Fanfic: Um Final Feliz*AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

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O consultório de Helmut Lewis ficava num bairro nobre de Melbourne. Alfonso fora até lá apenas uma vez, poucos anos atrás, na época em que Christine ainda queria ter um filho seu.

"Tantas coisas ocorreram, de lá para cá", Alfonso pensava, enquanto estacionava no pátio de um edi­fício pequeno e incrivelmente luxuoso, onde só fun­cionavam consultórios médicos.

Estava um pouco tenso e não era para menos. Afinal, tinha um assunto constrangedor a tratar com Helmut. Mas, de certa forma, já havia superado esse trauma. E se estava ali, era apenas para tirar a dúvida que Anahí Glenn havia incutido em seu íntimo.

Em sã consciência, porém, não duvidava da dura verdade: era um homem estéril, jamais poderia ge­rar filhos e seria melhor resignar-se a esse fato, que nada no mundo poderia mudar.

Helmut recebeu-o tal como fizera, ao telefone: de maneira polida e distante.

Alfonso lembrava-se dele como um homem robus­to, de traços regulares, muito corado e vigoroso.

Naqueles anos, Helmut havia ganho alguns qui­los, perdido uma boa parte dos cabelos e parte do vigor que o caracterizava.

"O tempo passa, para todos nós", Alfonso refletiu, agradecendo com um gesto de cabeça o convite para sentar-se num sofá de couro, na ante-sala do con­sultório. "Com certeza Helmut deve estar pensando o mesmo a meu respeito."

Para sua surpresa, porém, o médico fitou-o com admiração:

— Você parece ter ficado mais jovem, desde a última vez em que nos vimos. A que se deve este milagre? A uma vida feliz?

—  Pelo que me recordo, não tive muitos motivos de felicidade, na época em que nos conhecemos. Ao contrário...

— Oh, desculpe — Helmut o interrompeu. — Es­tou falando bobagens, não é mesmo? A verdade é que me sinto um pouco tenso.

—  Muito trabalho? — Alfonso indagou.

—  Sim. — Helmut sentou-se a seu lado. — Mas estou falando, também, do fato de estarmos a sós. Isso me deixa um tanto... constrangido, sabe?

Surpreso com tamanha franqueza, Alfonso sorriu:

— Obrigado pela sinceridade, Helmut. Isso facilita as coisas, para nós. — Após uma pausa, indagou: — Como vão você e Christine?

—  Muito bem. Somos felizes, sabe?

—  Ótimo. Faço votos que continuem assim.

—  Obrigado.

O silêncio caiu entre ambos. E Helmut foi o pri­meiro a quebrá-lo.

— A que devo sua visita?

Alfonso fitou-o atentamente. Por mais que ten­tasse, não conseguia ver, em Helmut, um homem feliz. Havia angústia demais, em seus olhos negros.

—  Serei claro e direto, Helmut.

—  Sim?

— Você sabe que, há alguns anos, eu e Christine fizemos vários exames, sob sua recomendação. — Um tanto irônico, Alfonso acrescentou: — Ora, é claro que se lembra disso. Como poderia esquecer, se foi quando conheceu a mulher de sua vida?