Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Anahí sentou-se na cama, apoiando-se nos travesseiros.

O que mais a inquietava era que, no sonho, tinha plena certeza de que Alfonso era o homem de sua vida.

Mesmo quando acordava, ainda levava algum tempo para cair na realidade.

Como era possível sentir-se desse modo por al­guém que, até poucos dias atrás, provocava-lhe tão fortes ressentimentos?

Anahí sempre deixava um copo de água, no criado-mudo, ao deitar-se. Pegando-o, sorveu alguns goles, numa tentativa de se acalmar.

Aquela era a sétima noite que passava na casa de Alfonso Winston. Ainda restavam vários dias, até sua volta.

Anahí já havia realizado a maior parte do tra­balho, naquela semana. Para começar, fizera uma boa faxina, no escritório.

Organizara os livros, guardara as folhas manus­critas em pastas e, os cadernos, numa estante.

Havia também mudado a disposição dos móveis: o microcomputador agora ficava próximo à janela. Assim, enquanto trabalhasse, Alfonso poderia con­templar os canteiros de flores multicoloridas e, mais além, o bosque.

As outras duas mesas, dispostas em forma de "L", a um canto do cômodo, haviam sido polidas e pa­reciam novas. Sobre uma delas, destacava-se um vaso de gerânios cor-de-rosa, muito bonitos. Sobre a outra, Anahí colocara um vaso de gerânios brancos.

Mas o grande trabalho, mesmo, fora organizar os arquivos de Alfonso, no microcomputador. Anahí encontrara duas caixas de disquetes novos, na estante. E resolvera copiar os arquivos principais. Essa medida de segurança bem podia evitar futuros aborrecimentos.

Assim, se o microcomputador algum dia apre­sentasse problemas sérios, e os arquivos se perdes­sem, Alfonso teria uma cópia deles.

Anahí terminou de tomar seu copo de água e levantou-se para olhar Theo, que dormia serena­mente, no bercinho, perto de cama.

— Meu anjo... — ela sussurrou, enternecida, ajei­tando o cobertorzinho sobre o bebê.

Uma ponta de remorso a invadiu. E Anahí recriminou-se duramente.

Havia se aproximado de Alfonso Winston com uma determinação muito clara: convencê-lo a assu­mir a paternidade de Theo... A qualquer preço. En­tretanto, estava se desviando do objetivo. E isso não podia, de modo algum, acontecer.

O pior era que, nos últimos dias, havia tido um contato profundo com o mundo de Alfonso. Lera seus livros e anotações para novas histórias. Assim, aca­bara compreendendo parte de seu processo criativo. Não era à toa que Alfonso havia alcançado su­cesso, com sua obra. Suas histórias eram alegres, dinâmicas e divertidas. Ele parecia entender, a fun­do, o mundo lúdico das crianças.

Quando chegara àquela casa, uma semana atrás, Anahí também tinha um outro plano, em mente. Estava certa de que Alfonso roubara certas ideias de Helenna, a respeito do personagem de seus úl­timos livros, o companheiro do Ursinho Jimmy.

Agora, porém, ela já não acreditava nisso. Alfonso era talentoso e criativo demais, para apossar-se de ideias alheias.

Felizmente ele só estaria de volta dali a vários dias, Anahí pensou, voltando a deitar-se.

Esse prazo seria suficiente para que ela concluísse o trabalho para o qual fora contratada, conversasse francamente com Alfonso e, depois, partisse.

Anahí passou a mão pelos cabelos, num gesto de tristeza e cansaço. O trabalho não a as­sustava. Mas a conversa que teria com Alfonso pro­metia ser difícil. O futuro de Theo estava em jogo.