Fanfic: Disputa Acirrada ⋆ Vondy | Tema: RBD - DyC / Vondy

Era como se tudo ao redor estivesse me dizendo que ali não era o meu lugar. As escadas congestionadas, aquele alvoroço de clientes briguentos, e o ar - uma mescla de suor, sangue e mofo. As vozes viravam borrões enquanto as pessoas gritavam números e nomes, num constante vai-e-vem, acotovelando-se para trocar dinheiro e gesticulando para se comunicar em meio a tanto barulho. Passei espremida pela multidão, logo atrás da minha melhor amiga.
— Mantenha o dinheiro na carteira, Dulce! — Maite gritou para mim.
Seu largo sorriso reluzia mesmo sob aquela fraca iluminação.
— Fiquem por perto! Vai ficar pior assim que começar! — Fercho avisou bem alto para ser ouvido.
Maite segurou a mão dele e depois a minha, enquanto Fercho nos guiava em meio àquele mar de gente.
O som agudo de um megafone cortou o ar repleto de fumaça. O ruído me deixou alarmada. Tive um sobressalto e comecei a procurar de onde vinha aquela rajada sonora. Um jovem estava em pé sobre uma cadeira de madeira, com um rolo de dinheiro em uma das mãos e o megafone na outra, colado à boca.
— Sejam bem-vindos ao banho de sangue! Se estão em busca de uma aula de economia... estão no lugar errado, seus otários! Mas se buscam algo mais, aqui é o lugar! Meu nome é Adam. Sou eu que faço as regras e convoco as lutas. As apostas terminam assim que os oponentes estiverem no chão. Nada de encostar nos lutadores, nem ajudar, nem mudar a aposta no meio da luta, muito menos invadir o ringue. Se quebrarem essas regras, vocês serão esmagados, espancados e jogados pra fora sem nenhum dinheiro e isso vale pra vocês também, meninas. Então, não usem suas putas para fraudar o sistema, caras!
Fercho balançou a cabeça.
— Que é isso, Adam! — ele gritou para o mestre de cerimônias, em clara desaprovação à escolha de palavras do amigo.
Meu coração batia forte dentro do peito. Com um cardigã de cashmere vermelho, me sentia no lugar errado. Eu havia prometido a Maite que conseguiria lidar com o que quer que acontecesse com a gente, mas, naquele lugar imundo, senti uma necessidade urgente de agarrar seu braço magro com ambas as mãos. Eu não a colocaria em perigo, mas estar em um porão com mais ou menos cinquenta universitários bêbados, sedentos por sangue e dinheiro... Bem, eu não estava exatamente confiante quanto às nossas chances de sair dali ilesas.
Depois que conhecemos Fercho durante a recepção aos calouros, com frequência o acompanhávamos às lutas secretas que aconteciam em diferentes porões da Universidade Eastern. Cada evento era realizado em um local diferente, que permanecia secreto até exatamente uma hora antes da luta. Como ela frequentava círculos bem mais comportados, ficara surpresa ao tomar conhecimento do submundo da Eastern; mas Fercho já sabia daquele mundo antes mesmo de ter se juntado a ele. Christopher, o primo e colega de quarto dele, participara de sua primeira luta sete meses atrás. Como calouro, os rumores diziam que ele era o competidor mais letal que Adam tinha visto nos três anos desde a criação do Círculo. Quando começou o segundo ano, Christopher era imbatível. Juntos, ele e Fercho pagavam o aluguel e as contas com o que ganhavam nas lutas, fácil, fácil.
Adam levou o megafone à boca de novo, e os gritos e movimentos aumentaram em um ritmo febril.

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