Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Alfonso passou a mão pelos cabelos negros, num gesto de exasperação e cansaço.

—  Espere um momento, Anahí Glenn. Você está tentando me dizer que Helenna...

— Era minha irmã — ela completou. Agora, que enfim estava conseguindo cumprir seu objetivo, sen­tia-se estranhamente calma. — Se entrei em sua vida, Alfonso Winston, foi apenas para tentar convencê-lo a assumir a paternidade de seu filho. Mas confesso que, apesar de minha intenção ser muito nobre, os recursos que eu estava disposta a usar não o eram... Em outras palavras, eu seria capaz até de chantageá-lo, ou de levá-lo a um tribunal, para obrigá-lo a assumir Theo.

Anahí fez uma pausa. E levou alguns momen­tos para prosseguir:

— Acontece que, nesta semana que passei aqui, tive um profundo contato com seu mundo, Alfonso Winston. E, sinceramente, senti-me fraquejar. Você me pareceu criativo, talentoso e sensível demais, para ser tão inescrupuloso e cruel. Em resumo, fi­quei confusa, sem saber ao certo como agir. Agora, estou numa encruzilhada: devo partir desta casa e de sua vida, sem conseguir realizar meu objetivo? Ou devo honrar a memória de Helenna e guerrear com você, até as últimas conseqüências?

Alfonso a ouvia, de olhos fechados. Seu rosto de traços perfeitos estava contraído pelo sofrimento.

— Fale alguma coisa, por favor — Anahí pe­diu, ao fim de um longo silêncio.

— Sinto-me arrasado — ele declarou, por fim. — Pensei ter encontrado, em você, a mulher de meus sonhos. E justamente quando estou me apaixonan­do, descubro que você mentiu para mim, que só veio até aqui para me prejudicar.

— Isto não é verdade — ela argumentou. — Não menti para você. Tencionava chamá-lo para uma conversa séria e expor este assunto tão delicado, no momento conveniente.

Ele fitou-a com uma expressão de mágoa.

— Você fala em delicadeza, Anahí Glenn? Pois onde estava seu senso de delicadeza, quando lhe confessei que era estéril, agora há pouco? Por que não considerou esse fato? Por que me acusou, com tanto ódio, por um sofrimento que jamais causei a sua irmã?

—  Ora, pelo amor de Deus, Alfonso Winston! — ela explodiu. — De onde você tirou a absurda ideia de que é estéril?

— De vários exames médicos, que fiz com minha ex-esposa, na época em que ela quis engravidar.

—  Então, algum milagre deve ter acontecido — Anahí comentou, entre amargurada e irônica. — Pois basta olhar para você e Theo, para perceber o quanto são parecidos. Só para começar, os dois têm cabelos negros e olhos verdes, sabia?

— Isso pode ser mera coincidência. A maioria dos bebês possuem olhos claros. Já pensou nesse aspecto da questão?

Anahí ficou em silêncio por alguns instantes. Então perguntou:

— Você alguma vez disse a Helenna que era estéril?

—  Não.

—  Por quê?

—  Porque eu estava arrasado, emocionalmente, na época. Tinha me divorciado e sabia que, de algum modo, essa esterilidade estava relacionada ao fim de meu casamento. Em outras palavras, senti vergonha de contar isso a Helenna. — Num tom amar­go, ele acrescentou: — Está satisfeita, agora?