Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Num gesto natural, ele tomou-lhe o braço e condu­ziu-a até a entrada principal da casa. Abriu a porta, entalhada em madeira de lei, e deu-lhe passagem.

—  Fique à vontade, srta. Glenn.

— Obrigada, sr. Winston — Alfonso murmurou, terrivelmente incomodada. O toque da mão de Alfonso em seu cotovelo causava-lhe estranhas sensações.

Aliás, tudo estava acontecendo de um modo muito diferente do qual ela imaginara.

Num silêncio tenso, Anahí seguiu Alfonso pelo hall, até a sala, mobiliada com extremo bom gosto e um toque de ousadia.

Os móveis, de madeira clara, com estofamento verde-musgo, davam um quê de leveza ao ambiente. Uma tapeçaria, retratando uma paisagem tropical, destacava-se numa parede. Na outra, havia uma reprodução de um quadro de Vincent Van Gogh, que chamou a atenção de Anahí.

Isso não passou despercebido a Alfonso, que com um sorriso amável, comentou:

—  Vejo que gosta dele...

— É um de meus pintores preferidos — ela de­clarou, com os olhos fixos no quadro, que retratava um café em Paris. — Pena que não tenha sido re­conhecido como artista, enquanto viveu... Jamais conseguiu vender um quadro.

—  Mas o irmão dele, Theo, comprou um.

—  Apenas por caridade — Anahí replicou, num tom amargo. — Pobre Vincent Van Gogh! Ima­gino o quanto ficaria feliz, se soubesse que algum dia seria considerado um dos maiores artistas do mundo. Sua vida foi triste e trágica.

— Mas sua obra permanece — Alfonso sentenciou.

— Isso não diminui o sofrimento pelo qual Vincent Van Gogh passou.

—  Claro que não — ele concordou, com um sus­piro. — Na verdade, os felizardos somos nós... Que temos acesso a sua bela obra.

Anahí fitou-o, admirada. Ali estava, mais uma vez, a prova de que Alfonso Winston em nada se parecia com o Monstro que ela imaginara. E isso a deixava confusa. Mas as aparências às vezes enganavam.

"De qualquer modo, ele tem mesmo de possuir alguma sensibilidade, já que escreve para crianças", Anahí refletiu, antes de afirmar:

— Bem, sr. Winston, creio que não estamos aqui para discutir sobre pintura...

Um tanto chocado por aquela súbita mudança de tom, Alfonso assentiu:

— Claro. — Apontando uma poltrona, disse com amabilidade: — Sente-se, por favor.

—  Obrigada — Anahí obedeceu.

—  Posso lhe fazer um pedido?

— Sim — ela respondeu, colocando-se na defen­siva. — Do que se trata, sr. Winston?

— Gostaria que parasse com esse tratamento for­mal. Meus amigos me chamam de Poncho.

— Mas eu não sou sua amiga, sr. Winston — Anahí argumentou, ríspida. Dando-se conta de que talvez estivesse exagerando em sua agressividade, acrescentou num tom mais ameno: — Entretanto, se preferir, posso chamá-lo simplesmente de Alfonso.

— Certo — ele aquiesceu, com um gesto de cabeça. E a Anahí não restou outra alternativa, senão dizer:

— Quanto ao senhor... Quero dizer, quanto a você, Alfonso, também pode tratar-me pelo primeiro nome.

— Está bem... Anahí. Creio que assim pode­remos nos entender, de um modo mais descontraído.

Ela nada respondeu.

Descontração era uma das últimas coisas que de­sejaria compartilhar com Alfonso Winston, neste mundo... Ou em qualquer outro.

—  Você toma um café? — ele ofereceu, solicito.

—  Sim, obrigada. Puro e sem açúcar.

— Vejo que é muito inteligente, além de bonita — Alfonso comentou, com aquele sorriso capaz de derreter o coração de uma estátua de gelo... — Puro e sem açúcar é a única maneira decente de se tomar essa bebida maravilhosa. Desse modo podemos des­frutar plenamente seu sabor sutil. Bem, com licen­ça... Vou providenciar nosso café. — Ele já ia se afastando, mas voltou-se para dizer: — Aposto que você vai adorar o café que tenho aqui em casa. Veio diretamente do Brasil... E isso já diz tudo, não?

Anahí concordou, com gravidade. Afinal, sabia que o café brasileiro era um dos melhores do mundo.