Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Alfonso riu de si mesmo e daquele pensamento absurdo. Anahí não simpatizava com ele, essa era a verdade. Isso estava mais do que evidente, em todas as suas atitudes, olhares e gestos.

Em contrapartida, ele nunca se sentira tão fas­cinado por uma mulher, como agora.

De súbito, Alfonso pensou em Christine. Havia se apaixonado por ela, praticamente à primeira vista.

A diferença era que Christine correspondera a seus sentimentos... Ao menos no início, antes que o mundo de ambos desmoronasse.

Alfonso meneou a cabeça, num brusco sinal de negação.

A possibilidade de Anahí apaixonar-se por ele era tão remota quanto a lua, que as nuvens de chuva haviam ocultado, no céu. Mas se isso por ventura acontecesse, ele desejava, ardentemente, que essa relação não terminasse de modo tão triste como seu casamento com Christine.

Alfonso tinha certeza de que não resistiria a uma segunda desilusão. Por mais forte que fosse, não mais conseguiria se recuperar.

"Já chega de divagações", ele se ordenou, em pensamento.

Estava encharcado, ansioso por um banho quente e faminto. O melhor que tinha a fazer era retirar-se para sua suíte e descansar, em vez de ficar ali, pa­rado, acalentando sonhos impossíveis.

Deveria acordar Anahí e colocar Dougal para fora?, perguntou-se. Mas precisou de apenas um ins­tante para se decidir:

— Não — disse, baixinho.

Seria um pecado fazer isso. Além do mais, faltava pouco para amanhecer.

Alfonso tomou uma ducha rápida e, sentindo-se totalmente revigorado, pensou em dormir imediata­mente. Mas a fome ainda o perturbava.

Assim, ele vestiu um roupão branco e decidiu ir até a cozinha, para saborear um copo de leite e, talvez, um sanduíche.

Desceu as escadas, tomando todo o cuidado para não fazer barulho. Estava transpondo o último de­grau, quando ouviu uma voz trêmula indagar:

— Alfonso Winston, você quer me matar do coração? Voltando-se, ele deparou com Anahí, muito pá­lida. Apoiada à parede, ela parecia prestes a desmaiar.

— O que houve? — Alfonso apressou-se a ampará-la.

—  Você ainda pergunta? — a voz de Anahí soava baixa, mas carregada de indignação. — Eu já estava achando que se tratasse de um assalto!

— Assalto? — Alfonso repetiu, sem entender.

— Claro! Você me aparece no meio da noite, sem avisar, e quer que eu pense o quê? Acordei com o som de passos no corredor de cima. Dougal não latiu e... — interrompendo-se, Anahí lançou um olhar na direção do cão. — Ora, eu devia ter imaginado que era você. Só mesmo assim, para que Dougal não se alarmasse.

— Cheguei agora há pouco e a encontrei dormindo, junto com Theo. — Alfonso explicou, em poucas pa­lavras, o que havia acontecido: o atraso do vôo, a dificuldade para aterrissar, seu carro que enguiçara a pouca distância da propriedade, a caminhada sob a chuva fina, até descobrir que havia se esquecido das chaves. E concluiu: — Como você pode ver, foi uma verdadeira epopéia chegar até aqui.

—  Suponho que esteja exausto.

—  E faminto. Estou indo até a cozinha, para fazer um lanche.

Anahí fitou-o com estranheza. Parecia mais calma, agora.

—  Mas você não deveria chegar somente daqui a alguns dias?

—  Sim, mas houve uma mudança de planos.

—  Certo.

O silêncio caiu entre ambos. A chuva havia pra­ticamente parado. Theo dormia e Dougal também.

Anahí de repente deu-se conta de que estava usando apenas uma camisola curta. E isso a deixava totalmente exposta a Alfonso.

Esse pensamento causou-lhe tamanho embaraço, que ela sentiu-se enrubescer.

Só então Anahí constatou que a situação era ainda pior... Pois Alfonso, ao que tudo indicava, não estava usando nada sob o roupão atoalhado.

— Vou para o quarto — ela decidiu, ansiosa por fugir daquela circunstância constrangedora.

— Por que não me acompanha, num lanche? — Alfonso convidou.

—   Não posso — ela respondeu, traindo uma forte ansiedade.

—  Por que não? Parece que nós dois tivemos uma noite difícil. Não acha que merecemos nos refazer desse desgaste? Afinal, daqui a pouco já será hora do café...

Anahí fitou aqueles olhos, verdes como esmeraldas preciosas. Sabia que deveria recusar. Entretanto, ouviu-se dizer:

—  Está bem. Mas dê-me um minuto para colocar Theo no berço.

—  Certo. Estarei a sua espera, na cozinha. Alfonso ainda sentiu vontade de acrescentar: "Não demore, por favor."

Mas achou que seria excessivo. Era possível até que Anahí se irritasse e desistisse de acompa­nhá-lo no lanche.