tão arrasada.

—  Acho que nunca mais me recuperarei desse golpe, Poncho.

— Mas por que terminaram essa relação tão bo­nita? — Alfonso perguntou, confuso. — Vocês se amam tanto!

— Jonathan é um cabeça-dura. E tem um orgulho maior do que o mundo.

— Ele é temperamental, eu sei. E seu gênio tam­bém não é lá muito fácil, Sheylla. Mas daí a romper o relacionamento...

—  O difícil é que vamos continuar trabalhando juntos — ela comentou, ignorando a interferência de Alfonso. — Mas não sei se agüentarei. — Sheylla riu, com amargura. — Veja só como estou descon­trolada... Acabei de me oferecer para você! E, no entanto, sei que jamais conseguirei me relacionar com outro homem, a não ser Jonathan... Aquele grande cretino! — concluiu, sacudida por um soluço.

— Chore, amiga... — Alfonso recomendou, sua­vemente, enlaçando-a pelos ombros. — Dê vazão a sua mágoa e, depois, se sentirá melhor.

—  Nunca me sentirei melhor. Não depois de per­der Jonathan.

—  Não seja tão dramática. Você não o perdeu.

—  Dessa vez foi para valer, Poncho...

Alfonso ia dizer algo para consolá-la, mas uma voz soou, através dos alto-falantes instalados no terraço.

— Srta. Sheylla Masterson, por favor, queira com­parecer ao saguão de recepção.

—  Ouviu isso? — Alfonso perguntou.

—  O quê? — ela indagou, desde o fundo de seu sofrimento.

—  Você está sendo chamada na recepção do hotel.

—  Eu?

—  Sim. A menos que exista outra Sheylla Mas­terson, por aqui...

—  Mas por que estão me chamando?

—  Como posso saber?

—  Oh, Poncho, não me sinto com a menor dis­posição para ir até lá.

—  Mas...

— Faça-me um favor, sim? Vá ver quem é o chato que está me procurando e mande-o voltar numa ou­tra hora.

—  Mas quem poderá ser?

— Talvez um dos empresários com quem me en­contrarei, amanhã.

Esse último argumento de Sheylla acabou por con­vencer Alfonso. Era improvável que um empresário a procurasse, àquela hora, para falar de trabalho. Mas, se fosse esse o caso, Sheylla não estaria em condições de tratar do que quer que fosse.

—  Está bem. — Alfonso levantou-se. — Irei até lá e verei do que se trata. Mas prometa que não sairá daqui.

— Eu não poderia fazer isso, ainda que quisesse — ela respondeu, indiferente às lágrimas que vol­tavam a correr-lhe pelo rosto.

Compadecido, Alfonso confortou-a:

— Esse momento difícil vai passar, pode apostar nisso. — E afastou-se em direção ao bar. Atraves­sou-o e saiu no saguão do hotel.

Aproximou-se do balcão e já ia perguntar ao re­cepcionista quem estava à procura de Sheylla Masterson, quando viu Jonathan MacCulley sentado numa poltrona, a um canto.

— Jonathan! — exclamou, surpreso. — O que faz por aqui?

— Vim ver aquele furacão em forma de mulher. Onde está ela, Poncho?

—  No terraço... sofrendo por você.

— Ah, ela não me ama de verdade. Se gostasse de mim apenas um pouquinho, não seria tão in­transigente e cruel.

— Tenho a impressão de que Sheylla pensa o mesmo a seu respeito. — Tomando o amigo pelo braço, Alfonso conduziu-o ao local onde Sheylla se encontrava.

— Estou sonhando, Alfonso? — disse ela, ao ver ambos se aproximando. — Oh, certamente já cheguei ao delírio alcoólico, pois acabo de ver...

Antes que Sheylla terminasse a frase, Jonathan correu e tomou-a nos braços.

—  Então é verdade! — Sheylla exclamou, num tom abafado, antes que Jonathan a beijasse com paixão.

Compreendendo que já nada mais tinha a fazer por ali, Alfonso afastou-se. Voltou ao bar, pagou a conta de Sheylla e subiu à sua suíte.

Levou a cadeira de balanço até a varanda do quarto e ali sentou-se, para contemplar a noite. A chuva já havia passado e algumas estrelas brilhavam, no céu.

Um longo tempo se passou, enquanto Alfonso dei­xava que os pensamentos voassem, livres.

Aquela hora, Sheylla e Jonathan certamente esta­riam se amando, com um ardor redobrado, recupe­rando o tempo perdido com rancores e mal-entendidos.

Alfonso sorriu. Sentia-se feliz, por aqueles dois amigos tão queridos.

— Mas e quanto a mim? — perguntou-se, baixi­nho. — Quando terei, de volta, a felicidade? Se é que algum dia já a desfrutei...

Apenas o silêncio da noite respondeu a sua inda­gação, enquanto a imagem de Anahí Glenn in­sinuava-se em sua mente, com uma nitidez cruel.